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17/07/2002
-
04h14
LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo, em Miami
James McNamara, presidente da rede Telemundo, acredita que as parcerias na programação possam ser um embrião para futuras sociedades na televisão.
Ele acredita que a General Eletric, dona da NBC, que comprou a Telemundo, tenha interesse na Globo. "Eles acreditam em investimento em mídia. Está sendo muito boa a experiência que estão tendo com a NBC e a Telemundo, e eles sabem bem que a Globo é uma empresa em expansão, que ainda não terminou de crescer. A Globo ainda não fez a expansão que poderia fazer", afirmou.
McNamara diz que tem interesse em comprar reportagens produzidas pela Globo. "Aquelas esotéricas do "Fantástico" com ovnis, extraterrestres, agradariam muito ao nosso telespectador."
Leia a continuação da entrevista dada à Folha.
Folha - Como seria a parceria com a Globo na área jornalística?
James McNamara - Poderia ser em vários níveis. Há muitas reportagens do "Fantástico", do "Globo Repórter", que podemos utilizar. Aquelas esotéricas do "Fantástico" com ovnis, extraterrestres, agradariam muito ao nosso telespectador. Mais para frente, há a possibilidade de que a Globo faça reportagens em duas versões, uma internacional e uma local. E a Telemundo e a NBC têm um catálogo muito grande de coisas que a Globo poderia utilizar também.
Folha - Além da co-produção para os Estados Unidos, a Telemundo tem projetos de fazer algo para ser exibido no Brasil?
McNamara - Estamos estudando alguns projetos. A idéia seria incluir nossos artistas em alguma produção da Globo que tenha a ver com o mundo hispânico.
Folha - Wolf Maia [diretor-geral de "Vale Todo"" e Carlos Lombardi estão desenvolvendo uma novela que se chamaria "Cubanacan", um país latino-americano fictício.
McNamara - E nós provavelmente participaremos de alguma forma, dando algum tipo de apoio. Não interferindo na criatividade, na parte artística, claro. Mas esse projeto é muito interessante para nós e queríamos ajudar. Seria bom para nós e poderia sair mais barato para a Globo também.
Folha - O sr. acredita que esse tipo de co-produção entre a Telemundo e a Globo possa ser um ensaio para uma parceria maior, em que as empresas se tornem sócias, já que foi liberada a entrada do capital estrangeiro no Brasil?
McNamara - Eu diria que isso é uma possibilidade. A Telemundo, para esse tipo de acordo, é uma empresa pequena. O que atraiu a General Eletric [dona da emissora NBC, que comprou a Telemundo] foi a possibilidade que a emissora dá de crescimento a longo prazo para a NBC, o que é muito importante para o grupo.
Folha - Seria possível algum tipo de sociedade com a NBC? O sr. acha que a General Eletric teria interesse em investir na Globo?
McNamara - Sim. Eles acreditam em investimento em mídia. Está sendo muito boa a experiência que estão tendo com a NBC e a Telemundo, e eles sabem bem que a Globo é uma empresa em expansão, que ainda não terminou de crescer. A Globo ainda não fez a expansão que poderia fazer.
Folha - No Brasil, há quem acredite que a entrada do capital estrangeiro possa prejudicar o conteúdo nacional na programação. Existe uma preocupação grande com a teledramaturgia e com o jornalismo, principalmente. Como o sr., presidente de uma empresa de Porto Rico, sediada nos EUA, que tem produções em vários países da América Latina, vê essa questão?
McNamara - Duas coisas diferentes: uma é a independência do jornalismo. Os jornalistas têm de ter a liberdade de expressar suas opiniões, e eles costumam preservar sua independência. Se entrasse um investidor americano em uma empresa brasileira de mídia, ele não mexeria no jornalismo.
Folha - E fora do jornalismo?
McNamara - No aspecto artístico, existe algo curioso. Geralmente os países fechados não têm bons produtos. Por exemplo, o Brasil é famoso por fechar mercado para os computadores, mas o negócio de computador no Brasil não cresceu para ser uma força mundial. Mas, curiosamente, a Globo mudou isso. Consegue fazer produtos excelentes, como as novelas. Nesse caso, o fato de ser um mercado mais fechado, acabou beneficiando o Brasil.
Folha - Mas a abertura ao capital estrangeiro pode refletir na programação? Ou o conteúdo é definido pelo que a audiência escolhe?
McNamara - Definitivamente é a audiência que dita a programação. E "Vale Todo" é uma prova disso, de que o produto tem de ser feito com o foco no que irá agradar ao telespectador.
Folha - Então o sr. acredita que o investidor estrangeiro não deva interferir na programação?
McNamara - Isso seria ruim para a Globo e para o comprador. Quando a Sony comprou a Telemundo, três anos atrás, trocou muito a programação. De 15% de audiência, baixamos para 5%. Eles chegaram dizendo: "Vamos ensinar aos hispanos qual é a boa programação". Os telespectadores trocaram de canal.
"Parcerias podem ser embrião de sociedades", diz McNamara
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da Folha de S.Paulo, em Miami
James McNamara, presidente da rede Telemundo, acredita que as parcerias na programação possam ser um embrião para futuras sociedades na televisão.
Ele acredita que a General Eletric, dona da NBC, que comprou a Telemundo, tenha interesse na Globo. "Eles acreditam em investimento em mídia. Está sendo muito boa a experiência que estão tendo com a NBC e a Telemundo, e eles sabem bem que a Globo é uma empresa em expansão, que ainda não terminou de crescer. A Globo ainda não fez a expansão que poderia fazer", afirmou.
McNamara diz que tem interesse em comprar reportagens produzidas pela Globo. "Aquelas esotéricas do "Fantástico" com ovnis, extraterrestres, agradariam muito ao nosso telespectador."
Leia a continuação da entrevista dada à Folha.
Folha - Como seria a parceria com a Globo na área jornalística?
James McNamara - Poderia ser em vários níveis. Há muitas reportagens do "Fantástico", do "Globo Repórter", que podemos utilizar. Aquelas esotéricas do "Fantástico" com ovnis, extraterrestres, agradariam muito ao nosso telespectador. Mais para frente, há a possibilidade de que a Globo faça reportagens em duas versões, uma internacional e uma local. E a Telemundo e a NBC têm um catálogo muito grande de coisas que a Globo poderia utilizar também.
Folha - Além da co-produção para os Estados Unidos, a Telemundo tem projetos de fazer algo para ser exibido no Brasil?
McNamara - Estamos estudando alguns projetos. A idéia seria incluir nossos artistas em alguma produção da Globo que tenha a ver com o mundo hispânico.
Folha - Wolf Maia [diretor-geral de "Vale Todo"" e Carlos Lombardi estão desenvolvendo uma novela que se chamaria "Cubanacan", um país latino-americano fictício.
McNamara - E nós provavelmente participaremos de alguma forma, dando algum tipo de apoio. Não interferindo na criatividade, na parte artística, claro. Mas esse projeto é muito interessante para nós e queríamos ajudar. Seria bom para nós e poderia sair mais barato para a Globo também.
Folha - O sr. acredita que esse tipo de co-produção entre a Telemundo e a Globo possa ser um ensaio para uma parceria maior, em que as empresas se tornem sócias, já que foi liberada a entrada do capital estrangeiro no Brasil?
McNamara - Eu diria que isso é uma possibilidade. A Telemundo, para esse tipo de acordo, é uma empresa pequena. O que atraiu a General Eletric [dona da emissora NBC, que comprou a Telemundo] foi a possibilidade que a emissora dá de crescimento a longo prazo para a NBC, o que é muito importante para o grupo.
Folha - Seria possível algum tipo de sociedade com a NBC? O sr. acha que a General Eletric teria interesse em investir na Globo?
McNamara - Sim. Eles acreditam em investimento em mídia. Está sendo muito boa a experiência que estão tendo com a NBC e a Telemundo, e eles sabem bem que a Globo é uma empresa em expansão, que ainda não terminou de crescer. A Globo ainda não fez a expansão que poderia fazer.
Folha - No Brasil, há quem acredite que a entrada do capital estrangeiro possa prejudicar o conteúdo nacional na programação. Existe uma preocupação grande com a teledramaturgia e com o jornalismo, principalmente. Como o sr., presidente de uma empresa de Porto Rico, sediada nos EUA, que tem produções em vários países da América Latina, vê essa questão?
McNamara - Duas coisas diferentes: uma é a independência do jornalismo. Os jornalistas têm de ter a liberdade de expressar suas opiniões, e eles costumam preservar sua independência. Se entrasse um investidor americano em uma empresa brasileira de mídia, ele não mexeria no jornalismo.
Folha - E fora do jornalismo?
McNamara - No aspecto artístico, existe algo curioso. Geralmente os países fechados não têm bons produtos. Por exemplo, o Brasil é famoso por fechar mercado para os computadores, mas o negócio de computador no Brasil não cresceu para ser uma força mundial. Mas, curiosamente, a Globo mudou isso. Consegue fazer produtos excelentes, como as novelas. Nesse caso, o fato de ser um mercado mais fechado, acabou beneficiando o Brasil.
Folha - Mas a abertura ao capital estrangeiro pode refletir na programação? Ou o conteúdo é definido pelo que a audiência escolhe?
McNamara - Definitivamente é a audiência que dita a programação. E "Vale Todo" é uma prova disso, de que o produto tem de ser feito com o foco no que irá agradar ao telespectador.
Folha - Então o sr. acredita que o investidor estrangeiro não deva interferir na programação?
McNamara - Isso seria ruim para a Globo e para o comprador. Quando a Sony comprou a Telemundo, três anos atrás, trocou muito a programação. De 15% de audiência, baixamos para 5%. Eles chegaram dizendo: "Vamos ensinar aos hispanos qual é a boa programação". Os telespectadores trocaram de canal.
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