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13/04/2002 - 04h27

Festival Amazonas de Ópera aceita desafio de Wagner

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IRINEU FRANCO PERPETUO
free-lance para a Folha

Uma apresentação ao ar livre, na praça São Sebastião, de "Cavalleria Rusticana", de Mascagni, abre amanhã a sexta edição do Festival Amazonas de Ópera.

Com duração até 25 de maio, o evento está sendo custeado pelo governo amazonense (R$ 2,5 milhões), Funarte (R$ 300 mil) e Ministério da Cultura (R$ 150 mil), de acordo com o secretário de Cultura, Turismo e Desporto do Amazonas, Robério Braga.

"O festival deste ano terá o teatro Amazonas completamente recuperado", diz o secretário, que afirma ter investido R$ 1,6 milhão na reforma, incluindo iluminação cênica computadorizada, pintura interna e externa e substituição do sistema de ventilação da casa, inaugurada em 1896.

O principal destaque do festival é a montagem da ópera "Die Walküre" ("A Valquíria"), de Richard Wagner, entre 18 e 23 de abril, no teatro Amazonas.

Entre 5 e 23 de maio, o teatro abriga récitas alternadas de "Don Giovanni", de Mozart, e "Condor", de Carlos Gomes.

Por sua vez, no período entre 19 e 28 de abril, o Teatro da Instalação apresenta "Zap - O Resumo da Ópera", dirigido por Marcelo Tas, que foi encenado em São Paulo no ano passado.

"Die Walküre", com regência do diretor artístico do festival, Luiz Fernando Malheiro, e direção cênica do britânico Aidan Lang (que, em São Paulo, assinou espetáculos como "Don Giovanni", "Cavalleria Rusticana" e "I Pagliacci"), marca o início da tentativa amazonense de encenar as quatro óperas que compõem o ciclo wagneriano "O Anel dos Nibelungos".

"Começamos pela "Valquíria" porque talvez seja a ópera mais apaixonante da tetralogia", explica Malheiro. "No ano que vem, devemos dar continuidade ao ciclo com "Siegfried", em um festival que deve ter ainda "La Cenerentola", "Don Carlo" e "I Pagliacci"."

Aposta nacional
Malheiro apostou em elenco quase 100% nacional para a empreitada. A soprano norte-americana Maria Russo (Brünnhilde) é o único nome importado, em meio a vozes como as de Lício Bruno (Wotan), Eduardo Álvares (Siegmund), Laura de Souza (Sieglinde), Pepes do Valle (Hunding) e Celine Imbert (Fricka).

Raramente feitas no Brasil, as óperas de Wagner representam um desafio não apenas para as vozes, mas também para a orquestra. A Amazonas Filarmônica tocará, na ocasião, com todos os instrumentos requeridos na partitura, embora não exatamente no número pedido pelo compositor -Wagner demanda, por exemplo, 64 musicistas de cordas (Malheiro empregará somente 42) e seis harpas (serão utilizadas duas), efetivo que não caberia no fosso do teatro.

Com regência de Marcelo de Jesus e direção cênica de Iacov Hillel, "Don Giovanni" também investe em cantores brasileiros (como o barítono Paulo Szot, no papel-título) -a exemplo de "Condor" (que também é conhecida como "Odalea"), última ópera de Carlos Gomes, praticamente esquecida, cuja partitura estava em estado tão precário que o maestro Armando Belardi, que a regeu em São Paulo pela última vez, em 1986, não pôde utilizar a grade de orquestra, lançando mão da redução para canto e piano.

"Com o apoio da Funarte, reconstruímos o material em computador", diz Malheiro, que preparou o coro na montagem de 1986 e, desta vez, regerá a ópera. "Vamos fazer a partitura inteira, incluindo o balé do segundo ato, que não consta da edição de canto e piano." O alemão Bruno Berger-Gorski é o responsável pela direção cênica.
 

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