Publicidade
Publicidade
19/06/2002
-
03h22
DIEGO ASSIS
da Folha de S.Paulo
Como uma empresa líder do mercado de histórias em quadrinhos, comprada por US$ 82,5 milhões, em 1989, atinge cerca de US$ 3 bilhões nas cotações da Bolsa de Valores norte-americana, em 1993, e, três anos depois, é forçada a decretar falência por incapacidade de honrar seus compromissos?
Em "Comic Wars - How Two Tycoons Battled over the Marvel Comics Empire... And Both Lost" (Guerra nos Quadrinhos - Como Dois Magnatas Lutaram pelo Império da Marvel... E Ambos Perderam), publicado agora nos EUA, o jornalista norte-americano Dan Raviv reconstrói partes significativas do quebra-cabeças.
Contada na forma "vilões versus heróis", a história agradará aos fãs do Homem-Aranha que ainda se perguntam "por que inventaram de clonar o Peter Parker?".
Depois de meses mergulhado em documentos confidenciais, balanços financeiros e no processo de falência aberto pelos advogados da Marvel em dezembro de 1996, Raviv oferece uma versão empolgante e, digamos, colorida dos acontecimentos.
Havia os vilões, como Robert Perelman, o "Mago de Wall Street", megaespeculador que comprou a companhia pela bagatela de US$ 80 mi e, como um santo milagreiro, fez seus papéis acabarem valendo US$ 3 bi em 93. Mas não conseguiu contornar a queda das vendas de HQs e de outros produtos relacionados ao universo Marvel em 95 e 96.
Havia o "abutre" Carl Icahn -também retratado como um tubarão-, que, de olho na insolvência da companhia, aproveitou para comprar suas ações em baixa, mas, depois de menos de um ano na presidência da Marvel, acabou deixando-a humilhado e com algumas centenas de milhões a menos em sua conta bancária.
Havia também os bancos, que, liderados pelo Chase Manhattan, emprestaram mais de US$ 700 mi para Perelman e Icahn, e que, na hora de cobrar-lhes o devido, não hesitaram em disputar o controle da Casa das Idéias.
E, por fim, lá estavam os mocinhos, Ike Perlmutter e Avi Arad, sócios proprietários da Toy Biz -da qual a Marvel detinha pouco mais de 40% das ações- não coincidentemente chamados de "os dois israelenses".
"Senti-me atraído por essa história porque dois israelenses venceram a batalha. São eles que agora controlam a Marvel", afirmou à Folha Raviv, ex-correspondente da questão entre Israel e Palestina para a rede de TV americana CBS e autor de best-sellers sobre o assunto, como "Every Spy a Prince" (91) e "Friends in Deed" (93).
Os heróis vão ao cinema
Outra coincidência, ou não, é que o lançamento de "Comic Wars" deu-se simultaneamente à maior vitória da era Perlmutter-Arad à frente da Marvel: a estréia de "Homem-Aranha" nos cinemas, que nas primeiras semanas em cartaz já batia todos os recordes de bilheteria imagináveis.
"Perlmutter nunca soube muito sobre o ramo de entretenimento e nem conhecia direito o Homem-Aranha. Mas seu sócio, Avi Arad, desenhava os brinquedos e conhecia a fundo os personagens da Marvel. Arad acreditava desde o início que eles dariam ótimos filmes, e não entendia como Perelman não quisesse fazê-los."
Apesar do sucesso de "Homem-Aranha", no entanto, as ações da companhia não voaram tão alto quanto o próprio aracnídeo. Nos meses que antecederam a estréia do filme, a cotação da Marvel subiu, mas logo depois voltou a cair.
"Há de se convir que toda falência é como um câncer, você nunca sabe se vai voltar e se está 100% curado", disse Raviv. "Uma solução natural seria provavelmente se a Marvel, em vez de incorporar outras empresas, como já foi tentado, fosse incorporada por alguém maior, pela Sony ou pela Microsoft, que anda interessada no negócio dos games."
O fato é que, três anos após a chegada dos "israelenses" -e com a participação de nomes como Bill Jemas e Joe Quesada-, a companhia voltou a publicar, pela primeira vez, um balanço positivo de seus negócios.
Interessada em atrair novos fãs para a "marca" dos heróis Marvel, a Casa das Idéias contratou um time de peso para reestruturar as histórias de personagens como a do próprio Homem-Aranha ou a dos mutantes X-Men, que passaram a ser contadas sob a perspectiva e as mudanças do século 21.
Os fãs podem respirar aliviados. Parece que não será ainda desta vez que eles verão seu super-herói favorito ser esmagado nas mãos do Dr. Destino, para sempre.
COMIC WARS - HOW TWO TYCOONS BATTLED OVER THE MARVEL COMICS EMPIRE... AND BOTH LOST
Autor: Dan Raviv
Editora: Broadway Books
Preço: US$ 24,95 (306 págs.)
Jornalista americano revela a história por trás da falência do grupo Marvel
Publicidade
da Folha de S.Paulo
Como uma empresa líder do mercado de histórias em quadrinhos, comprada por US$ 82,5 milhões, em 1989, atinge cerca de US$ 3 bilhões nas cotações da Bolsa de Valores norte-americana, em 1993, e, três anos depois, é forçada a decretar falência por incapacidade de honrar seus compromissos?
Em "Comic Wars - How Two Tycoons Battled over the Marvel Comics Empire... And Both Lost" (Guerra nos Quadrinhos - Como Dois Magnatas Lutaram pelo Império da Marvel... E Ambos Perderam), publicado agora nos EUA, o jornalista norte-americano Dan Raviv reconstrói partes significativas do quebra-cabeças.
Contada na forma "vilões versus heróis", a história agradará aos fãs do Homem-Aranha que ainda se perguntam "por que inventaram de clonar o Peter Parker?".
Depois de meses mergulhado em documentos confidenciais, balanços financeiros e no processo de falência aberto pelos advogados da Marvel em dezembro de 1996, Raviv oferece uma versão empolgante e, digamos, colorida dos acontecimentos.
Havia os vilões, como Robert Perelman, o "Mago de Wall Street", megaespeculador que comprou a companhia pela bagatela de US$ 80 mi e, como um santo milagreiro, fez seus papéis acabarem valendo US$ 3 bi em 93. Mas não conseguiu contornar a queda das vendas de HQs e de outros produtos relacionados ao universo Marvel em 95 e 96.
Havia o "abutre" Carl Icahn -também retratado como um tubarão-, que, de olho na insolvência da companhia, aproveitou para comprar suas ações em baixa, mas, depois de menos de um ano na presidência da Marvel, acabou deixando-a humilhado e com algumas centenas de milhões a menos em sua conta bancária.
Havia também os bancos, que, liderados pelo Chase Manhattan, emprestaram mais de US$ 700 mi para Perelman e Icahn, e que, na hora de cobrar-lhes o devido, não hesitaram em disputar o controle da Casa das Idéias.
E, por fim, lá estavam os mocinhos, Ike Perlmutter e Avi Arad, sócios proprietários da Toy Biz -da qual a Marvel detinha pouco mais de 40% das ações- não coincidentemente chamados de "os dois israelenses".
"Senti-me atraído por essa história porque dois israelenses venceram a batalha. São eles que agora controlam a Marvel", afirmou à Folha Raviv, ex-correspondente da questão entre Israel e Palestina para a rede de TV americana CBS e autor de best-sellers sobre o assunto, como "Every Spy a Prince" (91) e "Friends in Deed" (93).
Os heróis vão ao cinema
Outra coincidência, ou não, é que o lançamento de "Comic Wars" deu-se simultaneamente à maior vitória da era Perlmutter-Arad à frente da Marvel: a estréia de "Homem-Aranha" nos cinemas, que nas primeiras semanas em cartaz já batia todos os recordes de bilheteria imagináveis.
"Perlmutter nunca soube muito sobre o ramo de entretenimento e nem conhecia direito o Homem-Aranha. Mas seu sócio, Avi Arad, desenhava os brinquedos e conhecia a fundo os personagens da Marvel. Arad acreditava desde o início que eles dariam ótimos filmes, e não entendia como Perelman não quisesse fazê-los."
Apesar do sucesso de "Homem-Aranha", no entanto, as ações da companhia não voaram tão alto quanto o próprio aracnídeo. Nos meses que antecederam a estréia do filme, a cotação da Marvel subiu, mas logo depois voltou a cair.
"Há de se convir que toda falência é como um câncer, você nunca sabe se vai voltar e se está 100% curado", disse Raviv. "Uma solução natural seria provavelmente se a Marvel, em vez de incorporar outras empresas, como já foi tentado, fosse incorporada por alguém maior, pela Sony ou pela Microsoft, que anda interessada no negócio dos games."
O fato é que, três anos após a chegada dos "israelenses" -e com a participação de nomes como Bill Jemas e Joe Quesada-, a companhia voltou a publicar, pela primeira vez, um balanço positivo de seus negócios.
Interessada em atrair novos fãs para a "marca" dos heróis Marvel, a Casa das Idéias contratou um time de peso para reestruturar as histórias de personagens como a do próprio Homem-Aranha ou a dos mutantes X-Men, que passaram a ser contadas sob a perspectiva e as mudanças do século 21.
Os fãs podem respirar aliviados. Parece que não será ainda desta vez que eles verão seu super-herói favorito ser esmagado nas mãos do Dr. Destino, para sempre.
COMIC WARS - HOW TWO TYCOONS BATTLED OVER THE MARVEL COMICS EMPIRE... AND BOTH LOST
Autor: Dan Raviv
Editora: Broadway Books
Preço: US$ 24,95 (306 págs.)
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice