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04/07/2002
-
22h22
MARCELO BARTOLOMEI
Editor de entretenimento da Folha Online
Reabre nesta sexta-feira, dia 5, para o público, o prédio que serviu de sede para o temido Dops (Departamento de Ordem Política e Social) por mais de 50 anos em São Paulo, cujo principal registro ficou com a tortura e as prisões políticas dos anos 70 e 80 no país.
As paredes sujas e os ambientes escuros foram totalmente recuperados e ganharam branco, muita luz natural, cores e iluminação que dão nova vida ao prédio, construído em 1914 pelo arquiteto Ramos de Azevedo, importante personagem da história das construções paulistanas.
Restaurado pela Secretaria de Estado da Cultura a R$ 12 milhões, com apoio do governo federal (60% da verba) e da iniciativa privada (20%), o Dops vira, a partir de agora, página da história brasileira.
Do antigo prédio de 7.500 metros quadrados, na região da Luz, só sobraram quatro celas, de 15 metros quadrados cada, com vagas lembranças da repressão. O restante, para quem não conhece a história, passa desapercebido. Foram mantidas as colunas verticais e a estrutura de ferro original do lobby.
As celas, que ainda mantêm suas paredes escuras, grades e portas com enormes trancas, abrigam agora o Memorial da Liberdade, espaço em que serão mostradas 30 gravuras produzidas por artistas brasileiros ilustrando os artigos da Declaração Universal dos Direitos do Homem, a primeira das exposições.
Lembranças das atrocidades cometidas contra presos políticos também estarão em sete telas sobre a tortura, produzidas por vários exilados latino-americanos na Europa nos anos 70. O acervo, que pertencia ao argentino Julio Le Parc, foi doado à Secretaria da Cultura.
O antigo prédio do Dops tem cinco andares, uma escadaria em mármore carrara original que foi recuperada e vai abrigar, no futuro, o Museu do Imaginário do Povo Brasileiro, que deveria ser aberto ainda neste ano, mas vai esperar as eleições.
O trabalho de restauração, coordenado pelo arquiteto Haron Cohen, deu ao prédio os ares e a importância que ele teve na época de sua inauguração, quando serviu de armazém de produtos da malha ferroviária.
Fichados
Enquanto não vira museu, o antigo prédio do Dops vai expor algumas das centenas de fichas registradas no Dops, de artistas e políticos, com um pouco do que foi recuperado e pode mostrar como as personalidades eram investigadas.
As fichas estão todas arquivadas e foram recuperadas para a exposição "Cotidiano Vigiado", que, pela primeira vez, vai mostrar imagens e documentos dos arquivos da polícia política brasileira, conservados desde 91 no Arquivo do Estado.
Entre os artistas que foram fichados no Dops estão Monteiro Lobato, Anita Malfati, Oswald de Andrade e Flávio de Carvalho. Já entre os políticos e personalidades vigiadas estão D. Paulo Evaristo Arns, Mário Covas, Lula, José Dirceu, José Mindlin, Hebe Camargo, Elis Regina e José Serra, entre outros.
"Cotidiano Vigiado" fica até setembro no 4º andar do prédio e a entrada é gratuita.
Além dela, uma instalação do artista plástico Siron Franco com 880 bonecos de espuma, representando seres humanos, vai lembrar o passado sob o título "Intolerância".
Veja galeria do Dops antigo
Veja galeria do novo Dops
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Editor de entretenimento da Folha Online
Reabre nesta sexta-feira, dia 5, para o público, o prédio que serviu de sede para o temido Dops (Departamento de Ordem Política e Social) por mais de 50 anos em São Paulo, cujo principal registro ficou com a tortura e as prisões políticas dos anos 70 e 80 no país.
As paredes sujas e os ambientes escuros foram totalmente recuperados e ganharam branco, muita luz natural, cores e iluminação que dão nova vida ao prédio, construído em 1914 pelo arquiteto Ramos de Azevedo, importante personagem da história das construções paulistanas.
Divulgação ![]() |
O Dops antigo; veja fotos |
M.Bartolomei ![]() |
O novo prédio; veja fotos |
Restaurado pela Secretaria de Estado da Cultura a R$ 12 milhões, com apoio do governo federal (60% da verba) e da iniciativa privada (20%), o Dops vira, a partir de agora, página da história brasileira.
Do antigo prédio de 7.500 metros quadrados, na região da Luz, só sobraram quatro celas, de 15 metros quadrados cada, com vagas lembranças da repressão. O restante, para quem não conhece a história, passa desapercebido. Foram mantidas as colunas verticais e a estrutura de ferro original do lobby.
As celas, que ainda mantêm suas paredes escuras, grades e portas com enormes trancas, abrigam agora o Memorial da Liberdade, espaço em que serão mostradas 30 gravuras produzidas por artistas brasileiros ilustrando os artigos da Declaração Universal dos Direitos do Homem, a primeira das exposições.
Lembranças das atrocidades cometidas contra presos políticos também estarão em sete telas sobre a tortura, produzidas por vários exilados latino-americanos na Europa nos anos 70. O acervo, que pertencia ao argentino Julio Le Parc, foi doado à Secretaria da Cultura.
O antigo prédio do Dops tem cinco andares, uma escadaria em mármore carrara original que foi recuperada e vai abrigar, no futuro, o Museu do Imaginário do Povo Brasileiro, que deveria ser aberto ainda neste ano, mas vai esperar as eleições.
O trabalho de restauração, coordenado pelo arquiteto Haron Cohen, deu ao prédio os ares e a importância que ele teve na época de sua inauguração, quando serviu de armazém de produtos da malha ferroviária.
Fichados
Enquanto não vira museu, o antigo prédio do Dops vai expor algumas das centenas de fichas registradas no Dops, de artistas e políticos, com um pouco do que foi recuperado e pode mostrar como as personalidades eram investigadas.
As fichas estão todas arquivadas e foram recuperadas para a exposição "Cotidiano Vigiado", que, pela primeira vez, vai mostrar imagens e documentos dos arquivos da polícia política brasileira, conservados desde 91 no Arquivo do Estado.
Entre os artistas que foram fichados no Dops estão Monteiro Lobato, Anita Malfati, Oswald de Andrade e Flávio de Carvalho. Já entre os políticos e personalidades vigiadas estão D. Paulo Evaristo Arns, Mário Covas, Lula, José Dirceu, José Mindlin, Hebe Camargo, Elis Regina e José Serra, entre outros.
"Cotidiano Vigiado" fica até setembro no 4º andar do prédio e a entrada é gratuita.
Além dela, uma instalação do artista plástico Siron Franco com 880 bonecos de espuma, representando seres humanos, vai lembrar o passado sob o título "Intolerância".
![](http://www.uol.com.br/folha/galeria/images/foto.gif)
![](http://www.uol.com.br/folha/galeria/images/foto.gif)
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