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11/06/2002
-
10h15
ANA WEISS
da Folha de S.Paulo
Nenhum outro país absorveu o construtivismo russo como o Brasil. E, no momento em que uma das mais fortes manifestações dessa herança, o concretismo paulista, festeja 50 anos de sua primeira exposição (mostra do Grupo Ruptura, no MAM-SP, em 52), a Oca (no parque Ibirapuera) recebe os mestres que deflagraram o movimento-matriz naquele lado do mundo e que serão vistos (alguns pela primeira vez deste lado) com artistas que os inspiraram (os criadores e imagens religiosas) e com gerações posteriores a essa tradição (caso dos contemporâneos "pós-perestroika").
Recorte de 350 peças de um dos mais importantes acervos de arte russa e soviética do planeta, o do Museu Estatal Russo de São Petersburgo, "500 Anos de Arte Russa" pinça dos séculos do título cinco dos mais importantes movimentos artísticos (e históricos) daquele país organizados em módulos: Arte Religiosa, Simbolismo, Vanguarda, Realismo Socialista e Arte Contemporânea (veja quadro abaixo).
Com curadoria de Evguénya Petrova e Joseph Kiblitsky, do museu fundado pelo czar Nicholas 2º, e de Nelson Aguilar e Jean-Claude Marcadé, da BrasilConnects, a mostra exibe a partir de hoje para o público uma espécie de resumo, segundo os curadores, nunca visto fora da Rússia.
No espaço côncavo da Oca, os ícones religiosos russos ocupam o andar mais elevado da montagem (o segundo do espaço). Sob esse "céu", vê-se tudo o que nasceu depois da criação religiosa anônima: o que se fez no fim da Rússia czarista, sob os auspícios da revolução até depois do chamado fim das ideologias.
É do meio para o fim dessa linha do tempo, início do século 20, que se localiza uma mais importantes contribuições russas à história da arte e que se destaca também por encontrar ressonância por aqui.
Sob o título de "Vanguardas", encontram-se assinaturas célebres como Chagall, Filonov, Kandinski, Maliévitch, Tatlin e Chagall. São obras que propuseram imagens artisticamente revolucionárias para a época (como o "Quadrado Vermelho", de Maliévitch, reproduzido nesta página).
Algumas, como as de Pavel Filonov (1883-1941), nunca foram vistas antes por aqui.
A abstração geométrica que encontramos nesse módulo, o construtivismo do início dos anos 10, logo tomou conta de corações e mentes dos modernistas brasileiros não só em São Paulo com o Ruptura (que terá exposição a partir de quinta no Centro Cultural Maria Antonia, na r. Maria Antonia, 294, tel. 3255-5538), como também no Rio (Grupo Frente) e em Minas Gerais (o museu da Pampulha, de Oscar Niemeyer, tem projeto com nítida influência soviética).
A lista de artistas que se absorveram direta ou indiretamente o pensamento plástico construtivista russo no Brasil é imensa e bastante importante. Lygia Clark, Amilcar de Castro, Franz Weissmann, Aluísio Carvão, Hélio Oiticica, Lígia Pape e Abraham Palatnick são alguns dos nomes. Nelson Aguilar destaca o pintor paulista Luiz Sacilotto.
Que o destaque não diminua os outros segmentos. Como lembra Aguilar, os próprios artistas das "vanguardas" sempre citaram a criação iconográfica religiosa de seu país como uma das principais influências de suas obras.
Orçada em R$ 3 milhões, segundo dados da BrasilConnects, a exposição apresenta um volume respeitável de obras literalmente panfletárias em cartazes, placas e outros suportes de divulgação socialista que até então nunca haviam deixado o acervo do museu.
Além dos simbolistas (Lev Bakst, Aleksandr Benois), a exposição "500 Anos de Arte Russa" também reúne contemporâneos, principalmente o que se fez nas décadas de 80 e 90, como os trabalhos de Bruskin, Bulatov, Kabakov.
Exposição conta 500 anos de arte russa com 350 obras
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da Folha de S.Paulo
Nenhum outro país absorveu o construtivismo russo como o Brasil. E, no momento em que uma das mais fortes manifestações dessa herança, o concretismo paulista, festeja 50 anos de sua primeira exposição (mostra do Grupo Ruptura, no MAM-SP, em 52), a Oca (no parque Ibirapuera) recebe os mestres que deflagraram o movimento-matriz naquele lado do mundo e que serão vistos (alguns pela primeira vez deste lado) com artistas que os inspiraram (os criadores e imagens religiosas) e com gerações posteriores a essa tradição (caso dos contemporâneos "pós-perestroika").
Recorte de 350 peças de um dos mais importantes acervos de arte russa e soviética do planeta, o do Museu Estatal Russo de São Petersburgo, "500 Anos de Arte Russa" pinça dos séculos do título cinco dos mais importantes movimentos artísticos (e históricos) daquele país organizados em módulos: Arte Religiosa, Simbolismo, Vanguarda, Realismo Socialista e Arte Contemporânea (veja quadro abaixo).
Com curadoria de Evguénya Petrova e Joseph Kiblitsky, do museu fundado pelo czar Nicholas 2º, e de Nelson Aguilar e Jean-Claude Marcadé, da BrasilConnects, a mostra exibe a partir de hoje para o público uma espécie de resumo, segundo os curadores, nunca visto fora da Rússia.
No espaço côncavo da Oca, os ícones religiosos russos ocupam o andar mais elevado da montagem (o segundo do espaço). Sob esse "céu", vê-se tudo o que nasceu depois da criação religiosa anônima: o que se fez no fim da Rússia czarista, sob os auspícios da revolução até depois do chamado fim das ideologias.
É do meio para o fim dessa linha do tempo, início do século 20, que se localiza uma mais importantes contribuições russas à história da arte e que se destaca também por encontrar ressonância por aqui.
Sob o título de "Vanguardas", encontram-se assinaturas célebres como Chagall, Filonov, Kandinski, Maliévitch, Tatlin e Chagall. São obras que propuseram imagens artisticamente revolucionárias para a época (como o "Quadrado Vermelho", de Maliévitch, reproduzido nesta página).
Algumas, como as de Pavel Filonov (1883-1941), nunca foram vistas antes por aqui.
A abstração geométrica que encontramos nesse módulo, o construtivismo do início dos anos 10, logo tomou conta de corações e mentes dos modernistas brasileiros não só em São Paulo com o Ruptura (que terá exposição a partir de quinta no Centro Cultural Maria Antonia, na r. Maria Antonia, 294, tel. 3255-5538), como também no Rio (Grupo Frente) e em Minas Gerais (o museu da Pampulha, de Oscar Niemeyer, tem projeto com nítida influência soviética).
A lista de artistas que se absorveram direta ou indiretamente o pensamento plástico construtivista russo no Brasil é imensa e bastante importante. Lygia Clark, Amilcar de Castro, Franz Weissmann, Aluísio Carvão, Hélio Oiticica, Lígia Pape e Abraham Palatnick são alguns dos nomes. Nelson Aguilar destaca o pintor paulista Luiz Sacilotto.
Que o destaque não diminua os outros segmentos. Como lembra Aguilar, os próprios artistas das "vanguardas" sempre citaram a criação iconográfica religiosa de seu país como uma das principais influências de suas obras.
Orçada em R$ 3 milhões, segundo dados da BrasilConnects, a exposição apresenta um volume respeitável de obras literalmente panfletárias em cartazes, placas e outros suportes de divulgação socialista que até então nunca haviam deixado o acervo do museu.
Além dos simbolistas (Lev Bakst, Aleksandr Benois), a exposição "500 Anos de Arte Russa" também reúne contemporâneos, principalmente o que se fez nas décadas de 80 e 90, como os trabalhos de Bruskin, Bulatov, Kabakov.
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