Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
27/03/2002 - 04h38

Comunitárias querem se unir a comerciais; já o inverso...

Publicidade

LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

É a polêmica do momento. Rádios comunitárias estão querendo fazer parte da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV), entidade que reúne FMs e AMs comerciais.

O assunto pegou fogo na última reunião entre a Abert e as associações estaduais, em Brasília.

Por que tanta confusão? Porque comunitárias se confundem com piratas, o maior horror para o setor, já que dão interferência no sinal das comerciais e entram na disputa com elas por anunciantes.

As rádios que estão procurando a Abert são pequenas emissoras que conseguiram autorização do governo para operar. São obrigadas a transmitir em baixa potência, cobrindo uma área restrita, e não podem ter fins lucrativos.

No Brasil, existem 1.172 rádios comunitárias autorizadas. Segundo o Ministério das Comunicações, 940 emissoras têm autorização provisória e 232 já possuem concessão. E ainda há cerca de 7.000 pedidos em tramitação.

Ao tentar fazer parte da Abert, a intenção das comunitárias é justamente deixar clara a diferença entre elas e as piratas. Além disso, querem aproveitar a força representativa que a entidade possui.

Mas não é um casamento simples. Há uma ala da Abert que acha a idéia um absurdo. Na reunião, frases como "vamos nos unir aos bandidos?" davam o tom da opinião de alguns representantes da associações regionais.

A grave crise financeira no setor, com queda de faturamento e de participação no bolo publicitário em 2001, é uma das razões dessas reações indignadas.

Mas outros empresários acreditam que, como parece impossível evitar o crescimento desse tipo de emissora, é melhor tê-las por perto e usá-las contra as piratas.

Além disso, o próprio estatuto da Abert e os de muitas regionais obrigariam as associações a aceitar as comunitárias. Essas, se quiserem, podem tentar se afiliar na marra, entrando na Justiça.

Por isso, quem não quer conversa com as comunitárias já está tratando de fazer alterações às pressas em suas normas internas.

Mas ainda há a questão da coerência do discurso. A Abert publicou os "12 mandamentos" sobre rádios piratas. O terceiro diz: "Os radiodifusores devem agir em suas localidades sistematicamente evitando a instalação e proliferação das rádios clandestinas, bem como APOIANDO O RADIODIFUSOR COMUNITÁRIO idôneo e legalmente instalado".

Vai ser uma briga boa. Tanto que a votação foi adiada e só deve ocorrer quando a Abert convocar assembléia geral. Alguém já foi a reunião de condomínio? Então pode imaginar o que será isso...
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página