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14/03/2002 - 04h30

Projeto artecidadezonaleste começa no próximo sábado

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FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo

Um "acidente" provocou, ontem pela manhã, o engavetamento de seis vagões de um trem da RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.), no pátio Engenheiro São Paulo, às margens da Radial Leste, em São Paulo.

Os vagões chegaram a ficar suspensos 30º acima do solo. Não houve feridos e o motivo da colisão ainda é desconhecido. Segundo o arquiteto Álvaro Razuk, que chefiou as operações no local, "a culpa não é do maquinista".

O "choque" foi, na verdade, provocado pelo artista plástico José Resende, que iniciou ontem a instalação da obra mais complexa de sua carreira. Com o auxílio de um guindaste, seis vagões -cada um pesando 20 toneladas- estavam sendo empilhados, provocando a simulação de um acidente.

A obra é parte integrante do artecidadezonaleste, que é inaugurado no próximo sábado, e visa criar intervenções artísticas no espaço urbano. Esta é a quarta edição do projeto, todas com curadoria de Nelson Brissac.

"Quanto maior é a fantasia, melhor é a eficácia do trabalho. Creio que as obras não devam ter uma relação direta com a cidade, só assim elas assumem sua dimensão correta", diz Resende, 57.

O artista acompanhou, ontem de manhã, a montagem da obra, que envolveu três instituições, públicas e privadas, vinculadas ao transporte ferroviário: a RFFSA, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), e a MRS Logística. Todas sob a coordenação de Álvaro Razuk. Os seis vagões ficarão suspensos sobre os trilhos criando o formato de três letras "v" e estarão visíveis para os motoristas e transeuntes que passarem pela Radial Leste.

O projeto Arte/Cidade tem como uma de suas principais características ampliar os limites da criação artística, mantendo-se fora de espaços institucionais da arte, como galerias e museus. "Com esse descompromisso, o projeto é uma verdadeira terapia para o artista; já disse ao Brissac, que o papel dele é mais de terapeuta do que de curador", diz Resende. Nesta edição, 11 artistas preparam intervenções em áreas da zona leste da cidade e outros 15 na Torre Leste do Sesc Belenzinho.

Em se falando de terapia, no caso de Resende sua obra pode ser vista como a realização de um desejo de infância. "Não brinquei com trenzinhos de ferro quando criança, estou superando um trauma", afirma em tom irônico.

O processo de montagem torna-se tão interessante quanto a obra em si. "O que se observa é uma verdadeira performance em grande escala", diz Resende. A operação pode ser acompanhada até o próximo sábado.

Não é a primeira vez que o artista realiza uma obra pública desta dimensão. Na Bienal de Sydney, de 98, sete contêineres eram manipulados por um guindaste na frente da famosa casa de ópera australiana. No ano passado, na Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, Resende fez uma cerca de 300 metros de comprimento boiar no rio Guaíba.

A complexa operação da nova obra só ocorreu graças ao guindaste American, da CPTM, o único que presta socorro em casos de acidentes. Se algum ocorresse nestes dias, a montagem poderia atrasar. O alívio foi geral, quando ele chegou na madrugada de ontem. "God bless the American", brincou Razuk .




Artecidadezonaleste
Mostra com 26 intervenções de artistas nacionais e internacionais na região leste de SP
Curadoria: Nelson Brissac
Onde: Torre Leste do Sesc Belenzinho (av. Álvaro Ramos, 991) e outros oito locais, inf. pelo tel. 0800/771-1132
Quando: abertura sábado, na Torre Leste, às 11h; de ter. a sex., das 14h às 21h; sáb. e dom., das 10h às 17h. Até 30/ 4
Quanto: entrada franca
Patrocínio: Petrobrás

 

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