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06/02/2002 - 18h04

"Heaven", com Cate Blanchett, abre o festival de Berlim

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da France Presse, em Berlim

"Heaven", primeira produção internacional ao estilo "americano" do cineasta alemão Tom Tykwer, inspirada em um roteiro deixado pelo diretor polonês Krzystof Kieslowski quando morreu em 1996, abriu esta quarta-feira com tímidos aplausos a 52ª edição o Festival Internacional de Cinema de Berlim.

A história de uma professora de inglês que mata involuntariamente quatro pessoas em um frustrado atentado contra um alto executivo que controla o narcotráfico no norte da Itália foi protagonizada por Cate Blanchett e Giovanni Ribisi, e filmada em românticos cenários naturais do Piamonte e da Toscana.

"Mergulhei no roteiro como se fosse meu", afirmou o diretor na entrevista coletiva depois da exibição para a imprensa. "Tinha a forte impressão de que estava relacionado com temas que eu tinha abordado até agora em meus filmes, embora de uma maneira para mim desconhecida. Esse era o desafio que eu queria assumir", acrescentou.

A casualidade parece ser a grande aliada de Tykwer, que já filmou cinco longas, entre eles "Lola Rennt" (1998), com grande sucesso de bilheteria na Alemanha e parcialmente nos Estados Unidos.

Nascido em 1965 na cidade industrial de Wuppertal (na bacia do Ruhr), Tykwer, um visionário do novo cinema alemão e um apaixonado admirador dos filmes de terror e de King Kong, rodou aos 11 anos "remakes" de suas fitas preferidas com uma câmara Super 8.

Recusado como aluno em diversas escolas de cinema da Alemanha, o diretor autodidata se radicou em Berlim, mais exatamente no distrito de Kreuzberg, o de maior densidade de artistas e imigrantes estrangeiros entre os 3 milhões de habitantes da capital alemã, para desenvolver a programação de um grupo de apaixonados por cinema denominado "Movimento", e fundar a empresa produtora "X-Filme Creative Pool".

A casualidade impede, por exemplo, de saber de antemão o final de cada um dos filmes de Tykwer. O espectador fica com a impressão de que o começo do filme foi também uma casualidade, mesmo quando ocorre uma catástrofe como em "Heaven", distribuído pela americana Miramax.

Os personagens de seus filmes parecem se ver forçados e depois redimidos pelo destino; um paradoxo no qual somente parece acreditar um romântico como o diretor alemão.

São esses detalhes supostamente intranscendentes que revelam a essência teológica da obra de Tykwer e os que parecem mediar nessa ambivalência que mostra sua concepção de vida.

Embora se sinta submerso em um mundo ateísta, não pode ocultar os efeitos de "uma mão invisível e mágica que o dirige" e que ajuda suas criaturas a darem uma virada em seu destino e encontrarem uma saída no beco sem saída em que se acham.

"Estou numa permanente busca de um contexto formal que me ajude a tirar minhas idéias do isolamento privado", afirmou Tykwer. Em "Lola Rennt" o cineasta levou à sua máxima expressão esse formalismo e por essa razão desde então não pararam de chover sobre sua mesa de trabalho roteiros enviados por estúdios cinematográficos americanos.

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