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25/07/2000
-
05h10
IRINEU FRANCO PERPETUO, da Folha de S.Paulo
Quem ficou em casa viu e ouviu melhor do que quem foi ao estádio. A transmissão do SBT, no domingo, cortou vários números, mas, ao menos, não tinha as distorções do equipamento que levou ao público a voz dos
Três Tenores, sábado, no Morumbi.
Já que o único fator imponderável, o tempo, colaborou, o show correu dentro dos conformes. Porque risco, em um espetáculo desses, não há: mais de música popular do que de ópera, o repertório cai como uma luva na voz de Carreras, Domingo e Pavarotti; e existe um grande facilitador, chamado microfone, que reduz em muito o esforço dos cantores.
Quem melhor se aproveitou dele foi Plácido Domingo, 59. Em números como "No Puede Ser" e "Dein Ist Mein Ganzes Herz", sofisticou o fraseado com pianíssimos e efeitos "mezza voce" que talvez não usasse se pudesse ser encoberto pela orquestra.
Já Luciano Pavarotti, 64, foi o mais carismático. Em melhor forma vocal que no pavoroso concerto de abril, em Salvador, foi aplaudido em cena aberta em "Caruso" (pagando dívida de sua última aparição paulistana, quando não a interpretou, para tristeza da platéia) e "Nessun Dorma".
Já de José Carreras, 53, o que se pode dizer é que é um milagre que ainda cante, depois da leucemia, em 87. Apresentou-se com dignidade, mas voz trêmula e o esgarçamento do timbre ficaram evidentes em "Intenditi con Dio", da "Fosca", de Carlos Gomes, peça mais exigente de seu repertório.
Mas o que todo mundo quer ouvir mesmo são os três cantando juntos, nos "pot-pourris" de música popular, que funcionam assim: eles vão meio no atropelo, desencontrados entre si e da orquestra, e estropiando idiomas como alemão e francês -mas, depois, berram um agudo em uníssono
e tudo bem.
Foi mais ou menos o que aconteceu no bis final, "Aquarela do Brasil" -com o público de pé e batendo palmas, os tenores até ensaiaram sambar, embora Pavarotti não cantasse a letra e nem mesmo abrisse a partitura.
Com a participação barganhada por duas harpas e abafada pela sonorização, a Orquestra Sinfônica Municipal tentou acompanhar o trio com certa correção.
Se serve de consolo, ao menos o público não foi logrado. Os Três Tenores apresentaram, aqui, um espetáculo com as mesmas qualidades e deméritos dos que têm levado a todo o planeta.
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Show em SP tem mesmo nível que no resto do mundo
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Quem ficou em casa viu e ouviu melhor do que quem foi ao estádio. A transmissão do SBT, no domingo, cortou vários números, mas, ao menos, não tinha as distorções do equipamento que levou ao público a voz dos
Três Tenores, sábado, no Morumbi.
Já que o único fator imponderável, o tempo, colaborou, o show correu dentro dos conformes. Porque risco, em um espetáculo desses, não há: mais de música popular do que de ópera, o repertório cai como uma luva na voz de Carreras, Domingo e Pavarotti; e existe um grande facilitador, chamado microfone, que reduz em muito o esforço dos cantores.
Quem melhor se aproveitou dele foi Plácido Domingo, 59. Em números como "No Puede Ser" e "Dein Ist Mein Ganzes Herz", sofisticou o fraseado com pianíssimos e efeitos "mezza voce" que talvez não usasse se pudesse ser encoberto pela orquestra.
Já Luciano Pavarotti, 64, foi o mais carismático. Em melhor forma vocal que no pavoroso concerto de abril, em Salvador, foi aplaudido em cena aberta em "Caruso" (pagando dívida de sua última aparição paulistana, quando não a interpretou, para tristeza da platéia) e "Nessun Dorma".
Já de José Carreras, 53, o que se pode dizer é que é um milagre que ainda cante, depois da leucemia, em 87. Apresentou-se com dignidade, mas voz trêmula e o esgarçamento do timbre ficaram evidentes em "Intenditi con Dio", da "Fosca", de Carlos Gomes, peça mais exigente de seu repertório.
Mas o que todo mundo quer ouvir mesmo são os três cantando juntos, nos "pot-pourris" de música popular, que funcionam assim: eles vão meio no atropelo, desencontrados entre si e da orquestra, e estropiando idiomas como alemão e francês -mas, depois, berram um agudo em uníssono
e tudo bem.
Foi mais ou menos o que aconteceu no bis final, "Aquarela do Brasil" -com o público de pé e batendo palmas, os tenores até ensaiaram sambar, embora Pavarotti não cantasse a letra e nem mesmo abrisse a partitura.
Com a participação barganhada por duas harpas e abafada pela sonorização, a Orquestra Sinfônica Municipal tentou acompanhar o trio com certa correção.
Se serve de consolo, ao menos o público não foi logrado. Os Três Tenores apresentaram, aqui, um espetáculo com as mesmas qualidades e deméritos dos que têm levado a todo o planeta.
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