17/06/2002 - 12h00

Exclusivo: Corredor escuro e restrito flagra cenas íntimas no "BBB"

MARCELO BARTOLOMEI
enviado especial ao Rio

Por trás dos 1.200 metros quadrados construídos para a gravação do "Big Brother Brasil", um dos maiores sucessos da TV brasileira, seis câmeras secretas se juntam às outras 38 fixadas pela casa para flagrar cenas íntimas e inusitadas dos participantes.

Do lado de fora, ninguém vê, mas existe um universo por trás das paredes da casa, preparado especialmente para o programa, de onde se captam, inclusive, cenas de sexo que não vão ao ar.

A Folha Online entrou nos corredores da casa do "Big Brother" e conheceu o esquema de produção do programa.

Caminhando por um corredor branco, pequenas portas anunciam departamentos de produção e programação de TV. De dentro do chamado "P.A.", um complexo paralelo de 666 metros quadrados dentro da Globo, é impossível saber o que encontrar à frente, onde uma pequena porta leva a um outro corredor que circunda uma casa, escondido na penumbra, onde poucas pessoas têm acesso e que nem os espectadores nem os participantes do programa imaginam existir. Assim começam os bastidores do "Big Brother Brasil 2".

Por trás do que o espectador vê, existe um universo construído em paralelo, com uma parafernália eletrônica capaz de dar suporte a uma TV clandestina, criado com exclusividade para o programa. Este universo, que custou à Globo cerca de R$ 5 milhões, segundo a Folha Online apurou, fica a poucos metros da casa onde 12 pessoas foram trancadas na primeira quinzena de maio para viver a segunda experiência do gênero na emissora, disputando o prêmio de R$ 500 mil.

No escuro

Os corredores do "Big Brother", por trás dos espelhos da casa, chegam a ser assustadores, talvez pelo aspecto físico, que, segundo o próprio diretor-geral da atração, J.B. de Oliveira, o Boninho, lembra um trem-fantasma, talvez pela questão psicológica, de ver cobaias através dos vidros.

No breu total, apenas setas luminosas indicam por onde se deve caminhar. É lá que apenas seis câmeras captam, durante 24 horas, tudo o que acontece na casa, em todos os cômodos, com auxílio de outras 38 câmeras e 60 microfones, espalhados em pontos fixos.

Ao contrário do que o público possa pensar, não há contato com os participantes do programa. Nos corredores, a ordem é manter o silêncio e falar baixo. Ninguém pode perceber a presença de pessoas atrás das paredes. Para entrar lá dentro, nada de roupa clara: os profissionais se vestem de preto ou então são obrigados a usar uma espécie de poncho escuro para evitar que os participantes vejam qualquer tipo de reflexo pelos espelhos.

As seis câmeras, operadas por profissionais que se revezam durante o dia e a noite, circulam ao redor da casa por meio de trilhos, seguindo os participantes do programa onde forem.

Onde há espelhos, na verdade, estão 75 pequenas janelas, de onde todo o material é captado, sem deixar nada escapar. Nem o espelho do banheiro nem o da camiseira do quarto ficam fora da vigília minuto-a-minuto da equipe de produção: tudo é monitorado pelas câmeras móveis.

É de lá que a equipe de câmeras tem mobilidade para pegar de frente os ângulos que nem os equipamentos fixos conseguem, circulando por meio de trilhos em volta de toda a estrutura da casa.

Quem tudo vê

Do lado de fora, tudo é monitorado e captado durante o dia e a noite, sem interrupção, por uma equipe de diretores e outros profissionais, que fazem uma pré-seleção do material que, mais tarde, irá ao ar, mas editado. De dentro de um caminhão, cerca de 80 profissionais vêem todas as ações da casa em 35 monitores, inclusive o que acontece no banheiro (mas que não vai ao ar).

No total, segundo Carlos Magalhães, diretor do programa, são gravadas 96 horas de imagens, das quais apenas 48 horas serão levadas à ilha de edição, para a seleção de 15 a 30 minutos, de acordo com o dia em que o programa é exibido.