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04/07/2002
-
03h12
SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo
Para disputar R$ 2,44 milhões em patrocínio à produção cinematográfica de São Paulo, 191 concorrentes apresentaram seus projetos. Se o total oferecido fosse dividido entre todos os candidatos, cada um teria pouco mais que R$ 12.500 como incentivo para levar adiante sua proposta.
Mas haverá apenas 23 vencedores, escolhidos por cinco comissões de especialistas, reunidos de acordo com as categorias da competição.
A prefeitura define o prêmio como co-patrocínio, uma vez que, na maioria dos casos, ele não é capaz de viabilizar integralmente uma produção. O diagnóstico vale para o contexto geral -o concurso em si não dá conta de impulsionar a produção de uma atividade decrescente em São Paulo.
"O valor é simpático, mas não suficiente", diz Carlos Augusto Calil, diretor do Centro Cultural São Paulo, que abriga o departamento de Cinema e Vídeo da prefeitura, responsável pela organização do concurso.
A "simpatia" dos quase R$ 2,5 milhões foi conquistada na Câmara Municipal, que acrescentou o montante à verba da Secretaria de Cultura, depois de uma série de negociações com entidades representativas do cinema paulista.
A aproximação com os vereadores foi alternativa buscada por produtores e cineastas, após a avaliação de que era raro e improdutivo o diálogo com a Secretaria Municipal de Cultura.
O atual concurso é classificado como um "soluço na política cinematográfica" pelo presidente da Apaci (Associação Paulista de Cineastas), Toni Venturi, que cobra mais ações: "O secretário havia prometido receber-nos em fevereiro para apresentar um projeto. Queremos verdadeira política cultural, e não ações pontuais".
"Cala-boca"
Concorrente com um projeto de roteiro e juiz da comissão de finalização de longas-metragens, o cineasta Ugo Giorgetti tem avaliação ainda mais severa sobre o concurso. "É um "cala-boca", que revela o imenso fracasso da tentativa de estabelecer uma política para o cinema em São Paulo."
Giorgetti ressalva que o secretário Marco Aurélio Garcia e o diretor Calil "são ótimas pessoas, muito preparadas e bem-intencionadas", mas diz que "esse processo é igual ao de administrações como as de Pitta e Maluf". "Eu esperava uma política duradoura, e não a velha tese: "os cães estão ladrando, joguemos alguns ossos"."
O diretor de "Sábado" diz que se inclui em todas as críticas que formula e se reconhece como "mais um cão a ladrar pela madrugada". "Os cineastas têm culpa nisso, pela manutenção da postura "me dá um dinheiro aí'", diz Giorgetti.
O montador gaúcho Giba Assis Brasil, que preside a comissão de seleção de longas-metragens, diz que o patrocínio "significa um mínimo de possibilidade de voltar a produzir em São Paulo, que sempre foi um pólo brasileiro".
"A verdade é que todo o esquema de produção do cinema nacional está estruturado numa base muito frágil, que é a do incentivo fiscal.
Esse mecanismo está completamente esgotado, além de representar uma atitude irresponsável do Estado, ao deixar nas mãos do mercado as decisões sobre a cultura", afirma Assis Brasil.
Calil avalia que "se os resultados [do concurso] forem bons, renderão cacife político para pedir mais verba e consolidar o programa".
Outro lado
Procurado pela Folha na semana passada, o secretário Marco Aurélio Garcia disse que só poderia dar entrevista ontem. Na terça, sua assessoria cancelou a conversa, informando que Garcia deveria viajar para Brasília.
Em SP, 191 cineastas disputam R$ 2,44 milhões em patrocínios
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da Folha de S.Paulo
Para disputar R$ 2,44 milhões em patrocínio à produção cinematográfica de São Paulo, 191 concorrentes apresentaram seus projetos. Se o total oferecido fosse dividido entre todos os candidatos, cada um teria pouco mais que R$ 12.500 como incentivo para levar adiante sua proposta.
Mas haverá apenas 23 vencedores, escolhidos por cinco comissões de especialistas, reunidos de acordo com as categorias da competição.
A prefeitura define o prêmio como co-patrocínio, uma vez que, na maioria dos casos, ele não é capaz de viabilizar integralmente uma produção. O diagnóstico vale para o contexto geral -o concurso em si não dá conta de impulsionar a produção de uma atividade decrescente em São Paulo.
"O valor é simpático, mas não suficiente", diz Carlos Augusto Calil, diretor do Centro Cultural São Paulo, que abriga o departamento de Cinema e Vídeo da prefeitura, responsável pela organização do concurso.
A "simpatia" dos quase R$ 2,5 milhões foi conquistada na Câmara Municipal, que acrescentou o montante à verba da Secretaria de Cultura, depois de uma série de negociações com entidades representativas do cinema paulista.
A aproximação com os vereadores foi alternativa buscada por produtores e cineastas, após a avaliação de que era raro e improdutivo o diálogo com a Secretaria Municipal de Cultura.
O atual concurso é classificado como um "soluço na política cinematográfica" pelo presidente da Apaci (Associação Paulista de Cineastas), Toni Venturi, que cobra mais ações: "O secretário havia prometido receber-nos em fevereiro para apresentar um projeto. Queremos verdadeira política cultural, e não ações pontuais".
"Cala-boca"
Concorrente com um projeto de roteiro e juiz da comissão de finalização de longas-metragens, o cineasta Ugo Giorgetti tem avaliação ainda mais severa sobre o concurso. "É um "cala-boca", que revela o imenso fracasso da tentativa de estabelecer uma política para o cinema em São Paulo."
Giorgetti ressalva que o secretário Marco Aurélio Garcia e o diretor Calil "são ótimas pessoas, muito preparadas e bem-intencionadas", mas diz que "esse processo é igual ao de administrações como as de Pitta e Maluf". "Eu esperava uma política duradoura, e não a velha tese: "os cães estão ladrando, joguemos alguns ossos"."
O diretor de "Sábado" diz que se inclui em todas as críticas que formula e se reconhece como "mais um cão a ladrar pela madrugada". "Os cineastas têm culpa nisso, pela manutenção da postura "me dá um dinheiro aí'", diz Giorgetti.
O montador gaúcho Giba Assis Brasil, que preside a comissão de seleção de longas-metragens, diz que o patrocínio "significa um mínimo de possibilidade de voltar a produzir em São Paulo, que sempre foi um pólo brasileiro".
"A verdade é que todo o esquema de produção do cinema nacional está estruturado numa base muito frágil, que é a do incentivo fiscal.
Esse mecanismo está completamente esgotado, além de representar uma atitude irresponsável do Estado, ao deixar nas mãos do mercado as decisões sobre a cultura", afirma Assis Brasil.
Calil avalia que "se os resultados [do concurso] forem bons, renderão cacife político para pedir mais verba e consolidar o programa".
Outro lado
Procurado pela Folha na semana passada, o secretário Marco Aurélio Garcia disse que só poderia dar entrevista ontem. Na terça, sua assessoria cancelou a conversa, informando que Garcia deveria viajar para Brasília.
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