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25/03/2002 - 16h58

Britânicos apostam no soul brasileiro dos anos 70

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da BBC

Duas coletâneas de música brasileira compiladas por DJs ingleses acabam de chegar às lojas britânicas.

Em comum, os álbuns, lançamentos dos selos Mr. Bongo e Strut, revelam uma tendência de recuperar raras gravações do samba-funk, do funk e do soul brasileiros da década de 70.

Entre as faixas selecionadas estão União Black, da banda Black Rio, Comanche, de Jorge Ben, Podes Crer, Amizade, de Toni Tornado, e Não Adianta, do Trio Mocotó.

Um outro selo, Whatmusic.com, lançou na Grã-Bretanha dois álbuns de samba-funk da banda carioca Copa 7.

Novas possibilidades

Brazilian Beats 3, do selo Mr. Bongo

O DJ Cliffy, que compilou o álbum Black Rio, do selo Strut, disse, no entanto, que apesar do interesse dos selos britânicos pelo funk brasileiro, o público estrangeiro não cansou da bossa nova.

"Não acho que os ingleses estão cansados da bossa nova, que continua ganhando espaço para a música brasileira no exterior. A idéia aqui é mostrar outras possibilidades da música brasileira", disse o DJ.

"O funk é mais fácil de vender, porque muita gente já gosta de funk. Então, essas músicas que estamos lançando têm um apelo universal. Assim, fica mais fácil atingir uma fatia diferente do mercado, que não pode ser atingida pela bossa nova ou pela MPB."

A compilação de Cliffy leva o título de Black Rio: Brazil Soul Power 1971 - 1980. Ele explica que a maioria das faixas não chegou a ser muito conhecida na época em que foi lançada.

"Algumas coisas que saíram em compacto, por exemplo, o lado B de um compacto que ninguém comprou, que vendeu mil cópias no ano em que foi lançado, em 73. São músicas esquecidas."

"Claro, também há coisas mais conhecidas, como músicas de Jorge Ben, Gerson King Combo e banda Black Rio."

Black Rio, lançamento Strut
O soul brasileiro também invade as pistas de dança britânicas. Ele está presente nas noites Batmacumba, evento mensal organizado pelo DJ Cliffy no ICA - Institute of Contemporary Arts - em Londres. E também agita a pista do Notting Hill Arts Center, no oeste da cidade.

Ginga brasileira

A compilação Brazilian Beats 3, que saiu na Grã-Bretanha pelo selo Mr. Bongo, reúne faixas antigas e também material mais atual.

Ainda assim, as faixas contemporâneas, assinadas por artistas como Max de Castro e Jairzinho Oliveira, têm um clima retrô, inspirado pelo samba funk e o soul dos anos 70.

Dave Bongo, o dono do selo, disse que o funk que se fazia no Brasil naquela época tinha identidade própria.

"O funk brasileiro tinha mais suingue. Tinha mais instrumentos de percussão, como cuíca, pandeiro e surdo. E o som dos metais no funk brasileiro era bastante diferente", diz.

"Os arranjos para metais que bandas como a Black Rio faziam eram diferentes daqueles usados na banda de James Brown, por exemplo. Eles encontraram um som único", diz Bongo. "Foram revolucionários. E colocaram sua própria marca no funk dos anos 70."

"Bluey, da banda Incognito, me disse que costuma copiar os arranjos de metais do Black Rio e usá-los na banda dele."

Repercussões

O interesse dos selos britânicos pelo funk anos 70 do Brasil deve render dividendos. Dave Bongo calcula que Brazilian Beats 3 deva vender entre 25 a 30 mil cópias. E o DJ Cliffy acha que o selo Strut não espera muito menos.

"Entre 15 e 20 mil cópias, eu imagino", diz Cliffy.

Números pequenos para os padrões da música pop, mas significativos no mercado alternativo.

Lançamentos como esses acabam repercutindo no Brasil.

"Recentemente, tem havido muitos relançamentos desse material no Brasil. Os selos brasileiros estão relançando discos originais em CD, algo que não acontecia antes", diz.

"Por exemplo, o disco antigo do Gerson King Combo foi relançado. Eles ficam sabendo dessas ondas fora do Brasil e pensam 'nossa, esses caras estão gostando tanto da nossa música, deve ter alguma coisa boa aqui'."
 

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