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15/06/2002 - 03h33

Depredação ameaça Brasil na Bienal de Veneza

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FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo

A participação brasileira na oitava edição da Bienal de Arquitetura de Veneza (Itália), que é inaugurada no próximo dia 8 de setembro, está ameaçada.

O pavilhão brasileiro, localizado no Giardini di Castello (o jardim sede da Bienal italiana), foi "totalmente depredado", segundo Carlos Bratke, presidente da Fundação Bienal de São Paulo. A instituição é a responsável pela participação brasileira no evento, mas a manutenção do prédio cabe ao Itamaraty.

"Pedimos um orçamento para a restauração do pavilhão, e o custo é altíssimo: superior a US$ 116 mil. Não é possível que, em tão pouco tempo, o governo federal libere os recursos necessários", afirma Bratke.

O pavilhão já havia sido restaurado, em 2000, a um custo de US$ 40 mil, justamente para a Bienal de Arquitetura. Os danos agora são bem maiores. "Fomos informados de que as janelas, as portas e até mesmo o piso foram danificados, além de pichações terem sido feitas na parte externa do prédio", diz Bratke.

O edifício foi construído na década de 60, a partir de projeto do arquiteto Henrique Mindlin. É um dos menores pavilhões do Giardini di Castello, com apenas 250 m2.

"Next"
A Bienal de Veneza apresenta neste ano o tema "Next" (próximo), com o objetivo de expor o futuro da arquitetura mundial.

Além das representações nacionais, a Bienal de Veneza irá expor 110 projetos de arquitetos de Europa, América do Norte e Ásia. Nenhum projeto de arquiteto brasileiro foi selecionado, o que reflete a falta de inserção do país na arquitetura internacional.

Entretanto projetos de arquitetos estrangeiros que andam circulando pelo país foram escolhidos. É o caso do francês Jean Nouvel (Guggenheim-Rio), do suíço Bernard Tschumi (Museu de Arte Contemporânea de São Paulo), do holandês Rem Koolhas (artecidadezonaleste) e do português Álvaro Siza (Museu Iberê Camargo, em Porto Alegre).

Já a participação brasileira, com curadoria de Gloria Bayeux e Elisabete França, apresenta projetos de caráter social. "Já levamos todos os importantes arquitetos brasileiros a Veneza; por sugestão da própria direção da Bienal, que disse que não temos tecnologia para competir com os países europeus, vamos mostrar projetos em favelas do país", diz Bratke.

"Iremos expor três programas de reestruturação de favelas: de Alagados, em Salvador, Favela-Bairro, do Rio, e do saneamento ambiental da Bacia do Guarapiranga, em São Paulo", afirma Bayeux. Os três projetos ficariam na parte interna do pavilhão. Segundo a curadora, o custo da participação brasileira é de R$ 70 mil. "Estamos buscando patrocínio", conta Bayeux.

Casa de cachorro
Para ocupar a parte externa do pavilhão, foi convidado o artista de Camarões Pascale Martin Tayou, que participou da 25ª Bienal de São Paulo, encerrada no último dia 2. Para Veneza devem ir as casinhas de cachorro que Tayou expôs na Bienal paulistana.

Em Kassel, na Alemanha, onde também participa da Documenta 11, mostra inaugurada no último sábado, Tayou confirmou à Folha sua participação. "Sinto-me um brasileiro, acho ótimo poder participar representando o país, até porque minha obra é uma forma de crítica ao sistema", disse o artista.

"Estamos tentando verificar como é possível rebaixar os custos da reforma do pavilhão, mas já estamos até pensando em mantê-lo nesse estado depredado, já que o tema que iremos tratar é mesmo a favela", afirma Bratke.




 

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