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25/07/2002 - 03h07

Desconhecidos ainda têm esperança na eleição da ABL

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IVAN FINOTTI
da Folha de S.Paulo

Às 16h de hoje, quando receberem um bloquinho de 12 cédulas _cada uma com o nome de um candidato_, os imortais da ABL deverão escolher entre Paulo Coelho e Hélio Jaguaribe. Para o lixo, irão as cédulas com dez outros nomes, os chamados candidatos nanicos. O paranaense Paulo Hirano, 66, é um deles.

"Poder ganhar eu posso", acredita ele, que diz já ser membro de academias de Paranapuã e Irajá, no Rio, e de uma outra no Uruguai. "Os outros são famosos, mas não têm passagens por tantas academias como eu. Se não der, insisto. Sou teimoso."

Descendente de japoneses, ele publicou um único livro, de poesias, em 1979, chamado "Extroversão". "Mas tenho 30 inéditos, no duro! Poesia, conto, crítica, esses problemas de política. Escrevo cartas para jornais também", completa.

"Esses são os não-candidatos", considera Arnaldo Niskier, 66, ex-presidente da ABL. Para se candidatar à imortalidade, conta ele, basta ter escrito um livro, qualquer um, e enviar uma carta solicitando a vaga. Uma regra estabelecida por Machado de Assis ao criar o estatuto e, portanto, "imexível".

"Há três tipos de não-candidatos: os ingênuos, os sonhadores e os exibicionistas. Ganham apenas um minuto de fama", fala Niskier. O acadêmico Marcos Almir Madeira, 86, pensa igual: "Se inscrevem para pôr no currículo "foi candidato à Academia". É uma ingenuidade, uma coisa meio cômica".

Cômica ou não, os candidatos parecem levar a sério. "Por que quero entrar na academia? Filho, veja bem: meu lugar é lá", diz o sergipano Felisbelo da Silva, 72, autor dos versos "Anjo de amor que os passos meus conduz/Banindo os pedregais do meu caminho", que abrem seu poema "Mãe".

"Tenho mais de cem obras", gaba-se Silva, ex-investigador. "Filho, veja bem: tem gente na Academia com um livro ou dois", exalta-se. Um de seus best-sellers é "Como Redigir Petições, Procurações, Contratos, Distratos e Atestados".

Waldemar Cláudio dos Santos, 82, está na sétima candidatura. "Escrevi 23 livros, publiquei seis. Mandei um para o príncipe Charles", conta.

Laurita Mourão, 76, escreve literatura erótica, vide "O Incesto em Segundo Grau" e "Decamourão". "Sei que não terei votos. Mas gostaria de sugerir um slogan à Academia: "Cultura, Letras e Sexo". Tem coisa mais importante na vida?"
 

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