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28/07/2002 - 09h05

"O Herói Devolvido" adapta livro de Marcelo Mirisola para o palco

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VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo

Autor de contos e um romance considerados polêmicos, de prosa crua e obscena, o escritor Marcelo Mirisola, 36, foi ao teatro pela primeira vez há cerca de duas décadas, muito provavelmente atraído pelas pernas da atriz Matilde Mastrangi, em montagem da qual não se recorda o nome.

Mirisola só voltou a pisar em teatro há questão de meses, para assistir aos espetáculos do grupo Cemitério de Automóveis, dirigido pelo colega Mário Bortolotto.

"Não entendo nada de teatro", adianta Mirisola. Pela primeira vez, um texto seu é adaptado para o palco. O livro de contos "O Herói Devolvido" vira espetáculo de mesmo nome a partir de hoje, no porão do Centro Cultural São Paulo, dentro da 2ª Mostra Cemitério de Automóveis.

O protagonista Marcelo (interpretado por Fábio Espósito) é uma espécie de alter-ego -o livro é narrado na primeira pessoa. Errante, surge em quadros em que escarnece da vizinha, da zeladora, dos amigos de classe média e sobretudo das prostitutas. "Destrói qualquer possibilidade de redenção", diz Bortolotto, 40, que assina adaptação e direção.

Como o autor, o personagem tem a língua destravada e faz blague com palavras e atitudes politicamente incorretas. Por conta disso, o espetáculo é indicado para maiores de 16 anos.

O escritor diz não ter "expectativa alguma" quanto à encenação. Entrega tudo nas mãos de Bortolotto. Afirma não ter visto os ensaios (o diretor não deixou) ou lido a dramaturgia final, mas a ansiedade pode estar dissimulada no palpite que soprou para o figurino de Marcelo.

"A única coisa que pedi é que o cara [ator" tem que vestir um agasalhão, daqueles tipo "Felipão", com chinelo Rider, meias para dentro do agasalho e camisa social." Prontamente atendido.

Segundo Bortolotto, a adaptação foi "difícil" porque não há história. "Mirisola acha que enredo é coisa de criança", afirma.
A trilha de "O Herói Devolvido" traz o tango de Astor Piazzola e o vozeirão de Erasmo Carlos, o que dá a medida dos extremos.

Mirisola aproveita a sessão de hoje para vender "O Herói Devolvido" e também o seu romance "O Azul do Filho Morto".

Além dele, o grupo incluiu adaptações de mais quatro escritores na mostra que comemora 20 anos de estrada.

Na terça-feira, estréia "Faroestes", adaptação de contos do livro homônimo de Marçal Aquino. Na quinta, é a vez de "Ovelhas que Voam se Perdem no Céu", baseado no livro de contos do gaúcho Daniel Pellizzari. O xará Daniel Galera tem seus contos de "Dentes Guardados" levados ao CCSP a partir de sábado.

Na mesma noite, é reapresentado "Tanto Faz", primeira das adaptações literárias por Bortolotto, desta vez tomando romance cult dos anos 80, de mesmo nome, escrito por Reinaldo Moraes.

O HERÓI DEVOLVIDO
Texto: Marcelo Mirisola
Adaptação e direção: Mário Bortolotto
Com: grupo Cemitério de Automóveis e convidados
Onde: Centro Cultural São Paulo - sala Ademar Guerra (r. Vergueiro, 1.000, tel. 3277-3611)
Quando: hoje, às 18h
Quanto: R$ 5
 

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