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05/05/2002 - 21h33

SBT entra na guerra dos "talk shows" com Marília Gabriela

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CARLA MENEGHINI
free-lance para a Folha

A partir de amanhã, a guerra pela audiência entre a TV Globo e o SBT chega aos "talk shows". Marília Gabriela, 53, a maior entrevistadora do Brasil -como é classificada pelo canal pago GNT, da Globosat, onde ela também trabalha- , recém-saída da Rede TV!, estréia o "De Frente com Gabi", que será exibido de segunda a sexta no mesmo horário do "Programa do Jô" (0h30).

Marília diz estar entusiasmada com a volta ao SBT -ela trabalhou na emissora de 1995 a 2000- e não teme um provável aumento na cobrança por audiência.

"Não sou mulher de grandes números no ibope, o Silvio [Santos] sabe disso, mas tenho uma audiência fiel e qualificada que carrego comigo aonde vou; meu público tem, em sua maioria, alto poder aquisitivo e nível superior, um perfil de consumidor que atrai anunciantes", diz.

Para a apresentadora, a volta ao SBT significa a possibilidade de ampliar seu público e de contar com uma infra-estrutura maior. "Por ser uma rede, terei à minha disposição mais facilidades e acesso a convidados que só aceitam aparecer em emissoras de grande porte."

Brava com Silvio Para quem jurava que ela nunca mais voltaria a trabalhar no SBT, Marília Gabriela parece realmente animada. "Saí de lá bravíssima com o Silvio Santos.

Na época, eu ia estrear um programa de entrevistas igual ao que vou fazer agora, mas o Silvio rompeu o acerto e mudou de idéia: me ofereceu um belíssimo salário para que eu apresentasse o telejornal, que não era nada do que eu queria", conta ela.

Dois anos depois da decepção, aceitar o convite para voltar ao SBT exigiu de Marília uma dose de flexibilidade que, segundo ela, só se adquire depois dos 50 anos. "Tenho revisto minhas posições em relação a tudo, não tenho mais idade para ter medo dos meus desejos", diz a apresentadora, que planeja lançar um disco no segundo semestre.

"Já acertei tudo com a gravadora, só falta o repertório, que será definido pela cantora Simone", conta Marília, duramente criticada nos anos 80 por ter se lançado como cantora na época em que ancorava o "TV Mulher", da Globo.

Marília foi novamente criticada no ano passado, quando se arriscou como atriz pela primeira vez, na peça "Esperando Beckett", dirigida por Gerald Thomas.

"As oportunidades vão aparecendo, se eu acho que vão me trazer prazer, faço", diz a apresentadora, que planeja subir aos palcos novamente no segundo semestre.

"Será um espetáculo totalmente feito por mulheres e sobre mulheres", conta Gabi. Ela promete unir no projeto a escritora Patrícia Mello, a cantora Adriana Calcanhotto e a cenógrafa Daniella Thomas, entre outras.

Segundo a apresentadora, "De Frente com Gabi" terá o mesmo formato do extinto "Gabi" que teve 449 edições exibidas pela Rede TV!: um ou dois entrevistados por noite, participação do público por e-mails e tom confessional.

"A regra continua valendo: se alguém mentir, assina em "close'", afirma. Para ela, o segredo da boa entrevista é o bom entrevistado.

"Minha função é fazer com que ele brilhe, pareça uma pessoa interessante e, de preferência, inteligente", diz. No SBT, ela terá de mesclar grandes nomes da intelectualidade -seus entrevistados preferidos- às figuras populares, que devem garantir índices de audiência considerados satisfatórios pela emissora, mas todos os convidados devem ter sua expressa aprovação.

Gabi diz não adotar nenhuma técnica específica de entrevista, mas não abre mão de uma ampla pesquisa sobre o entrevistado. "Não falo de livro que não li, de peça que não vi ou de filme a que não assisti", afirma.

E jura não ter receio de perguntar nada a ninguém. "A verdade é um procedimento elegante. Quando é preciso, peço permissão, ou mesmo desculpas, por tocar em um assunto delicado, mas não deixo de perguntar nunca."

Para evitar as perguntas que ficam sem resposta, mal crônico das entrevistas televisivas, Marília Gabriela diz que o segredo é ignorar o público. "Quando pergunto, realmente espero uma verdade, uma resposta que me satisfaça e me convença; honestamente, não penso no telespectador."

Mulher Marília Gabriela é hoje uma das mais admiradas -e invejadas- mulheres do país: inteligente, bem-sucedida e casada com o galã de novelas da Globo Reynaldo Gianecchini, 29.

"Procuro manter essa admiração distante da minha consciência absoluta. Não acho que seria interessante nem produtivo pensar dessa forma. Pode ser efêmero: hoje me admiram, amanhã pode ser que nem lembrem de mim."

Marília estreou na televisão no início dos anos 70, como repórter do jornal "Hoje" e do "Fantástico", na Globo, e ganhou destaque na década de 80, quando tornou-se âncora do "TV Mulher" -que contava com a participação de Marta Suplicy, Henfil e Clodovil, entre outros.

"O programa foi muito importante porque na época a mulher ainda era um bicho desconhecido, uma novidade para a sociedade", conta.

A apresentadora ganhou maior notoriedade quando mediou os debates dos presidenciáveis em 1989, na Band. "As pessoas ficavam impressionadas com aquela mulher que peitava todos aqueles homens poderosíssimos, mas a verdade é que eu sempre saía do estúdio muito mal, chorando e dizendo "eu não ganho para isso, não tenho obrigação de aturar as agressões desses caras." Valeu a pena.

 

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