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28/07/2000
-
04h09
PEDRO ALEXANDRE SANCHES, da Folha de S.Paulo
A cantora carioca Elza Soares coroa com mais uma volta por cima uma carreira de quatro décadas já repleta de voltas por cima.
Ela cumpre a partir de hoje temporada de duas semanas do show "Dura na Queda", no teatro Renaissance, em São Paulo.
"Nunca tive uma produção assim em minha vida. Está sendo "a" produção. É um show bonito, é um show feliz. Aliás, alguém já me viu infeliz? É só se conscientizar que você é feliz e que a vida é um susto", relata a cantora.
A superprodução a que se refere tem direção do compositor José Miguel Wisnik e do cenógrafo Gringo Cardia, iluminação de Maneco Quinderé e figurino de Cao Albuquerque.
"Não tenho gravadora nem patrocínio. Foi tudo uma vontade do produtor José Gonzaga Araújo, do Wisnik e do Gringo de trazer Elza Soares para o palco com respeito. Não me sinto o máximo, me sinto uma operária da música", manda Elza.
Além de banda com cinco integrantes, há o grupo Afroreggae, nascido na favela de Vigário Geral, nas canções "Ziriguidum" (do repertório de Jackson do Pandeiro), "Haiti" (Caetano Veloso-Gilberto Gil) e "Língua" (Caetano).
No repertório, há também Ernesto Nazareth ("Bambino"), Ataulfo Alves ("Mulata Assanhada"), Antonio Maria ("Ninguém me Ama"), Chico Buarque ("Meu Guri" e o tema inédito que dá nome ao show), Luiz Melodia ("Fadas"), Zeca Pagodinho ("Verdade", "A Macumba da Nega")...
O luxo caracteriza o ponto alto em trajetória que, iniciada com brilhos de formuladora de uma mistura original de samba, jazz, blues e balanço, conheceu vários picos de baixa.
Estrela da Odeon (hoje EMI) nos anos 60, desde 77 Elza pula de gravadora em gravadora, em trilha discográfica errática. Após passar por CBS (hoje Sony), Som Livre, RGE e Universal nos 80 e 90, resolveu, em 99, bancar lançamento independente, com o disco ao vivo "Carioca da Gema".
"Os meninos estão batalhando por uma gravadora. Estão estudando um grande trabalho, com muita dignidade. Hoje sou produzida e dirigida, não falo nada", ela responde à pergunta sobre um possível novo disco. "Este show merece um disco, mas não quero que seja ao vivo. Ao vivo perde um pouco a qualidade."
Um prometido lado teatral surge, segundo Elza, nas canções tristes do show -"Lama" (Paulo Marques-Alice Chaves), "Ninguém me Ama" e "Meu Guri".
"Toda vez que canto essas, digo que vou ficar firme. Mas não dá para segurar. Em "Meu Guri", vem a lembrança do meu guri, parece que canto para ele mesmo. Tem que ter força. Quem é que nunca perdeu um guri na vida?", divaga, evocando o filho morto aos 9 anos, em 86.
Mas a teatralidade do show vem da tristeza? "É. Da lama é que nascem os lindos lírios. É onde você pode mostrar o intérprete que é. Alegria é muito mais fácil de mostrar", conclui.
Show: Dura na Queda
Artista: Elza Soares
Onde: teatro Renaissance (al. Santos, 2.233, Jardins, tel. 0/xx/11/3069-2233)
Quando: de hoje a 6 de agosto, sextas e sábados, às 21h30, e domingos, às 19h
Quanto: R$ 25 ou R$ 62 (ingresso e jantar)
Clique aqui para ler mais de Ilustrada na Folha Online
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"Dura na Queda" coroa outra volta por cima de Elza Soares
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A cantora carioca Elza Soares coroa com mais uma volta por cima uma carreira de quatro décadas já repleta de voltas por cima.
Ela cumpre a partir de hoje temporada de duas semanas do show "Dura na Queda", no teatro Renaissance, em São Paulo.
"Nunca tive uma produção assim em minha vida. Está sendo "a" produção. É um show bonito, é um show feliz. Aliás, alguém já me viu infeliz? É só se conscientizar que você é feliz e que a vida é um susto", relata a cantora.
A superprodução a que se refere tem direção do compositor José Miguel Wisnik e do cenógrafo Gringo Cardia, iluminação de Maneco Quinderé e figurino de Cao Albuquerque.
"Não tenho gravadora nem patrocínio. Foi tudo uma vontade do produtor José Gonzaga Araújo, do Wisnik e do Gringo de trazer Elza Soares para o palco com respeito. Não me sinto o máximo, me sinto uma operária da música", manda Elza.
Além de banda com cinco integrantes, há o grupo Afroreggae, nascido na favela de Vigário Geral, nas canções "Ziriguidum" (do repertório de Jackson do Pandeiro), "Haiti" (Caetano Veloso-Gilberto Gil) e "Língua" (Caetano).
No repertório, há também Ernesto Nazareth ("Bambino"), Ataulfo Alves ("Mulata Assanhada"), Antonio Maria ("Ninguém me Ama"), Chico Buarque ("Meu Guri" e o tema inédito que dá nome ao show), Luiz Melodia ("Fadas"), Zeca Pagodinho ("Verdade", "A Macumba da Nega")...
O luxo caracteriza o ponto alto em trajetória que, iniciada com brilhos de formuladora de uma mistura original de samba, jazz, blues e balanço, conheceu vários picos de baixa.
Estrela da Odeon (hoje EMI) nos anos 60, desde 77 Elza pula de gravadora em gravadora, em trilha discográfica errática. Após passar por CBS (hoje Sony), Som Livre, RGE e Universal nos 80 e 90, resolveu, em 99, bancar lançamento independente, com o disco ao vivo "Carioca da Gema".
"Os meninos estão batalhando por uma gravadora. Estão estudando um grande trabalho, com muita dignidade. Hoje sou produzida e dirigida, não falo nada", ela responde à pergunta sobre um possível novo disco. "Este show merece um disco, mas não quero que seja ao vivo. Ao vivo perde um pouco a qualidade."
Um prometido lado teatral surge, segundo Elza, nas canções tristes do show -"Lama" (Paulo Marques-Alice Chaves), "Ninguém me Ama" e "Meu Guri".
"Toda vez que canto essas, digo que vou ficar firme. Mas não dá para segurar. Em "Meu Guri", vem a lembrança do meu guri, parece que canto para ele mesmo. Tem que ter força. Quem é que nunca perdeu um guri na vida?", divaga, evocando o filho morto aos 9 anos, em 86.
Mas a teatralidade do show vem da tristeza? "É. Da lama é que nascem os lindos lírios. É onde você pode mostrar o intérprete que é. Alegria é muito mais fácil de mostrar", conclui.
Show: Dura na Queda
Artista: Elza Soares
Onde: teatro Renaissance (al. Santos, 2.233, Jardins, tel. 0/xx/11/3069-2233)
Quando: de hoje a 6 de agosto, sextas e sábados, às 21h30, e domingos, às 19h
Quanto: R$ 25 ou R$ 62 (ingresso e jantar)
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