Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
30/04/2002 - 03h18

Catadora de papel critica peso de carrinho

Publicidade

FERNANDA MENA
da Folha de S.Paulo

Um pouco desajeitada com o veículo que pouco se assemelha a seu carrinho de tração humana construído com pedaços de madeira, a catadora de papel Joyce Ribeiro, 31, cinco filhos e sete anos de profissão, conduz em um test-drive o trabalho que o artista polonês Krzysztof Wodiczko, 59, desenvolveu para o artecidadezonaleste.

Wodiczko desenha o que chama de "veículos críticos", destinados a migrantes, camelôs e sem-teto.

Para o artecidadezonaleste, o polonês, que trabalha no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), nos EUA, pesquisou o universo dos catadores de papel para produzir um veículo adaptado a eles em parceria com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo) e com o artista Ary Perez, 48, que também participa da mostra como coordenador e com outro trabalho individual.

O resultado é um carrinho todo em aço com breque e lonas que cobrem o material recolhido na caçamba e o "motorista" do veículo. O catador conta com um cinto preso ao quadril capaz de distribuir o esforço da tração dos braços para o restante do corpo calejado.

A carroça hi-tech conta ainda com um compartimento interno onde é possível dormir no melhor estilo cosmopolita: enclausurado.

Durante o test-drive do veículo de Wodiczko, Joyce garantiu que é capaz de dormir ali dentro com toda a sua família. Mas, como especialista no ofício de arrastar quilos de papelão ladeira acima, achou que ele está pesado demais. "O carrinho tem lugar para os meus filhos e para o lixo de onde tiro o sustento deles. Só que pesa demais e treme muito."

Enquanto os carrinhos em madeira pesam pouco mais de 100 quilos, o protótipo atinge 250 quilos. "A próxima versão deve ficar com 100 quilos. Também pretendemos inserir um motor elétrico que recarregue nas descidas", explica Perez.

Com a versão aperfeiçoada do veículo crítico de Wodiczko, Joyce teria mais conforto, segurança e visibilidade. Mas continuaria ganhando os mesmos R$ 100 por semana que consegue com seu carrinho comum, feito do lixo que ninguém quer.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página