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18/05/2002
-
12h46
CARLA NASCIMENTO
da Folha Online
O rapper Marcelo Santos, o Xis, 29, causou surpresa ao participar do programa "Casa dos Artistas", do SBT. Autor de raps que fazem críticas à mídia, um deles direcionado a Silvio Santos, o próprio dono da emissora que produz o programa, Xis alega que sua participação no "reality show" teve uma preocupação racial e social. "Como homem negro e de periferia... queria mostrar que existe um outro lado", disse. Ele disse que não participaria novamente de um programa como a "Casa".
Para Xis, a participação no programa abriu algumas portas, mas seus projetos continuam sendo os mesmos que tinha antes de entrar no programa.
Neste mês chega às bancas, ao preço de R$ 12,90, o CD "Xis Apresenta Hip Hop SP", encartado a uma revista-pôster. O projeto foi concebido, segundo o rapper, antes mesmo de sua ida para a Warner, sua nova gravadora. No CD, lançado pelo selo independente Xapaê Muzik, Xis promove seus parceiros e se coloca como patrocinador dos discos de outras bandas de São Paulo. A série ainda tem outras capitais na mira, como Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília.
O time do CD é composto por nomes conhecidos e convidados estrangeiros, como o grupo francês Assassin. A produção fica por conta de DJ Hum, DJ King, Érico e Jamal.
Fora o CD, Xis pretende dar continuidade ao "Hip Hop DJ", campeonato de DJs que neste ano chega à sexta edição em agosto e está fazendo um programa piloto para a TV Gavião, da torcida organizada do Corinthians, a Gaviões da Fiel. Um programa de rádio para o próximo mês também está na mira de Xis.
Leia a seguir trechos da entrevista de Xis para a Folha Online:
Folha Online - O que mudou depois de "Casa dos Artistas"?
Xis - A minha exposição no programa automaticamente trouxe alguns benefícios, abriu portas, mas não entrei na "Casa" em busca de divulgação ou promoção para o meu trabalho. Como artista eu já me sinto satisfeito. Tenho mais de 500 mil discos vendidos, contando com os discos dos quais eu participei.
Folha Online - E qual foi a sua intenção ao aceitar fazer o programa?
Xis - Minha intenção era participar de um programa de televisão como homem negro, um cara que é da periferia... Mostrar que existe um outro lado. Mostrar que a participação de negros, pobres e pessoas da periferia poderia ser bem maior na televisão. Eu achei que os "reality shows" poderiam mostrar a novela da vida real.
Folha Online - Mas você ficou pouco tempo no programa. Você acredita que conseguiu atingir seu objetivo?
Xis - Eu acho que surtiu efeito. Eu cumpri meu papel. As pessoas se sentiram satisfeitas com a minha participação. Eu sei que sozinho não vou acabar com o racismo nem mudar o padrão de estética da TV brasileira. Nem era essa minha intenção.
Folha Online - Em determinado momento do programa, você e a Mariana Kupfer entraram em conflito. A tônica da discussão entre vocês passou por questões de diferença racial e social. Foi difícil fazer esta discussão sendo observado por milhões de pessoas?
Xis- Uma menina branca de família rica chorando na cama e culpando um cara negro, pobre, de periferia... Eu coloquei minha posição e acredito que as pessoas tiraram suas conclusões.
Folha Online - O que foi mais difícil de enfrentar na "Casa"?
Xis - Ficar sem o contato com as pessoas.
Folha Online - Você está assistindo ao programa?
Xis - Não. Eu vi o final da primeira edição e depois que já tinha assinado o contrato eu vi alguma coisa.
Folha Online - Quer dizer que você aceitou participar do programa sem saber muito bem como era? Isso não foi um risco?
Xis - Não. Era para ser eu mesmo. Não me preocupei com essa história de jogo...
Folha Online - E você acredita que o formato "reality show" ajuda a melhorar a programação de TV?
Xis - Depende de quem participa. Mas eu acho que esse tipo de programa ajuda a quebrar um monte de preconceito. Ajuda as pessoas a verem que os artistas são pessoas normais, que essa história de ídolo perfeito está longe da realidade.
Folha Online - E no meio hip hop, você está sendo bem recebido depois que saiu do programa?
Xis - As pessoas entenderam o papel do Xis.
Folha Online - Mas não há uma resistência e críticas por parte de rappers com relação às emissoras de TV e à mídia de forma geral?
Xis - A cultura rap e o hip hop nunca foi tão falada pra o Brasil quanto no período em que o Xis esteve dentro da "Casa". Eu acompanho mais a opinião do público, mas respeito quem não gosta de trabalhar com a mídia, mas eu não posso ficar vivendo à mercê do que as pessoas estão pensando.
Folha Online - Você participaria novamente?
Xis - Não. É uma exposição muito grande. Chega uma hora que não compensa tanto.
Veja outras entrevistas com ex-participantes
Leia mais notícias sobre "Casa dos Artistas"
Rapper Xis afirma que não participaria de outro "reality show"
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da Folha Online
O rapper Marcelo Santos, o Xis, 29, causou surpresa ao participar do programa "Casa dos Artistas", do SBT. Autor de raps que fazem críticas à mídia, um deles direcionado a Silvio Santos, o próprio dono da emissora que produz o programa, Xis alega que sua participação no "reality show" teve uma preocupação racial e social. "Como homem negro e de periferia... queria mostrar que existe um outro lado", disse. Ele disse que não participaria novamente de um programa como a "Casa".
Para Xis, a participação no programa abriu algumas portas, mas seus projetos continuam sendo os mesmos que tinha antes de entrar no programa.
Neste mês chega às bancas, ao preço de R$ 12,90, o CD "Xis Apresenta Hip Hop SP", encartado a uma revista-pôster. O projeto foi concebido, segundo o rapper, antes mesmo de sua ida para a Warner, sua nova gravadora. No CD, lançado pelo selo independente Xapaê Muzik, Xis promove seus parceiros e se coloca como patrocinador dos discos de outras bandas de São Paulo. A série ainda tem outras capitais na mira, como Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília.
O time do CD é composto por nomes conhecidos e convidados estrangeiros, como o grupo francês Assassin. A produção fica por conta de DJ Hum, DJ King, Érico e Jamal.
Fora o CD, Xis pretende dar continuidade ao "Hip Hop DJ", campeonato de DJs que neste ano chega à sexta edição em agosto e está fazendo um programa piloto para a TV Gavião, da torcida organizada do Corinthians, a Gaviões da Fiel. Um programa de rádio para o próximo mês também está na mira de Xis.
Leia a seguir trechos da entrevista de Xis para a Folha Online:
Folha Online - O que mudou depois de "Casa dos Artistas"?
Xis - A minha exposição no programa automaticamente trouxe alguns benefícios, abriu portas, mas não entrei na "Casa" em busca de divulgação ou promoção para o meu trabalho. Como artista eu já me sinto satisfeito. Tenho mais de 500 mil discos vendidos, contando com os discos dos quais eu participei.
Folha Online - E qual foi a sua intenção ao aceitar fazer o programa?
Xis - Minha intenção era participar de um programa de televisão como homem negro, um cara que é da periferia... Mostrar que existe um outro lado. Mostrar que a participação de negros, pobres e pessoas da periferia poderia ser bem maior na televisão. Eu achei que os "reality shows" poderiam mostrar a novela da vida real.
Folha Online - Mas você ficou pouco tempo no programa. Você acredita que conseguiu atingir seu objetivo?
Xis - Eu acho que surtiu efeito. Eu cumpri meu papel. As pessoas se sentiram satisfeitas com a minha participação. Eu sei que sozinho não vou acabar com o racismo nem mudar o padrão de estética da TV brasileira. Nem era essa minha intenção.
Folha Online - Em determinado momento do programa, você e a Mariana Kupfer entraram em conflito. A tônica da discussão entre vocês passou por questões de diferença racial e social. Foi difícil fazer esta discussão sendo observado por milhões de pessoas?
Xis- Uma menina branca de família rica chorando na cama e culpando um cara negro, pobre, de periferia... Eu coloquei minha posição e acredito que as pessoas tiraram suas conclusões.
Folha Online - O que foi mais difícil de enfrentar na "Casa"?
Xis - Ficar sem o contato com as pessoas.
Folha Online - Você está assistindo ao programa?
Xis - Não. Eu vi o final da primeira edição e depois que já tinha assinado o contrato eu vi alguma coisa.
Folha Online - Quer dizer que você aceitou participar do programa sem saber muito bem como era? Isso não foi um risco?
Xis - Não. Era para ser eu mesmo. Não me preocupei com essa história de jogo...
Folha Online - E você acredita que o formato "reality show" ajuda a melhorar a programação de TV?
Xis - Depende de quem participa. Mas eu acho que esse tipo de programa ajuda a quebrar um monte de preconceito. Ajuda as pessoas a verem que os artistas são pessoas normais, que essa história de ídolo perfeito está longe da realidade.
Folha Online - E no meio hip hop, você está sendo bem recebido depois que saiu do programa?
Xis - As pessoas entenderam o papel do Xis.
Folha Online - Mas não há uma resistência e críticas por parte de rappers com relação às emissoras de TV e à mídia de forma geral?
Xis - A cultura rap e o hip hop nunca foi tão falada pra o Brasil quanto no período em que o Xis esteve dentro da "Casa". Eu acompanho mais a opinião do público, mas respeito quem não gosta de trabalhar com a mídia, mas eu não posso ficar vivendo à mercê do que as pessoas estão pensando.
Folha Online - Você participaria novamente?
Xis - Não. É uma exposição muito grande. Chega uma hora que não compensa tanto.
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