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20/03/2002
-
04h22
VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo
A prometida volta do Rio Cena Contemporânea, pela prefeitura, eleva para sete os festivais que compõem o circuito de teatro no país). Com exceção de Curitiba, os demais nasceram da iniciativa pública: Londrina, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e São José do Rio Preto.
Há orçamentos que ultrapassam a projeção de R$ 1,5 milhão para o Festival de Teatro de Curitiba deste ano. Caso do Festival Internacional de Teatro, Palco e Rua de Belo Horizonte e do Porto Alegre em Cena, que prevêem custos na casa dos R$ 2 milhões.
A noção de evento público implica preocupação dos organizadores com a formação de espectadores e artistas locais. O veterano Festival Internacional de Teatro de Londrina, criado há 35 anos, é o que se coloca de forma mais radical nessa perspectiva.
Há três anos sob o slogan "Por uma Cultura da Paz", o Filo leva oficinas e espetáculos aos "excluídos", como afirma sua diretora artística Nitis Jacon, 66. Podem ser moradores da periferia, mulheres marginalizadas, presidiários, menores de rua etc. Tudo paralelo aos espetáculos.
Em Belo Horizonte, a descentralização do acesso ao teatro passa pela concepção do evento, que ocupa palcos, espaços não-convencionais e sobretudo ruas e praças. O diretor-geral do FIT-BH, Carlos Rocha, 49, diz que a abertura do evento acontece sempre ao ar livre, como em 96, quando um espetáculo espanhol atraiu cerca de 20 mil pessoas, recorde de público para teatro na cidade, à praça da Estação, no centro.
Desde o ano passado, o Porto Alegre em Cena estende a programação do festival às 16 regiões do orçamento participativo. Segundo o coordenador Marcos Barreto, 43, faz parte da política de popularização do teatro a manutenção do ingresso a R$ 5, preço também praticado em Belo Horizonte. As apresentações em ruas e praças são sempre gratuitas.
Porto Alegre deve ser beneficiada ainda pela "concorrência". O ex-diretor-geral do festival Luciano Alabarse, desligado no ano passado, promete levar produções internacionais e nacionais para a cidade. Ele pretende montar projetos nas áreas de dança e teatro.
O Festival Recife do Teatro Nacional tenta "premiar" a população e os artistas do município com "a essência e a excelência" da cena brasileira contemporânea, afirma o coordenador do evento, Albemar Araújo, 50. Ele destaca a continuidade do projeto independente dos ventos políticos. O festival nasceu na administração do PFL e segue na do PT.
Nos últimos meses, alguns organizadores se reuniram para estudar co-produções de espetáculos internacionais com o intuito de baratear os custos. Belo Horizonte e Porto Alegre avançam mais nas afinidades. A conjugação do calendário (agosto e setembro) colabora para as parcerias que ainda não foram firmadas, diz Barreto, mas são dadas como certas.
"A idéia é preservar a identidade de cada festival, condicionando o intercâmbio de espetáculos a 30%", diz Rocha, do FIT-BH. "Com esses acordos entre os Estados, fica melhor negociar o cachê, o transporte de cargas, e as companhias estrangeiras gostam de circular mais pelo país."
Em São José do Rio Preto (SP), a prefeitura e o Sesc buscam um conceito diferencial na experimentação cênica e nos espaços alternativos, afirma o consultor Ricardo Fernandes, 42.
Para o presidente do Instituto Municipal de Arte e Cultura, o RioArte, Fábio Ferreira, 35, o país não dispõe de política nacional para festivais de artes cênicas.
"No Brasil, a maior parte da população conhece o teatro por meio da teledramaturgia. Daí a importância dos festivais para a formação do espectador condicionado à televisão", diz Ferreira, um dos idealizadores do Rio Cena Contemporânea, interrompido em 96. "Sem polarizar, queremos dar ao carioca a alternativa da cena e da dramaturgia."
Circuito de festivais de teatro inclui sete cidades
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da Folha de S.Paulo
A prometida volta do Rio Cena Contemporânea, pela prefeitura, eleva para sete os festivais que compõem o circuito de teatro no país). Com exceção de Curitiba, os demais nasceram da iniciativa pública: Londrina, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e São José do Rio Preto.
Há orçamentos que ultrapassam a projeção de R$ 1,5 milhão para o Festival de Teatro de Curitiba deste ano. Caso do Festival Internacional de Teatro, Palco e Rua de Belo Horizonte e do Porto Alegre em Cena, que prevêem custos na casa dos R$ 2 milhões.
A noção de evento público implica preocupação dos organizadores com a formação de espectadores e artistas locais. O veterano Festival Internacional de Teatro de Londrina, criado há 35 anos, é o que se coloca de forma mais radical nessa perspectiva.
Há três anos sob o slogan "Por uma Cultura da Paz", o Filo leva oficinas e espetáculos aos "excluídos", como afirma sua diretora artística Nitis Jacon, 66. Podem ser moradores da periferia, mulheres marginalizadas, presidiários, menores de rua etc. Tudo paralelo aos espetáculos.
Em Belo Horizonte, a descentralização do acesso ao teatro passa pela concepção do evento, que ocupa palcos, espaços não-convencionais e sobretudo ruas e praças. O diretor-geral do FIT-BH, Carlos Rocha, 49, diz que a abertura do evento acontece sempre ao ar livre, como em 96, quando um espetáculo espanhol atraiu cerca de 20 mil pessoas, recorde de público para teatro na cidade, à praça da Estação, no centro.
Desde o ano passado, o Porto Alegre em Cena estende a programação do festival às 16 regiões do orçamento participativo. Segundo o coordenador Marcos Barreto, 43, faz parte da política de popularização do teatro a manutenção do ingresso a R$ 5, preço também praticado em Belo Horizonte. As apresentações em ruas e praças são sempre gratuitas.
Porto Alegre deve ser beneficiada ainda pela "concorrência". O ex-diretor-geral do festival Luciano Alabarse, desligado no ano passado, promete levar produções internacionais e nacionais para a cidade. Ele pretende montar projetos nas áreas de dança e teatro.
O Festival Recife do Teatro Nacional tenta "premiar" a população e os artistas do município com "a essência e a excelência" da cena brasileira contemporânea, afirma o coordenador do evento, Albemar Araújo, 50. Ele destaca a continuidade do projeto independente dos ventos políticos. O festival nasceu na administração do PFL e segue na do PT.
Nos últimos meses, alguns organizadores se reuniram para estudar co-produções de espetáculos internacionais com o intuito de baratear os custos. Belo Horizonte e Porto Alegre avançam mais nas afinidades. A conjugação do calendário (agosto e setembro) colabora para as parcerias que ainda não foram firmadas, diz Barreto, mas são dadas como certas.
"A idéia é preservar a identidade de cada festival, condicionando o intercâmbio de espetáculos a 30%", diz Rocha, do FIT-BH. "Com esses acordos entre os Estados, fica melhor negociar o cachê, o transporte de cargas, e as companhias estrangeiras gostam de circular mais pelo país."
Em São José do Rio Preto (SP), a prefeitura e o Sesc buscam um conceito diferencial na experimentação cênica e nos espaços alternativos, afirma o consultor Ricardo Fernandes, 42.
Para o presidente do Instituto Municipal de Arte e Cultura, o RioArte, Fábio Ferreira, 35, o país não dispõe de política nacional para festivais de artes cênicas.
"No Brasil, a maior parte da população conhece o teatro por meio da teledramaturgia. Daí a importância dos festivais para a formação do espectador condicionado à televisão", diz Ferreira, um dos idealizadores do Rio Cena Contemporânea, interrompido em 96. "Sem polarizar, queremos dar ao carioca a alternativa da cena e da dramaturgia."
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