Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
18/07/2000 - 04h31

Ídolo do pop argentino é "santificado" por seus fãs

Publicidade

GUSTAVO CHACRA, da Folha de S.Paulo

Morto em um acidente de carro em 24 de junho passado, aos 27 anos, o cantor argentino Rodrigo Bueno está sendo "santificado" pelos seus fãs.
No local do acidente, em estrada que liga Buenos Aires a La Plata, foi construído um santuário, ao qual adolescentes, seu público-alvo, levam velas diariamente.

O fanatismo por Bueno chegou ao extremo quando, no mês passado, quatro meninas se suicidaram após a sua morte.

Rodrigo virou até "anjo". "Santinhos" têm sido vendidos nas bancas, a cinco pesos (US$ 5), junto com uma "biografia não-autorizada de Rodrigo".
"O santinho que vai mudar sua vida", como promete a propaganda, traz a "Oração ao Anjo Rodrigo", que pede que a alma do cantor ajude a levar felicidade aos desamparados.

As estampas trazem a foto do cantor e a legenda "Deus escolhe almas santas para santificar o céu". Uma frase, atribuída à mãe do cantor, recomenda, na capa da revista: "Peçam o que queiram e Rodrigo o concederá".

A "santificação de Rodrigo" já está sendo comparada à da ex-primeira-dama Evita Perón e à do cantor de tango Carlos Gardel pela imprensa argentina.

Mas Bueno nunca foi conhecido internacionalmente, como Gardel, cujos tangos são tocados em todo o mundo até hoje, e como Evita, uma das mulheres mais carismáticas da história do país. Bueno era famoso apenas na Argentina, e mesmo no país o seu sucesso é recente -durante 13 anos ficou restrito a sua cidade natal, Córdoba.

O "fenômeno Rodrigo", como é chamada a rápida ascensão do cantor, começou em janeiro. Com a canção "Soy Cordobês", Bueno conseguiu se tornar o cantor mais ouvido em todo o país.

Seus shows lotavam o Luna Park, principal casa de shows em Buenos Aires, e sua presença era constante em programas de TV. O novo ídolo pop era capa de revistas de comportamento praticamente toda semana.

A "Notícias", principal revista semanal da Argentina, tentou explicar o fenômeno. Sua conclusão foi que a mídia estava por trás do sucesso repentino e que, em pouco tempo, Bueno cairia no esquecimento -o que realmente estava acontecendo nas semanas anteriores a sua morte.

A imprensa voltou a falar do cantor somente apenas após o acidente, quando começou a se perguntar se o cantor teria sido somente um modismo -o fanatismo demonstrava o contrário.

Cerca de 500 mil CDs foram vendidos, dando um faturamento de US$ 5 milhões para a sua gravadora.

Maradona, um de seus maiores fãs, fez questão de vir à Argentina para o enterro de Bueno. E, antes de voltar para Cuba, disse que, após a morte de Bueno, a sua imagem da Argentina passou a ser a de um país triste.
Agora a imprensa do país quer saber até quando durará o fenômeno
do "santo Rodrigo".

Clique aqui para ler mais de Ilustrada na Folha Online

Discuta esta notícia nos Grupos de Discussão da Folha Online
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página