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27/03/2002 - 13h46

Companhias brasileiras de teatro participam de festival em Cabo Verde

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da Agência Lusa, na Cidade da Praia

A edição deste ano do Mindelact - Festival Internacional de Teatro do Mindelo, de Cabo Verde, vai reforçar a sua programação, e deverá reunir grupos de quase todos os países de língua portuguesa.

Para o 8º festival, que este ano acontece de 11 a 22 de setembro, está prevista a presença de companhias de Portugal, Brasil, Angola, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, além do país anfitrião.

A aposta é no reforço da vertente lusófona e no número de espetáculos, devido ao fato da cidade do Mindelo ser considerada a capital lusófona da cultura, pela Uccla (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa) por um ano.

"Já foi feita uma intervenção direta na nossa rede de contatos perante a possibilidade do Mindelo ser a capital Lusófona da Cultura, para pensar numa programação o mais rica possível, principalmente ao nível dos participantes", explicou à Agência Lusa o encenador João Branco, presidente da associação Mindelact.

A ausência de Moçambique, único país lusófono que não enviou participantes, é justificada por Branco com o fato do Mindelact não dispor de interlocutores no país.

Outro problema é o fato dos grupos de Moçambique quando apresentam espetáculos no exterior "partem já com tudo pago", e os participantes no Mindelact tem que procurar apoio para estar presentes.

João Branco diz acreditar que serão criadas as condições para que o festival de Cabo Verde possa acolher espetáculos teatrais de Moçambique.

A organização do Mindelact 2002 já convidou para participar as companhias brasileiras "Fábrica de São Paulo" e a de Nelson Xavier, bem como as portuguesas "Art'Imagem" (com um espetáculo móvel dentro de um ônibus) e a de Filipe Crawford.

De Angola poderá estar presente a companhia "Elinga", dirigida por José Mena Abrantes, ou uma co-produção envolvendo vários grupos do país. De São Tomé e Príncipe uma co-produção de um espectáculo do Museu do Pau Preto, do Miguel Hurst. Da Guiné- Bissau o grupo de teatro "Lanta", que mesmo num país em guerra conseguiu manter uma atividade regular.

Outras presenças estrangeiras em perspectiva são a "Companhia Sem Palavras", de Marcelo N'Dong, da Guiné Equatorial, e a francófona "Dôs à Deux".

Nesta edição é reforçada a colaboração com o Festival Del Sur, das Ilhas Canárias, que em 2001 permitiu a apresentação no Mindelo do espetáculo de mímica de Marcelo N'Dong.

Está também em perspectiva na edição deste ano a apresentação de espectáculos em espaços distintos, em repetição, para poder atender à crescente procura do público e rentabilizar a viagem das companhias estrangeiras.

Antes concretizar essa intenção o Mindelact necessita reforçar os seus equipamentos técnicos, e isso dependerá dos apoios institucionais e de parceiros portugueses.

"Este ano a filosofia é conseguirmos aproveitar ao máximo as boas idéias do ano passado. Ter teatro em vários períodos do dia e para diferentes tipos de público. Começando com o teatro para a infância de tarde, os grandes espetáculos no início da noite e o Festival Off a seguir", explicou João Branco à Agência Lusa.

O teatro para a infância foi introduzido na edição de 2001, e o êxito alcançado levou a organização a repeti-lo este ano, e a tentar reforçá-lo. Para apresentar em setembro está prevista uma nova peça de teatro de marionetes pelo grupo do Centro Cultural Português do Mindelo.

O "Festival Off", com o subtítulo "Uma mesa e duas cadeiras", foi iniciado em 2001. Com pequenas peças com duração não superior a 25 minutos, foi um espaço de experimentação teatral. João Branco crê que para a edição deste ano, que terá como cenário "Candeeiro de Rua e Banco de Jardim", será necessário fazer uma seleção, em virtude do número de intenções já expressas.

"Há pessoas que não trabalham em teatro, outros que trabalham em grupos mas querem fazer um trabalho independente, e grupos menores que querem aproveitar a oportunidade para estar presentes no festival", declarou.

Na edição deste ano será estreada uma nova peça encenada por João Branco para o grupo do Centro Cultural Português do Mindelo. Será a reedição de uma dupla com o escritor e músico Mário Lúcio de Sousa, depois de "Adão e as Sete Negras de Fuligem", apresentada no ano passado no "Porto - Capital Européia da Cultura" e num festival em Roterdã, na Holanda.

"Salon", um inédito de Mário Lúcio de Sousa, recria o ambiente de um salão de cabeleireira num final de tarde de sábado, quando as senhoras cabo-verdianas se preparam para o fim de semana, e desenvolvem os mais hilariantes diálogos.

O Mindelact tem em perspectiva, nesta edição ou na próxima, o lançamento do livro "Teatro Nação", que reunirá seletivamente o muito que se tem produzido sobre teatro em Cabo Verde, especialmente nos últimos dez anos.

"O material existe, é só trabalhá-lo, escolher os textos, seguir a ordem do tratamento dos temas, e tratar a base enorme de dados do teatro em Cabo Verde", disse João Branco, frisando que isso dependerá da adesão do Ministério da Educação, pois será uma obra direcionada para as escolas.

A obra reunirá testemunhos de personalidades selecionadas e referência aos espaços físicos existentes, aos grupos de teatro, às produções apresentadas, às ações de formação realizadas, e às participações em eventos internacionais.

"Dará uma visão geral da dinâmica teatral em Cabo Verde e tem um objetivo essencialmente pedagógico. Não é bem uma história, mas dá uma visão histórica", disse o presidente do Mindelact.

Com a edição de 2002, os organizadores pretendem reforçar o estatuto de "maior evento de teatro de toda a África lusófona e um dos maiores do continente africano".

"Continuar a procurar uma programação cada vez mais equilibrada, e baseada em pressupostos fundamentais como a qualidade e a diversidade das propostas, o número de países participantes e uma representação nacional selecionada com rigor e isenção", concluíram os membros do Mindelact.


 

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