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10/09/2002 - 02h53

Peça "Os Sete Afluentes do Rio Ota" estréia em outubro no Rio

VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo

Nesses tempos de fixação bélica, está-se ensaiando no Brasil uma peça que recorta a segunda metade do século 20, expõe suas feridas pós-Segunda Guerra Mundial e reconhece a vocação cicatrizante do ser humano.

O épico "Os Sete Afluentes do Rio Ota" (96) entrelaça no tempo a história de sete personagens. O ponto de partida é a explosão da bomba atômica em Hiroshima (46), com desdobramentos em diferentes épocas e paisagens (Nova York, Amsterdã, Polônia e Osaka), avançando até 97.

Esse projeto do encenador e dramaturgo canadense Robert Lepage, em criação colaborativa com sua companhia, a Ex Machina, ganha primeira montagem brasileira em outubro, no Rio, e introduz a produtora e cineasta Monique Gardenberg no exercício inédito de direção teatral.

Um dos nomes mais importantes da cena européia contemporânea, Lepage emprega recursos de multimídia no palco, sem afetação, sobretudo de linguagem cinematográfica (projeções casadas com a ação do intérprete), como se viu em dois monólogos já apresentados no Brasil, respectivamente em 98 e 2001: "Needles and Opium" e "the far side of the moon", este protagonizado pelo próprio.

Nascida em Salvador e radicada no Rio, Monique é sócia da Dueto Produções, responsável por projetos como Free Jazz e Carlton Arts. No teatro produziu, entre outros, José Celso Martinez Corrêa, Bia Lessa e Gerald Thomas.

Na lida artística, Monique incursionou profissionalmente pelo cinema com o thriller político "Jenipapo" (96). No momento, finaliza "Benjamin", adaptação do romance de Chico Buarque.

O primeiro contato com a obra de Lepage se deu em 96, quando assistiu à montagem original de "Os Sete Afluentes do Rio Ota" no Next Wave Festival, nos EUA.

"Foi um choque, nunca uma peça de teatro tinha tido tamanho impacto sobre mim", diz a diretora. "Ele aproxima o teatro da gente, fala de maneira que estamos acostumados a ouvir; rompe a autoridade do palco para chegar perto, bem perto mesmo."

Monique se coloca mais como "ensaiadora" do que encenadora. "Quando vi que não tinha uma câmara ou um monitor atrás dos quais eu pudesse me esconder um pouco, fiquei sem chão. Aos pouquinhos fui me acalmando, aprendendo como fazer."

A co-direção é assinada por Michele Matalon, atriz que fez parte da companhia de Gerald Thomas, a Ópera Seca. "São dois caminhos completamente diferentes. O Lepage é mais ilusionista", compara Michele.

A possibilidade de (re)criar a imagem, de fato, foi o que mais atraiu Monique para o palco. "A imagem é a forma com a qual eu tenho mais intimidade. Mas a presença dela neste trabalho do Lepage não é grande. A peça em si é uma imagem, uma imagem ao vivo, em movimento, enquadrada num retângulo baixo e alongado com formato de cinemascope", diz a diretora, que convidou Hélio Eichbauer para empreender cenografia rígida na forma e despojada na aparência.

A peça foi concebida em sete capítulos e dura cerca de seis horas. A montagem brasileira divide o espetáculo em dois atos, um dia para cada um. No entanto, segundo Monique, cada apresentação se encerra em si, "não é obrigatório ao espectador assistir a qualquer uma das partes" para compreender o espetáculo.

O projeto é orçado em R$ 650 mil e tem previsão de temporadas em São Paulo, Brasília e Salvador.

OS SETE AFLUENTES DO RIO OTA. De: Robert Lepage. Tradução: Sérgio Maciel e Monique Gardenberg. Direção: Monique Gardenberg. Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Primeiro de Março, 66, centro, Rio de Janeiro, tel. 0/ xx/21/3808-2020). Quando: estréia dia 2 de
 

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