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14/07/2002 - 10h50

CD do Racionais MCs retrata "guerra civil" de São Paulo

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ISRAEL DO VALE
editor-adjunto da Ilustrada
XICO SÁ
da Folha de S. Paulo

"Nada como um Dia Após o Outro Dia -¤Chora Agora", o disco novo do Racionais MC's que é motivo de correria dos jovens às lojas da cidade de São Paulo, começa com uma saudação de alvorada na periferia da capital.

"Estamos iniciando as nossas transmissões (...). Vamo acordá, vamo acordááá", anuncia Mano Brown, o mestre de cerimônias do grupo, em ritmo de rádio pirata.
O canto do galo e o barulho de reloginho paraguaio ao fundo, sonoplastia aparentemente inocente, dão o contraponto para as cenas de "guerra civil" que marcam o conjunto da obra dos rappers mais influentes do país.

Depois vem a crônica da violência e do desprezo do chamado "Brasil oficial" pela "Nação clandestina" que se agarra ao que pode para sobreviver nas periferias das metrópoles. O CD duplo dos Racionais é o mais político do ano eleitoral de 2002. "Crime Vai e Vem", "Na Fé, Firmão", "A Vida é Desafio" são algumas das 21 faixas que pisam pesado na narrativa do cotidiano violento dos arrabaldes de São Paulo.

Os quatro componentes do grupo têm origem nas zonas norte e sul. Edy Rock e KL Jay são da "ZN"; Mano Brown e Ice Blue pertencem à "ZS", como os jovens paulistanos costumam abreviar a geografia da sobrevivência
.
A união do quarteto se deu por intermédio de produtor Milton Sales, de origem cearense, que foi produtor do grupo durante muitos anos. Em 88, a gravação de "Pânico na Zona Sul", em coletânea de novos representantes do rap ("Consciência Black", primeiro disco com o selo Zimbabwe), já mostrava o que viria a ser hoje a trilha sonora da violência crescente da cidade.

Salões

Os rapazes dos Racionais resistem a aparições em programas da Rede Globo. Já receberam várias propostas da emissora e recusaram. Preferem lotar salões de baile da periferia da Grande São Paulo ou de morros do Rio, onde também são festejados.

Não há registros de violência durante os seus shows. Já se apresentaram em prédios da Febem paulistana e para presos da Casa de Detenção (Carandiru).
 

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