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31/07/2002 - 03h49

Atriz Andréa Beltrão emenda três peças seguidas

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MARCELO RUBENS PAIVA
da Folha de S.Paulo

Andréa Beltrão, 37, não sai de um palco há cinco anos seguidos. Protagonizou, pela ordem, "A Dona da História", de João Falcão, "Memória da Água", de Shelagh Stephenson, e está em cartaz no Teatro do Leblon, Rio de Janeiro, com "A Prova", de David Auburn, dramaturgo norte-americano de 28 anos.

Acendendo uma peça na outra, ela ensaia o infantil "Eu e Meu Guarda-Chuva", de Branco Mello e Hugo Possolo, a ser exibida concomitantemente com "A Prova".

O vício do teatro a pegou de jeito. Pela ordem, três grandes sucessos, três textos contemporâneos e três diretores inspirados: João Falcão, Felipe Hirsch e Aderbal Freire. "Eu e Meu Guarda-Chuva" será dirigido pelo marido, Maurício Farias, e Vicente Barcelos.

Há quase 20 anos, Andréa era uma jovem atriz saída do Tablado e, com Débora Bloch, Zé Lavigne, Cláudio Baltar e outros, do grupo Manhas e Manias, investia em infantis e criações coletivas afilhadas do besteirol. Por um longo tempo, a TV a absorveu. Despontou como vértice de Juba & Lula em "Armação Ilimitada" e trabalhou em novelas, como na recente "As Filhas da Mãe". Foi uma época em que fez pouco teatro e três filhos: Chico, 7, Rosa, 5, e Zé, 2.

Morou três anos em São Paulo, no começo dos anos 90, quando não fazia nada. Criada num quarto-e-sala de Copacabana, filha de uma professora de escola pública, ela cria seus personagens olhando as pessoas nas ruas à surdina.

Folha - É difícil ficar tanto tempo em cartaz?
Andréa Beltrão
- É bom pra caramba.

Folha - Quando eu disse que ia te entrevistar, alguém perguntou: "É aquela atriz cômica?"
Beltrão
- Ai, que bom.

Folha - Sua personagem em "Memória da Água" não era cômica...
Beltrão
- Não era.

Folha - Você é uma cômica?
Beltrão
- Espero que sim.

Folha - Prefere ser reconhecida como cômica?
Beltrão
- Ah, eu gosto. Em "Memória da Água", sofri , achava que não iria convencer. Queria me sentir segura, foi o meu primeiro papel dramático no teatro. Fiquei muito aflita. O Felipe (Hirsch, diretor) me chamava de ridícula quando eu achava que nas cenas de emoção as pessoas fossem rir.

Folha - Houve um intervalo grande em sua carreira teatral. O que aconteceu?
Beltrão
- Fiz o figurino de uma peça do Manhas, em São Paulo, mas saiu tudo errado. Depois, veio um fracasso com Paulo Betti, "Ação entre Amigos". Eu estava contratada pela Globo, que começou a me solicitar muito. Curto fazer TV, com aquela parafernália toda. Mas no teatro você pode se produzir. E não pintava uma peça legal, eu não conseguia entrar em uma turma.

Folha - É diferente trabalhar com um grupo que cria coletivamente?
Beltrão
- No Manhas, bolávamos tudo, íamos inventando. Agora, a Andréa não existe, me entrego totalmente ao diretor. Gosto que mandem em mim, ser dirigida. Fico superobediente. A graça dessa profissão é você deixar de ser você mesmo e viver uma outra pessoa qualquer, que alguém escreveu.

Folha - Você aprende com suas personagens?
Beltrão
- Aprendo. Em "A Prova", a personagem é uma pessoa meio esquisita, fora do padrão. Me identifico e gosto de defender uma pessoa assim. Na peça, esse tipo de comportamento, de maneira de levar a vida, vence. Isso me dá liberdade de ser como sou.

Folha - Você ficou atormentada pelo nó de casualidade de "A Dona da História"?
Beltrão
- Fiquei. E ia estacionar o carro e, como a personagem, pensava: "Por que não parar naquela outra vaga?". Mas reprimia estas dúvidas e me dizia: "É aqui que estou e ponto".

Folha - Você ganha bastante dinheiro com teatro?
Beltrão
- Não. Com algumas peças, dá pra viver só de teatro, mas não com todas. Para viver assim, teria de mudar minha vida.

Folha - Você é uma atriz muito requisitada?
Beltrão
- Não. "A Dona da História" foi um autoconvite. Eu e a Marieta (Severo) a produzimos. "Memória da Água", o Felipe me convidou, numa época em que ninguém me chamava. Para fazer "A Prova", o dono do teatro me chamou. Foram só estes convites. Não recusei 500 outras coisas.
 

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