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14/04/2002 - 02h34

"Saia Justa" estréia no GNT para fugir da rotina das mulheres na TV

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RODRIGO DIONISIO
da Folha de S.Paulo

Estréia na próxima quarta um programa que se propõe a ser diferente de qualquer outra produção para o público feminino em exibição na TV brasileira.

"Saia Justa", atração do canal pago GNT, às 21h, reunirá a jornalista Mônica Waldvogel, a cantora Rita Lee, a escritora Fernanda Young e a atriz Marisa Orth para discutir temas do cotidiano.

"É uma conversa entre mulheres, que, quando estão juntas, costumam ter muita franqueza. É aquele tipo de papo que desconcertaria um homem que estivesse ouvindo atrás da porta", define Mônica.

O projeto original foi criado por ela e, no início, previa uma mesa-redonda com jornalistas. "Com o tempo, resolvemos reunir pessoas com idades, profissões e experiências de vida diferentes."

"A idéia é tão simples que cabe num cartão-postal. Mulheres gostam de falar, destilar o veneno, assim como oferecer antídotos. Ultimamente, estamos com asinhas de fora demais para ficarmos só no cama-mesa-banho do universo feminino da TV de sempre. Não posso falar pelas outras, mas desconfio que nenhuma de nós sabe cozinhar", afirma, irônica, Rita Lee.

Para a produtora do "Saia Justa", Suzana Villas Boas, falta visibilidade à mulher contemporânea: "Não nos vemos na televisão. E a intenção é mostrar exemplos de mulheres que lidam com as mesmas questões que suas avós e com a modernidade, continuando femininas", diz.

Saída
A economista Elena Landau chegou a ser anunciada como a quinta componente, mas desistiu na semana passada. "Ela tinha outros compromissos, e não sabíamos se poderia participar todas as quartas, já que o programa é ao vivo.

Para não acontecer de ela vir, ficar duas ou três edições e depois sair, chegamos ao consenso de que era melhor ela nem começar", explica Suzana. A seleção das participantes, segundo a produtora, "foi meio no chute, na intuição".

Já para Fernanda Young, co-autora do seriado "Os Normais", da TV Globo, há um fator determinante: "Isso vai parecer prepotente, mas não sou uma pessoa prepotente... Foram reunidas as mulheres que têm capacidade de fazer algo nessa linha do programa. Somos bastante definidas, claras e honestas". Mas esses atributos não eliminam certa apreensão.

"Dá medo de misturar as coisas, não fechar os assuntos. Mulher muda muito de assunto. Mas a Mônica está lá para organizar, senão vira papo de comadre, fica chato", diz Marisa.

Quanto às expectativas, Rita brinca: "Não fico deslumbrada com a possibilidade de me transformar numa atriz-modelo-dançarina-apresentadora de programa infantil da noite para o dia. Não sou apenas mais um rostinho bonito. Vou experimentar brincar com a coisa.

Se gostar, bacana; se não gostar, me mando. Por outro lado, minhas colegas de trabalho são mulheres porretas demais para serem abandonadas por causa de algum ataque machista de minha parte", diz a cantora. Para chegar ao objetivo de ser um programa feminino diferente, "Saia Justa" aposta na personalidade das apresentadoras.

"Não será um programa à tarde, para donas-de-casa que não trabalham. Eu, particularmente, me sinto fora desse universo", diz Marisa. Como exemplos de temas -e das "viagens" que irão permear a atração- Fernanda lembra um papo ocorrido durante a gravação do piloto (programa teste). "Estávamos falando de Roseana Sarney e, de repente, começamos a discutir sobre a Barbie..."

"Mas, também, vai acabar acontecendo de o público descobrir como a Rita Lee faz para conservar a comida em casa. A gente é mulher, sim. E não vai poder mudar isso, tá?", afirma Marisa.

Comparação
A comparação com o programa "Manhattan Connection", comandado por Lucas Mendes, Arnaldo Jabor, Caio Blinder e Lúcia Guimarães, também no GNT, tem sido fonte de irritação para a equipe do "Saia Justa".

"Sou mulher do Jabor. Seria ridículo eu fazer uma cópia do programa dele", diz Suzana Villas Boas. Para Fernanda, comparar as duas atrações é um caso de "deficiência jornalística". "Não há paralelo", afirma ela.

Em um tom mais bem-humorado, Marisa destaca aquela que seria a diferença fundamental entre os dois debates televisivos: "Alguém, por acaso, sabe quando perderam a virgindade o Lucas Mendes ou o Paulo Francis [um dos criadores do "Manhattan", morto em 1997]. Mulher tem dessas coisas, depois de 20 minutos já está falando de primeira vez, casamento, menstruação...".

"Além do mais, a Lúcia está lá. O "Manhattan" não é mais um "Clube do Bolinha". E eles têm um enfoque jornalístico, nós não. A idéia é que seja um chá das cinco, um "happy hour" entre mulheres interessantes, algo que qualquer um gostaria de ver", arremata Suzana.


 

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