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04/05/2002
-
22h02
da Folha Online
Sempre tentando responder com metáforas, poesias e textos literários às perguntas feitas pelo público que participou de bate-papo no Salão da Travessa Literária, hoje, na Bienal do Livro de São Paulo, o escritor Atiq Rahimi, 40, falou de seu país, o Afeganistão, do que o motivou a escrever um livro e dos ataques terroristas aos EUA em 11 de setembro do ano passado.
Rahimi falou que o livro que está lançando no Brasil, "Terra e Cinzas - Um Conto Afegão" (Estação Liberdade) é uma obra com muitos elementos biográficos e que escrever é um ato sempre motivado por um sentimento de "vingança e nostalgia". "Cada vez que a gente escolhe um personagem é como um espelho", disse.
O livro, escrito em 1996, nasceu da lembrança de uma foto que não foi tirada, em 1980. O autor relatou que tentou fazer a foto de um garoto afegão sentado ao lado de um velho no norte do país e um defeito na máquina o impediu.
A imagem, registrada na memória, tomou a forma de um livro 16 anos depois. A vingança à qual se referiu, ele explicou, "era atribuir a palavra à criança".
Sobre o tempo decorrido entre a imagem que o motivou e a escrita do livro, o escritor disse que sempre é preciso um tempo para se refletir sobre um acontecimento.
Apesar disso, Rahimi fez alguns comentários sobre os atentados terroristas que aconteceram nos EUA no ano passado. "Se houve um 11 de setembro é porque houve uma crise... Quando há crise os resultados são sempre catastróficos, mas é preciso refletir sobre o que ocorreu. O que houve de positivo é que agora tentamos entender o outro", disse.
O escritor também comentou o abandono vivido pelo país há mais de 20 anos ao responder sobre o que havia sido pior para o Afeganistão: o regime Taleban ou a invasão soviética. "Pra mim, há 20 anos que o Afeganistão estava banhado em sangue. O que eu pergunto é por que tiveram que esperar 3 mil americanos morrerem para se fazer esta pergunta?", disse.
Saiba tudo sobre a Bienal do Livro
Escritor afegão diz que vingança e nostalgia motivam a escrita
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Sempre tentando responder com metáforas, poesias e textos literários às perguntas feitas pelo público que participou de bate-papo no Salão da Travessa Literária, hoje, na Bienal do Livro de São Paulo, o escritor Atiq Rahimi, 40, falou de seu país, o Afeganistão, do que o motivou a escrever um livro e dos ataques terroristas aos EUA em 11 de setembro do ano passado.
Rahimi falou que o livro que está lançando no Brasil, "Terra e Cinzas - Um Conto Afegão" (Estação Liberdade) é uma obra com muitos elementos biográficos e que escrever é um ato sempre motivado por um sentimento de "vingança e nostalgia". "Cada vez que a gente escolhe um personagem é como um espelho", disse.
O livro, escrito em 1996, nasceu da lembrança de uma foto que não foi tirada, em 1980. O autor relatou que tentou fazer a foto de um garoto afegão sentado ao lado de um velho no norte do país e um defeito na máquina o impediu.
A imagem, registrada na memória, tomou a forma de um livro 16 anos depois. A vingança à qual se referiu, ele explicou, "era atribuir a palavra à criança".
Sobre o tempo decorrido entre a imagem que o motivou e a escrita do livro, o escritor disse que sempre é preciso um tempo para se refletir sobre um acontecimento.
Apesar disso, Rahimi fez alguns comentários sobre os atentados terroristas que aconteceram nos EUA no ano passado. "Se houve um 11 de setembro é porque houve uma crise... Quando há crise os resultados são sempre catastróficos, mas é preciso refletir sobre o que ocorreu. O que houve de positivo é que agora tentamos entender o outro", disse.
O escritor também comentou o abandono vivido pelo país há mais de 20 anos ao responder sobre o que havia sido pior para o Afeganistão: o regime Taleban ou a invasão soviética. "Pra mim, há 20 anos que o Afeganistão estava banhado em sangue. O que eu pergunto é por que tiveram que esperar 3 mil americanos morrerem para se fazer esta pergunta?", disse.
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