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17/06/2002 - 12h46

Para Boninho, "hormônios em ebulição" alavancam sucesso do "BBB 2"

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MARCELO BARTOLOMEI
Editor de entretenimento da Folha Online

"O 'Big Brother Brasil 2' superou as expectativas." Assim, o diretor-geral do programa, J.B. de Oliveira, o Boninho, acredita ter emplacado a segunda edição do programa, com um elenco mais jovem e, segundo ele, com "hormônios em ebulição".

Foi nesta edição do "Big Brother" que, ao contrário da primeira, participantes transaram dentro da casa, mesmo monitorados pelas câmeras e microfones. Realmente, o programa tem índices maiores que o primeiro no Ibope.

"A gente achou que ele não fosse ter um resultado como o do primeiro. O 'reality' é um produto onde sempre o primeiro tem um impacto maior no público pela curiosidade", afirmou o diretor, "pai" do "No Limite" e precursor dos "reality shows" na emissora.

Em entrevista à Folha Online, Boninho comenta suas apostas, o que deu certo no segundo programa e fala como é dirigir o programa de maior sucesso da TV aberta brasileira. Acompanhe trechos da conversa:

Folha Online - Nesta fase do programa, qual é a avaliação que você faz do trabalho, mesmo achando que a fórmula poderia se desgastar?

J.B. de Oliveira -
O "Big Brother Brasil 2" superou as expectativas. A gente achou que ele não fosse ter um resultado como o do primeiro. O "reality" é um produto onde sempre o primeiro tem um impacto maior no público pela curiosidade, mas, trabalhando para isso, o segundo está se mantendo muito bem porque a gente teve um cuidado de ter um elenco bem diferente do primeiro. A forma como a gente edita o programa, tendo uma história a ser contada de forma bem clara, deixou ele numa média bem estável também. Às terças-feiras, a gente perdeu audiência, mas estamos 50 minutos mais tarde, após o "Casseta & Planeta", por decisão da emissora.

Ao contrário, no domingo, a gente tem uma audiência melhor que a do primeiro programa. A gente tenta fazer um programa que consiga surpreender a gente, como os participantes conseguiram. A Tina, infelizmente, surpreendeu demais, pois ela poderia ter sido mais calma.

O programa é feito no dia-a-dia. A gente tem instrumentos para cutucar os participantes, para fazer pressão, com as provas, os paredões, o que ajuda com que a gente possa achar como descobrir as histórias, se elas estão mais calmas, mais lentas, para ter elementos para apimentar e botar pressão em cima deles.

Historicamente, nos outros lugares do mundo, não houve continuidade de repercussão. Somos um dos poucos que teve isso. Tem uma mistura de um bom trabalho, um elenco mais uma vez curioso e esta agilidade que a gente teve de colocar um em seguida do outro também são fatores que fazem com que tenhamos um produto com audiência estável.

Folha Online - Como se comportou o "Big Brother" em outros países?

Boninho -
Os formatos são muito parecidos. O formato brasileiro de construção é diferente porque ele foi feito em um galpão. A gente não tinha tempo. Os outros construíram uma casa. Nossa maior diferença é a área externa. Eu e o Carlos Magalhães [diretor do programa] fomos até a Argentina, assistimos ao programa de lá, vimos plantas de outros países e a gente achou que no Brasil deveríamos ter um espaço externo maior, por ser um país tropical. De início, a Endemol ficou assustada com essa nossa proposta, achando que a gente não conseguiria controlar o espaço externo, mas a gente apostou nisso e é nosso grande diferencial. Ele dá chances de poder trabalhar melhor: podemos fazer festas ao ar livre e fazer com que eles [participantes] se espalhem um pouco mais e consigam criar pequenos núcleos para interagir, montar seus complôs e suas estratégias, o que não é o caso deste grupo.

Folha Online - Este "Big Brother" está completamente diferente do primeiro. A que você atribui esta diferença? O elenco não forma estratégias, vocês tiveram a primeira cena de sexo...

Boninho -
O que a gente tem de fazer é correr atrás deles. É sempre uma grande surpresa. Sempre que a gente monta um elenco, tem uma aposta. Foram pouco mais de dois meses pesquisando o elenco, com internet e pesquisas na rua. É um produto que você tem uma aposta, pode ser que eles entrem na casa e dizem "vamos todos ser irmãos", dêem as mãos e rezem o dia inteiro. Daí fica tudo muito chato e a proposta do programa não é esta. A proposta é ver quem vai brigar pelos R$ 500 mil. Quando a gente montou, a gente acreditou que este elenco criaria este tipo de disputa. A partir daí, não tem uma aposta sobre quem vai ganhar nem sobre quem vai ser mauzinho.

Folha Online - Quem foi a grande surpresa do elenco?

Boninho -
A Tina foi uma surpresa. Na entrevista com a gente, ela aparentou ser muito mais calma do que ela foi na casa. Mas um grupo se separou dela e ela surtou. Ela diz que não aconteceu isso e se protege, mas claramente a gente viu o que aconteceu. Várias vezes a gente tentou interferir, o Pi [psicólogo do programa] conversou com ela, e o que aconteceu: ela perdeu as referências que ela tinha e passou do limite. Se ela não tivesse passado do limite, ela teria ficado.

Do lado de fora da casa, tudo é muito claro: é o público que decide. Se ela estivesse um pouco mais tranquila, para o programa, certamente seria mais interessante. Ela rendeu um bom momento de explosão do programa e o "Big Brother" funciona com explosões, escândalos que geram isso. Ela não controlou e, com o público, não tem conversa: tirou o Adriano [primeira edição] e ela. Certamente, o Jéferson passou por isso também. Ele era um cara simpático, mas ele era estressado. Apesar disso, ele estava muito controlado. Se auto-vendia como estressado. Com o resultado, o público disse: o estressado sai, a gente não quer um cara que possa explodir aí dentro.

Tanto que o Thyrso virou o cara sofredor. Certamente o público está com pena do Thyrso neste momento. Isso não significa, no entanto, que se ele for a um paredão com uma pessoa com uma certa expectativa junto ao público, ele não possa cair também.

É tão claro isso porque nem sempre o índice de popularidade medido na internet garante a permanência. O público da internet é completamente diferente do que vota por telefone. No nosso site, a diferença para que a Tina permanecesse foi muito pequena, mas por telefone, foi muito grande. Basicamente, na proporção entre telefone e internet hoje em dia, 90% permanece muito parecido.

Folha Online - Pontualmente, quais são as principais diferenças de elenco?

Boninho -
O que tem mais diferente do outro para este é que eles são mais jovens, os hormônios estão em ebulição. Eles estão trabalhando por este espaço. A Cida não está neste espaço, mas ela tem uma interferência junto ao público. A própria Eugênia [Moreyra, editora-chefe do programa] acha que a Thaís e a Tarciana têm uma postura que certamente incomoda as mulheres. Acho a Thaís mais esperta que a Tarciana, apesar de ela ser mais novinha. Certamente assim que elas forem para o paredão elas serão massacradas. Mas elas proporcionam este clima mais quente dentro da casa, o que não apaga a verdadeira briga pelos R$ 500 mil.

Folha Online - Uma das prerrogativas para entrar na segunda edição do programa foi justamente a de brigar pelo prêmio, não querer ser artista...

Boninho -
É impressionante, mas na saída do Jéferson, eles tiveram três minutos de choro, mas foi só isso. Daí um outro já virou para o lado, outro já quis discutir quem iria ser o próximo a sair. A mecânica do programa é muito boa. A gente apostou nisso no primeiro e está apostando agora.

Quarta-feira é um dia meio de ressaca, fica um medo, um clima "vamos ficar todos amigos para ficarmos bem". Na quinta, quando o líder é eleito, os que correm risco de serem eliminados pelo líder começam a querer se proteger e os que não têm nada com isso, já pensam o que vão resolver para domingo. Na sexta-feira, já começa a discussão sobre o assunto. No sábado, há um assédio muito grande no líder, e, quando ele define em quem votar, é abandonado para que as pessoas decidam o outro lado. Depois vem a eliminação.

Esta mecânica funciona e abala o relacionamento na casa, entre eles, apesar de outras coisas, como um possível namoro, uma briga independente... No fundo eles estão brigando pelo dinheiro. A gente tentou descobrir quem eram estas pessoas que estivesse afim do dinheiro.

A Cida, por exemplo, ela está jogando para ganhar. Logo no primeiro "paredão" ela falou sobre a irmã dela [que morreu enquanto ela estava no programa], disse que a irmã estava doente e que ela precisava do dinheiro, que iria ajudá-la. Ela joga todas as fichas no prêmio. Se eles são honestos, não cabe à gente julgar, mas ao público.

Folha Online - Como vocês assistem ao programa?

Boninho -
A gente também se emociona, fica com raiva, agrada, adora e ri, e isso ajuda muito a gente a trabalhar. Mas o trabalho de edição é fundamental, para que haja equilíbrio entre as partes, pois a gente tem de transformar muito material em apenas 30 minutos ou 50 minutos, 1 hora, no máximo.

  Veja em imagens os corredores do "Big Brother"

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