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13/02/2002
-
10h08
SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo
O Brasil ficou fora da disputa, e a Argentina emplacou seu representante. A Índia garantiu um lugar, não com o premiado "Um Casamento à Indiana", de Mira Nair, mas com "Lagaan", de Ashutosh Gowariker. A Noruega surgiu com "Elling", de Petter Naess. E o bósnio "Terra de Ninguém", de Danis Tanovic, confirmou sua esperada participação.
Num ano em que a vitória francesa são favas contadas, as surpresas do Oscar de melhor filme estrangeiro concentraram-se ontem, no anúncio dos quatro títulos que irão perder para "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain".
Além de honrosa -não há constrangimento em ser ultrapassado por um filme-acontecimento (mais de 8 milhões de espectadores na França)- a derrota já terá rendido bons dividendos antes de consumar-se. A simples indicação, como se sabe, é capaz de alavancar bilheterias e carreiras.
Em Cuba, onde prepara seu próximo filme, baseado na trajetória juvenil de Che Guevara, Walter Salles comentou a não-indicação de "Abril Despedaçado", por meio de sua assessoria.
"Este é um ano excepcionalmente competitivo, e sabíamos que a indicação era incerta, por mais que o filme tenha sido indicado pelo National Board Review, Globo de Ouro e Bafta. De qualquer forma, tenho a impressão de que, com o prêmio de Beto Brant em Sundance (melhor filme latino, "O Invasor") e as boas surpresas que talvez venham de Cannes, esse ainda será um grande ano para o cinema brasileiro."
"O Filho da Noiva" ficou entre as dez maiores bilheterias argentinas em 2001. Dirigido por Juan José Campanella, tem Ricardo Darín ("Nove Rainhas") no papel principal -o de um dono de restaurante que não consegue dar atenção ao pai (Héctor Alterio), à mãe, doente de Alzheimer (Norma Aleandro), à filha e à namorada, até que um acontecimento dramático o faz mudar. Pode não parecer, mas é uma comédia.
"Terra de Ninguém", em cartaz no Brasil, também usa o humor para tratar de uma fronteira étnica e ética. Um soldado bósnio e um sérvio dividem a mesma trincheira na guerra da Iugoslávia.
"Lagaan" opta pela metáfora do jogo ao tratar de outro embate. Ao reclamar dos pesados impostos, uma comunidade indiana é desafiada por oficial britânico a uma partida de críquete. Segundo o resultado, a taxa será suspensa por três anos ou triplicada.
No fim de seus respectivos tratamentos psiquiátricos, o "Elling" do título e o amigo Kjell dividem um apartamento e tentam ajudar-se na preparação da volta ao mundo exterior. Sobre "Amélie Poulain", de Jean-Pierre Jeunet, tudo já foi dito e repetido.
Concorrentes estrangeiros ao Oscar têm surpresas e "barbada"
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da Folha de S.Paulo
O Brasil ficou fora da disputa, e a Argentina emplacou seu representante. A Índia garantiu um lugar, não com o premiado "Um Casamento à Indiana", de Mira Nair, mas com "Lagaan", de Ashutosh Gowariker. A Noruega surgiu com "Elling", de Petter Naess. E o bósnio "Terra de Ninguém", de Danis Tanovic, confirmou sua esperada participação.
Num ano em que a vitória francesa são favas contadas, as surpresas do Oscar de melhor filme estrangeiro concentraram-se ontem, no anúncio dos quatro títulos que irão perder para "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain".
Além de honrosa -não há constrangimento em ser ultrapassado por um filme-acontecimento (mais de 8 milhões de espectadores na França)- a derrota já terá rendido bons dividendos antes de consumar-se. A simples indicação, como se sabe, é capaz de alavancar bilheterias e carreiras.
Em Cuba, onde prepara seu próximo filme, baseado na trajetória juvenil de Che Guevara, Walter Salles comentou a não-indicação de "Abril Despedaçado", por meio de sua assessoria.
"Este é um ano excepcionalmente competitivo, e sabíamos que a indicação era incerta, por mais que o filme tenha sido indicado pelo National Board Review, Globo de Ouro e Bafta. De qualquer forma, tenho a impressão de que, com o prêmio de Beto Brant em Sundance (melhor filme latino, "O Invasor") e as boas surpresas que talvez venham de Cannes, esse ainda será um grande ano para o cinema brasileiro."
"O Filho da Noiva" ficou entre as dez maiores bilheterias argentinas em 2001. Dirigido por Juan José Campanella, tem Ricardo Darín ("Nove Rainhas") no papel principal -o de um dono de restaurante que não consegue dar atenção ao pai (Héctor Alterio), à mãe, doente de Alzheimer (Norma Aleandro), à filha e à namorada, até que um acontecimento dramático o faz mudar. Pode não parecer, mas é uma comédia.
"Terra de Ninguém", em cartaz no Brasil, também usa o humor para tratar de uma fronteira étnica e ética. Um soldado bósnio e um sérvio dividem a mesma trincheira na guerra da Iugoslávia.
"Lagaan" opta pela metáfora do jogo ao tratar de outro embate. Ao reclamar dos pesados impostos, uma comunidade indiana é desafiada por oficial britânico a uma partida de críquete. Segundo o resultado, a taxa será suspensa por três anos ou triplicada.
No fim de seus respectivos tratamentos psiquiátricos, o "Elling" do título e o amigo Kjell dividem um apartamento e tentam ajudar-se na preparação da volta ao mundo exterior. Sobre "Amélie Poulain", de Jean-Pierre Jeunet, tudo já foi dito e repetido.
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