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07/04/2002
-
09h20
JOÃO BATISTA NATALI
da Folha de S.Paulo
A Orquestra Sinfônica Municipal fará hoje e amanhã o primeiro programa da temporada sob a regência de seu novo diretor musical, o norte-americano Ira Levin.
Acompanhada do Coral Lírico e de solistas vocais, a OSM interpreta a mais conhecida e apreciada das peças orquestrais de Ludwig van Beethoven (1770-1827), a "Sinfonia Nº 9", opus 125. Mas trará também uma obra litúrgica raramente interpretada no Brasil, o "Salmo Nº 100", do compositor alemão Max Reger (1873 -1916), um romântico tardio que explorou os mesmos veios harmônicos que Schumann e Brahms.
Levin, 43, diz que insistirá nessa diversificação do repertório. Para a temporada lírica do ano que vem, por exemplo, pretende montar "Tristão e Isolda", de Richard Wagner, e "Peter Grimes", de Benjamin Britten. Eis os principais trechos de sua entrevista.
Folha - Entre sua chegada a São Paulo e o concerto de hoje, em quanto melhorou a Orquestra Sinfônica Municipal?
Ira Levin - Não creio que seja uma questão de melhora. O que ocorre é que tanto a orquestra quanto o coral sentem-se agora diante de um conjunto de desafios. Um deles está na diversificação do repertório, razão pela qual, além de Beethoven, eu programei para hoje e amanhã a peça litúrgica de Max Reger, pouco ou nunca interpretado por aqui. Acredito, de qualquer modo, que o público notará uma diferença. Mas insisto que não se trata de efeitos de minha chegada, mas sim dos efeitos do desafio que foi lançado.
Folha - Os problemas que o sr. encontrou na orquestra seriam facilmente solucionados ou eram mais de caráter estrutural?
Levin - Tenho insistido no fato de as pessoas não poderem fazer de mim uma espécie de Moisés capaz de abrir os mares. O que posso dizer é que são notáveis as mudanças em termos de organização de nosso trabalho interno. Os músicos sabem agora aquilo que interpretarão até o final do ano. Na temporada de 2001, eles muitas vezes não sabiam o que interpretariam nas duas semanas seguintes. Todos têm tempo de estudar com antecedência. O potencial musical só pode ser realizado com planejamento. Instrumentistas e cantores são individualmente muito bons.
Folha - O que está mudando em termos de repertório?
Levin - Parte da política que estou implementando consiste em introduzir em cada concerto peças inéditas. Teremos o "Te Deum", de Berlioz, e a "Terceira Sinfonia", de Nielsen.
Folha - O mesmo valerá no futuro para a programação de óperas?
Levin - Com certeza. Gostaria de não me restringir à ópera italiana do século 19 e de montar clássicos do século 20. Em 2003, faremos, por exemplo, "Peter Grimes", de Britten. E também "Tristão e Isolda", de Wagner. E provavelmente também faremos "A Danação de Fausto", de Berlioz. Esse aspecto é estimulante. Os músicos e cantores querem trabalhar, funcionar de forma mais dinâmica.
Folha - A prefeitura está disposta a assegurar a retaguarda financeira para esse projeto?
Levin - É a informação que eu tenho, embora haja todo um detalhamento a ser estudado e discutido. Uma das dimensões desse quebra-cabeças está no fato de, se provarmos que estamos tendo sucesso, podermos contar com mais apoio. Nenhuma administração pública apoiaria projetos fracassados. Outro aspecto fundamental está também no fato de o Teatro Municipal ter um diretor musical o tempo todo presente.
Folha - Há vagas na orquestra que serão em breve preenchidas?
Levin - Estamos sem dois spallas (chefes de naipes de cordas) e sem algumas funções-chave. Mas creio que não é uma questão de contratar novos músicos, e sim de definir internamente hierarquias. Dito isso, estaremos contratando a partir de maio.
Folha - O sr. tem o projeto de substituir músicos?
Levin - Não.
Folha - Há alguma providência de curto prazo?
Levin - Até agora não experimentei um único momento em que, depois de um concerto, pudesse afirmar não estar satisfeito. Creio que os músicos estão fazendo um bom trabalho, e eles sabem que estão fazendo. É muito cedo para definir outras providências.
ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL - regida por Ira Levin, com Coral Lírico e solistas vocais (Fernando Portari, Rosana Lamosa, Regina Elena Mesquita e Lício Bruno). Quando: hoje, às 11h, e amanhã, às 21h, no Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 222-8698). Quanto: de R$ 10 a R$ 35.
Levin estréia na Sinfônica Municipal com a "Nona", de Beethoven
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da Folha de S.Paulo
A Orquestra Sinfônica Municipal fará hoje e amanhã o primeiro programa da temporada sob a regência de seu novo diretor musical, o norte-americano Ira Levin.
Acompanhada do Coral Lírico e de solistas vocais, a OSM interpreta a mais conhecida e apreciada das peças orquestrais de Ludwig van Beethoven (1770-1827), a "Sinfonia Nº 9", opus 125. Mas trará também uma obra litúrgica raramente interpretada no Brasil, o "Salmo Nº 100", do compositor alemão Max Reger (1873 -1916), um romântico tardio que explorou os mesmos veios harmônicos que Schumann e Brahms.
Levin, 43, diz que insistirá nessa diversificação do repertório. Para a temporada lírica do ano que vem, por exemplo, pretende montar "Tristão e Isolda", de Richard Wagner, e "Peter Grimes", de Benjamin Britten. Eis os principais trechos de sua entrevista.
Folha - Entre sua chegada a São Paulo e o concerto de hoje, em quanto melhorou a Orquestra Sinfônica Municipal?
Ira Levin - Não creio que seja uma questão de melhora. O que ocorre é que tanto a orquestra quanto o coral sentem-se agora diante de um conjunto de desafios. Um deles está na diversificação do repertório, razão pela qual, além de Beethoven, eu programei para hoje e amanhã a peça litúrgica de Max Reger, pouco ou nunca interpretado por aqui. Acredito, de qualquer modo, que o público notará uma diferença. Mas insisto que não se trata de efeitos de minha chegada, mas sim dos efeitos do desafio que foi lançado.
Folha - Os problemas que o sr. encontrou na orquestra seriam facilmente solucionados ou eram mais de caráter estrutural?
Levin - Tenho insistido no fato de as pessoas não poderem fazer de mim uma espécie de Moisés capaz de abrir os mares. O que posso dizer é que são notáveis as mudanças em termos de organização de nosso trabalho interno. Os músicos sabem agora aquilo que interpretarão até o final do ano. Na temporada de 2001, eles muitas vezes não sabiam o que interpretariam nas duas semanas seguintes. Todos têm tempo de estudar com antecedência. O potencial musical só pode ser realizado com planejamento. Instrumentistas e cantores são individualmente muito bons.
Folha - O que está mudando em termos de repertório?
Levin - Parte da política que estou implementando consiste em introduzir em cada concerto peças inéditas. Teremos o "Te Deum", de Berlioz, e a "Terceira Sinfonia", de Nielsen.
Folha - O mesmo valerá no futuro para a programação de óperas?
Levin - Com certeza. Gostaria de não me restringir à ópera italiana do século 19 e de montar clássicos do século 20. Em 2003, faremos, por exemplo, "Peter Grimes", de Britten. E também "Tristão e Isolda", de Wagner. E provavelmente também faremos "A Danação de Fausto", de Berlioz. Esse aspecto é estimulante. Os músicos e cantores querem trabalhar, funcionar de forma mais dinâmica.
Folha - A prefeitura está disposta a assegurar a retaguarda financeira para esse projeto?
Levin - É a informação que eu tenho, embora haja todo um detalhamento a ser estudado e discutido. Uma das dimensões desse quebra-cabeças está no fato de, se provarmos que estamos tendo sucesso, podermos contar com mais apoio. Nenhuma administração pública apoiaria projetos fracassados. Outro aspecto fundamental está também no fato de o Teatro Municipal ter um diretor musical o tempo todo presente.
Folha - Há vagas na orquestra que serão em breve preenchidas?
Levin - Estamos sem dois spallas (chefes de naipes de cordas) e sem algumas funções-chave. Mas creio que não é uma questão de contratar novos músicos, e sim de definir internamente hierarquias. Dito isso, estaremos contratando a partir de maio.
Folha - O sr. tem o projeto de substituir músicos?
Levin - Não.
Folha - Há alguma providência de curto prazo?
Levin - Até agora não experimentei um único momento em que, depois de um concerto, pudesse afirmar não estar satisfeito. Creio que os músicos estão fazendo um bom trabalho, e eles sabem que estão fazendo. É muito cedo para definir outras providências.
ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL - regida por Ira Levin, com Coral Lírico e solistas vocais (Fernando Portari, Rosana Lamosa, Regina Elena Mesquita e Lício Bruno). Quando: hoje, às 11h, e amanhã, às 21h, no Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 222-8698). Quanto: de R$ 10 a R$ 35.
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