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30/05/2002 - 03h48

Cópia restaurada de 'Quanto Mais Quente Melhor' estréia hoje em SP

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MARCELO PEN
crítico da Folha

Tony Curtis, que completa 77 anos na próxima segunda-feira, estava com a corda toda quando falou à Folha sobre sua carreira. O ator norte-americano espezinhou a ex-mulher Janet Leigh, declarou sua apreciação pelo cult "Matrix" e insinuou ter dividido os lençóis com Marilyn Monroe (1926-62).

Agora, chega ao Cinesesc, em São Paulo, o clássico de Billy Wilder "Quanto Mais Quente Melhor", eleito pelo American Film Institute como a melhor comédia do século. Curtis, que teve uma infância pobre no bairro do Bronx, em Nova York, e começou como dublê em filmes de ação, deu duro em Hollywood. Rodou mais de 60 filmes, alguns deles com grandes cineastas, como Stanley Kubrick ("Spartacus"), Roman Polanski ("O Bebê de Rosemary") e, é claro, Billy Wilder, morto em março deste ano.

"Wilder era divertidíssimo. Costumava contar piadas, mas, quando filmava, seguia o roteiro à risca. Era o oposto de Kubrick, uma figura mais introvertida, mas que gostava de improvisar no set." Nenhum dos dois, porém, fez os filmes em que julga ter dado o melhor de si. "Carol Reed, que me dirigiu em "Trapézio", é meu favorito. Mas meu melhor papel foi em "O Homem que Odiava as Mulheres", de Richard Fleischer."

Curtis protagonizou a cena de "Spartacus" censurada por causa do subtexto gay. "Eu era o escravo de Laurence Olivier e estava lhe dando banho. O texto falava de preferências por ostras ou caracóis. Olivier gostava de ambos. A censura cortou. Hoje passa como algo inocente. Achei estúpido o corte. A quem cabe julgar?"

E a quem cabe julgar Marilyn? "Quando rodou "Quanto Mais Quente Melhor", ela estava muito fragilizada, destruída. O estúdio queria despedi-la. Precisávamos ser muito pacientes com ela."

Teria havido um caso entre os dois? Existe uma frase muitas vezes repetida e atribuída ao ator na qual ele teria dito que beijar Marilyn seria como beijar Hitler. Curtis afirma que nunca falou isso. "Eu disse que beijá-la era como transar com ela", ele corrige.

Para o ator, na Hollywood atual, quase nada se salva, com provável exceção da filha que teve com Janet Leigh, a hoje famosa Jamie Lee Curtis, e de "Matrix". "Os filmes de hoje não fazem os espectadores pensar. Gostei de "Matrix", que tem uma história quase mística sobre a condição humana", acrescenta o ator, que não estrela nada digno de nota há vários anos.

Não teria medo de ficar conhecido como o pai de Jamie Lee Curtis? "Não, tenho muito orgulho de minha filha. Mas isso me recorda algo que falei para um amigo. Ele havia acabado de conhecer Jamie e ficou encantado com ela. "Puxa, Tony", ele disse, "ela é bonita, inteligente e tem um tremendo senso de humor!". E eu respondi: "É, sorte dela não ter puxado a mãe"."

"Quanto Mais Quente Melhor" não está fora dos planos do ator. Curtis planeja estrear em Las Vegas um musical baseado no clássico. Seu papel? O do velho milionário que se apaixona por Jack Lemmon ao vê-lo travestido e que, ao descobrir que ele não é mulher, retruca: "Ninguém é perfeito!".
 

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