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07/06/2002 - 09h57

Globo fará este ano sua maior cobertura eleitoral

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FERNANDO RODRIGUES
da sucursal da Folha, em Brasília

Nunca os candidatos a presidente tiveram uma exposição tão grande na TV como terão os atuais. Será a maior cobertura da Globo desde o retorno das eleições diretas, em 89, segundo proposta apresentada a representantes dos presidenciáveis.

A emissora vai enviar por escrito cópia da proposta para os candidatos nos próximos dias, para que apresentem contrapropostas, até chegar ao formato final.

Só no "Jornal Nacional", os quatro primeiros colocados nas pesquisas aparecerão duas vezes, ao vivo ou em gravação feita pouco antes de irem ao ar, por dez minutos cada um, na bancada do telejornal, sendo entrevistados por William Bonner e Fátima Bernardes. As entrevistas acontecerão possivelmente nos 45 dias anteriores ao primeiro turno.

No "Bom Dia Brasil", a exposição será ainda maior. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Serra (PSDB), Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS) serão convidados para entrevistas individuais, ao vivo, de 15 a 20 minutos cada uma. No "Jornal da Globo", também haverá entrevistas semelhantes às do "JN".

Além disso, na GloboNews -canal pago da Globo-, os presidenciáveis serão convidados a dar longas entrevistas para a jornalista Míriam Leitão. O "Jornal das Dez", no canal, também terá candidatos na bancada duas vezes, nos mesmos dias do "JN".

Os assessores foram informados ainda de que o "JN" pretende fazer uma série de 48 reportagens, de 12 de agosto a 5 de outubro, sobre problemas brasileiros.

"Todo ano tentamos fazer a melhor e maior cobertura", diz Carlos Henrique Schroder, diretor da Central Globo de Jornalismo. "O que diferencia este ano é que ampliamos o debate. Começamos a ouvir os candidatos mais cedo. O resumo é que queremos que os candidatos debatam o que querem fazer pelo país."

Jô Soares

Os presidenciáveis terão ainda de encontrar tempo para dois debates. Um formal, nos moldes já conhecidos, no dia 3 de outubro -o primeiro turno é no dia 6. Um outro está em discussão para o "Programa do Jô", com mediação do apresentador, até 30 de junho, já que a legislação permite que sejam convidados alguns dos concorrentes até essa data.

Lula não quer, pois sua candidatura será oficializada pelo PT nesse dia. Se for marcado para depois de 1º de julho, todos os concorrentes têm de participar, o que não agrada a Jô Soares.

Essa vasta programação foi apresentada a representantes das campanhas anteontem, numa reunião na Globo do Rio. Participaram pela emissora Schroder e Ali Kamel, diretor-geral de jornalismo. Pelos presidenciáveis, participaram, entre outros, o publicitário Duda Mendonça (Lula) e a assessora de imprensa Andréa Gouveia Vieira (Serra).

"Acho que a Globo está sendo muito transparente", afirmou Vieira, a assessora de Serra. "É uma postura clara. Não me recordo de ter visto isso em eleições anteriores por parte de outros órgãos de imprensa."

As entrevistas ao vivo no principal telejornal da Globo -o "JN" tem cerca de 27 milhões de telespectadores no país- serão com tema livre. Isso obrigará os candidatos a se prepararem por todo o dia para os dez minutos ao vivo do começo da noite.

Outras emissoras, como a Bandeirantes, buscarão fazer uma programação semelhante à da Globo. Se os presidenciáveis aceitarem, a campanha será em grande parte eletrônica. No tempo livre que tiverem, os candidatos terão de ficar em estúdios para gravar a propaganda gratuita de rádio e de TV. Sobrará pouco para campanha de rua.

"Cuidado"

Como terão grande exposição nos telejornais da Globo, a líder absoluta de audiência no país, os presidenciáveis enfrentarão um fato inédito nesta campanha: a propaganda gratuita pode ser relegada a segundo plano pelo eleitor. "A alta exposição dos candidatos em programas de grande audiência da TV Globo vai mudar, sem dúvida nenhuma, a cara desta campanha", diz o publicitário Duda Mendonça.

"A Globo merece aplauso pela medida altamente democrática, pois dará a todos os concorrentes oportunidades iguais. Mas é preciso ter muito cuidado, porque, ainda que involuntárias, diferenças de tons e enfoques nas entrevistas podem beneficiar ou prejudicar candidaturas, com enorme repercussão em toda a mídia do país e, consequentemente, na cabeça do eleitor. É fundamental, portanto, que a Globo tenha perfeita e plena consciência da exata dimensão do papel que está assumindo no processo eleitoral e sobretudo diante da democracia brasileira", diz Mendonça.

Não será permitido nas entrevistas ao vivo no "JN" que os candidatos façam menções desabonadoras a seus adversários. Se isso acontecer, o entrevistado será repreendido e, se for o caso, o concorrente atacado terá direito de resposta no noticiário do dia seguinte. A ordem das entrevistas será sorteada.

A decisão da Globo de chamar apenas os quatro primeiros colocados nas pesquisas poderá provocar uma disputa judicial. É possível que o número de concorrentes chegue próximo de dez. O minúsculo PSTU, de orientação trotskista, já decidiu lançar o ex-sindicalista José Maria de Almeida. O Prona deve lançar novamente Enéas Carneiro, que será com Lula o único a concorrer nas quatro eleições diretas, desde 89.

A lei manda que os debates sejam com todos os concorrentes que sejam filiados a partidos com representação no Congresso. Há uma brecha para programas jornalísticos. As emissoras podem entrevistar livremente qualquer candidato em seus noticiários. Ainda assim, os que se sentirem prejudicados por não serem convidados podem contestar o critério na Justiça.

Já ficou estabelecido que as imagens das entrevistas dos candidatos não poderão ser utilizadas por eles em seus programas eleitorais. A Globo também se comprometerá a não usar imagens editadas de uma entrevista que foi ao vivo em outros telejornais. Mesmo as entrevistas para o "Jornal da Globo", que devem ser gravadas uma ou duas horas antes de o telejornal ir ao ar, serão transmitidas na íntegra, sem cortes.

Bandeirantes

A Bandeirantes também terá uma cobertura intensa. A emissora já programou debates com os presidenciáveis no primeiro e no segundo turnos. No primeiro, o debate ocorrerá em 14 de julho ou em 4 de agosto. Segundo Fernando Mitre, diretor de jornalismo, os assessores dos principais candidatos já aceitaram participar e devem escolher nos próximos dias uma das duas datas.

Além disso, a Band terá duas rodadas de entrevistas individuais com os principais candidatos nos telejornais "Jornal da Band" e "Jornal da Noite". A partir de agosto, colocará no ar o "Band Eleições", semanal de uma hora que irá levantar os principais problemas do país e dos Estados.
 

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