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24/06/2002 - 12h09

Grupo de teatro Cemitério de Automóveis é sinônimo de Bortolotto

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da Folha de S.Paulo

Título de peça homônima do dramaturgo espanhol Fernando Arrabal, Cemitério de Automóveis converteu-se entre nós, também, em sinônimo de Mário Bortolotto, o autor, ator e diretor.

Ele foi um dos fundadores do grupo em Londrina (82), sua terra natal. Desde então, Bortolotto, 39, escreve e encena seus textos com certa produção compulsiva de fazer par a Nelson Rodrigues ou Plínio Marcos (este uma influência confessa).

Bortolotto soma por volta de 40 textos para teatro, mas sua condição primeira de escritor o leva a campos outros como o jornalismo (foi colunista de diários paranaenses), literatura (publicou contos, romances, poesias) e música (é vocalista bissexto da Cachorros Gostam de Bourbon, banda que já gravou CD independente, espécie de versão "rock'in'blues" do grupo).

O Cemitério se mudou para São Paulo em 96, em busca do auto-sustento por meio do teatro. Primeiro veio Bortolotto. Depois, outros atores como Christine Vianna e Joeli Pimentel, este o único remanescente. Entre os agregados do núcleo atual, estão Fernanda d'Umbra, Aline Abovsky, João Fábio Cabral e Wilton Andrade.

Com personagens em sua maioria jovens, que vivem histórias em condições-limite de confronto social, afetivo e existencial, sempre impregnados de humor, a obra dramática de Bortolotto traz "óbvias influências" dos americanos Jack Kerouac e Charles Bukowski, segundo o pesquisador Sebastião Milaré.

Latas de cerveja, óculos escuros, botas desbotadas, enfim, largados na vida e no jeito de se vestir, os vagabundos, desempregados, drogados, prostitutas, patricinhas ou boyzinhos das peças de Bortolotto são retratados sem retoques, de forma realista.

É esse teatro maldito, de parcos recursos, antipsicologizante, sem concessões nos temas e, sobretudo, muito desbundado que vem conferindo visibilidade ao Cemitério de Bortolotto, para quem o reconhecimento implica admiradores e desafetos. "É como o Zagallo: há quem goste ou odeie, mas tem que engolir", afirma.

Em 2000, no mesmo porão do Centro Cultural São Paulo (espaço Ademar Guerra), foram apresentadas 14 peças. Agora, na 2ª Mostra de Teatro Cemitério de Automóveis, de 9 de julho a 29 de setembro, cerca 80 atores, alguns convidados de outros grupos (Circo Mínimo, Tapa, Parlapatões, Le Plat du Jur), vão encenar 26 textos -20 de Bortolotto, um de Pimentel e cinco adaptados de romances ou contos. São eles Marçal Aquino ("Faroestes"), Marcelo Mirisola ("O Herói Devolvido"), Reinaldo Moraes ("Tanto Faz"), Daniel Pellizzari ("Ovelhas que Voam se Perdem no Céu") e Daniel Galera ("Dentes Guardados").

Algumas peças serão dirigidas por convidados: Elias Andreatto, Jairo Mattos, Marco Antônio Pâmio e Marcos Loureiro. Também será feito um documentário.

A mostra custa cerca de R$ 4.000, calcula a atriz e produtora Fernanda d'Umbra, 31, que reforça a colaboração dos elencos e técnicos em trabalhar por conta da bilheteria. "Todos têm boa vontade e humor. A única coisa que pedimos para os atores é que cheguem com o texto decorado e produzam seus figurinos."
 

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