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26/07/2002 - 02h30

Banda australiana The Vines lança no Brasil CD de estréia

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CLAUDIA ASSEF
da Folha de S.Paulo

Os australianos do Vines precisaram de apenas um minuto e meio para deixar o mundo rocker de quatro.

A música "Highly Evolved", que dura exatos 90 segundos, é uma amostra concisa do poderoso som da banda: há, no caldeirão dos Vines, uma gorda pitada de Nirvana, faíscas de Beatles, lampejos de britpop e muita, mas muita sensualidade na voz rouca do geniozinho Craig Nicholls, 22.

"Highly Evolved" (altamente evoluído, ou "no nirvana") foi eleita single da semana pelo semanário inglês "NME" em março. Dali para um contrato com a Capitol (EMI no Brasil) e para a condição de próximo Strokes foi um pulo.

O álbum (adivinhe o nome...) foi lançado em meados de julho no mundo e agora chega ao Brasil às pressas para não perder o bonde pop _que fez os Strokes, por exemplo, chegar a boa marca de 43 mil cópias, fora um outro tanto de piratas. O número mostra que, apesar da internet, o fã de rock gosta mesmo de ter o CD.

A qualidade impressionante das músicas dos Vines divide espaço nos jornais com a fama de tantã de Craig Nicholls, vocalista, guitarrista e compositor de todas as músicas do disco.

"Os jornalistas não estão mentindo quando dizem que ele é instável. Ele é capaz de jogar coisas no chão, fazer coisas desses tipo", disse, em entrevista exclusiva à Folha, o baixista Patrick Matthews, 26, fundador dos Vines com Nicholls e o baterista David Oliffe, que deixou a banda por não gostar de viajar.

Desde que "Highly Evolved" apareceu, a rotina da banda se transformou. "Faz um ano que não vamos para a Austrália, faz um ano que não durmo duas noites na mesma cama. Só queria poder voltar para casa", choraminga o baixista, que, há pouco menos de dois anos, tinha como momento alto da carreira com os Vines as apresentações em festinhas de amigos em Sydney. No repertório, muitos covers do Nirvana.

Leia, a seguir, a entrevista com o músico, que funciona como "porta-voz" da banda.

Folha - O pop da Austrália não tem muitos nomes de que se orgulhar. Vocês se consideram uma espécie de redenção australiana?
Patrick Matthews -
É verdade que as bandas australianas que ficaram famosas mundialmente não são lá grandes coisas. Se bem que tenho um respeito pelo INXS e gosto bastante do AC/DC. Midnight Oil não gosto nem um pouco. Se havia um nome forte no pop australiano antes de nós, é o You Am I. Fomos muito influenciados por essa banda.

Folha - Há novas bandas na linha dos Vines surgindo na Austrália?
Matthews -
Não posso te falar com segurança porque faz tempo que não estamos acompanhando o que acontece por lá. Quando estávamos lá, havia alguns moleques tocando bem, começando a aparecer. Mas não sei dizer se há uma cena australiana.

Folha - Vocês são parte de uma geração de bandas que está fazendo de tudo para recuperar a reputação do rock. Saberia explicar como apareceu tanta banda legal ao mesmo tempo?
Matthews -
Não, mas vou tentar. No fim dos anos 90, a dance music ficou muito popular, todo mundo só falava em clubes e DJs. Talvez as pessoas tenham enjoado de ouvir só isso. Posso estar viajando, mas o rock tem algumas peculiaridades. Você pode colocar coisas de folk e de blues nele, por exemplo. Acho que assim nasceram bandas maravilhosas, como os White Stripes.

Folha - Dessa nova geração, quais são suas bandas favoritas?
Matthews -
Folha - Vocês começaram a tocar no meio dos 90, fazendo covers do Nirvana. A idéia é recriar o grunge?
Matthews -
Para te falar a verdade, nem gostamos muito de grunge. Gostamos de alguns discos do Stone Temple Pilots e, claro, adoramos Nirvana e Mudhoney. Mas nem eu nem o Craig nunca fomos fãs de Pearl Jam, Alice in Chains, Soundgarden... Somos realmente fãs de Beatles e Kinks. E temos bastante influência de pop inglês mais recente, bandas como Supergrass, Blur e Verve. Acho que o que agrada no nosso som é essa mistura de influências.

Folha - A imagem que se tem de Craig Nicholls é a de que ele é um cara meio doidinho, com muitos altos e baixos. É isso mesmo?
Matthews -
É... é.

Folha - E ele fica chateado com esse tratamento?
Matthews -
Fica bastante chateado porque ele coloca tanta energia positiva na música que faz... A intenção dele ao fazer músicas é alegrar. E as pessoas ficam perdendo tempo falando sobre como ele é um doidão. Mas, bom, os jornalistas não estão mentindo quando dizem que ele é instável. Ele é capaz de jogar coisas no chão, fazer coisas desses tipo, sim.

Folha - A imprensa inglesa foi a primeira a bombar os Vines. Vocês creditam parte do sucesso a essa exposição na mídia musical?
Matthews -
Sim... Os jornalistas adoram achar bandas de garagem e dizer: "Olha, esses caras vão estourar". Isso aconteceu. Começaram a ficar de olho na gente enquanto ainda nem tínhamos disco, só um single, "Highly Evolved". É claro que aparecer no "NME" e em outras revistas nos ajudou muito. Mas também não quero tirar nosso mérito na história. Demos um duro desgraçado para fazer um disco do jeito que queríamos. Então, se o resultado é legal, é porque merecemos as boas críticas.

Folha - O primeiro CD de vocês acaba de sair, e a banda já aparece como estrela de grandes festivais, como o Glastonbury...
Matthews -
Não é engraçado? A coisa toda é muito estranha. Já estou cansado de viver essa vida esquisita. Faz um ano que não vamos para a Austrália, faz um ano que não durmo duas noites na mesma cama. Só queria poder voltar para casa.

Folha - Mas não é esse sucesso que as bandas de rock buscam?
Matthews -
Não exatamente. Só queria gravar um disco legal... depois de um tempo você descobre que ficar bêbado toda noite não é a coisa mais saudável do mundo.
 

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