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16/04/2002 - 04h27

Vila de Paranapiacaba ganha ajuda para andar nos trilhos

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FRANCESCA ANGIOLILLO
da Folha de S.Paulo

Pela segunda vez, a vila ferroviária de Paranapiacaba, em Santo André (São Paulo), figura na lista dos cem sítios históricos ou arquitetônicos mais ameaçados do mundo, divulgada pelo World Monuments Fund (WMF).

Apesar de acender um sinal de alerta, a inclusão na lista não deve ser vista como negativa. Essa visão, na opinião de Bonnie Burnham, 54, presidente do WMF, em entrevista à Folha, é justamente um dos pontos que dificultam a ajuda que o fundo poderia propiciar ao patrimônio de nações sul-americanas.

"Não chegamos nem perto de distribuir, aqui, tantos fundos quanto em outras partes do mundo. A razão é que não tivemos tantos sítios daqui nas nossas listagens. Precisamos fazer com que os governos entendam que não é uma mensagem negativa. É, na verdade, um prêmio."

A lista -anunciada na semana passada, paralelamente à conferência do WMF em São Paulo- é elaborada bienalmente, a partir da análise, por especialistas convocados pelo fundo, das indicações de sítios vindas de cada país.

A conferência -vista por Burnham como meio para dar a conhecer melhor o trabalho do WMF e, assim, possibilitar o aumento de indicações na América do Sul- encerrou-se com uma ida a Paranapiacaba, no domingo.

Os dois lados da linha
Nem todos os sítios listados recebem ajuda financeira do fundo ou de seus doadores. Paranapiacaba, porém, recebeu R$ 50 mil da American Express para desenvolver um centro de documentação, que abrigará arquivos de texto e fotos, todos em formato digital, numa casa a ser restaurada.

Quando a prefeitura pediu a reinclusão na lista de 2002, propondo o centro de documentação, o único imóvel de que dispunha, para sua instalação, era a casa de nº 33 da rua Rodrigues Quaresma. Todos os outros prédios eram de propriedade particular ou da rede ferroviária.

A estreita casa de quatro cômodos fica do lado mais descaracterizado da vila, que cresceu após a implantação da linha de trem -e que, portanto, não seguiu o traçado e a arquitetura do "lado inglês", criado para abrigar os funcionários da São Paulo Railway, em fins do século 19, que dá o valor histórico à localidade.

Enquanto o pedido era julgado pelo WMF, a prefeitura negociou a compra das casas inglesas da RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.). Agora, pleiteia a mudança do centro de documentação para o lado "de lá" da linha do trem, proposta que deve ser analisada por Burnham nos próximos dias.

Três elementos
Para a presidente do WMF, é preciso trabalhar três elementos em Paranapiacaba: restaurar a ligação ferroviária com São Paulo (hoje em dia, o trajeto ferroviário entre a estação da Luz e a vila só se completa nos fins de semana e feriados); recuperar, com auxílio da iniciativa privada, os trens e o maquinário ferroviário antigos, além dos edifícios públicos; e, por fim, investimento privado nas casas.

"Também deve haver um grande investimento governamental em estrutura turística, ajudar as pessoas a transformar essas casas em hotéis, restaurantes, coisas que permitiriam a estadia dos visitantes. Há um grande potencial turístico", defende Burnham.

A prefeitura divulgará, em maio, um plano de desenvolvimento turístico que deve cumprir as expectativas do WMF.

Pelo plano, os moradores devem preservar as casas para manter o direito a habitá-las. Eles também serão instruídos sobre como adaptá-las para o sistema de "bed & breakfast" (alojamento turístico em residências).

Assim, além de criarem o desejado vínculo com a localidade, os moradores -boa parte dos quais não têm emprego formal- ampliariam suas fontes de renda.
 

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