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10/09/2002 - 03h15

Tráfico de órgãos é tema do cineasta inglês Stephen Frears

da Folha de S.Paulo, em Veneza

O 59º Festival de Cinema de Veneza, que terminou no último domingo, teve ao menos duas pérolas na competição oficial: "Dirty Pretty Things", do inglês Stephen Frears, e "Dolls", do japonês Takeshi Kitano. Nenhum deles, porém, foi premiado na mostra.

O filme de Kitano são três histórias de amor que se entrecruzam, todas elas fatalistas, narradas muito livremente, com um formidável trabalho de cores e formas. É cinema de poesia.

O filme de Frears é uma prosa ultracontemporânea sobre o mundo da imigração ilegal na Inglaterra. O diretor está na sua melhor forma, recuperando a atualidade que fez sua fama em "Minha Adorável Lavanderia".

A atriz francesa Audrey Tautou, de "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", faz uma imigrante turca que sonha em imigrar para os EUA. Trabalha num hotel onde funciona uma máfia de tráfico de órgãos humanos, que negocia com os imigrantes miseráveis a troca de um rim, por exemplo, por novo passaporte e algum dinheiro.

Leia a seguir a entrevista feita pela Folha com Frears em Veneza, junto com mais quatro jornalistas de várias partes do mundo.

Folha - A história do tráfico de órgãos parece a de um "snuff movie". Isso acontece de fato na realidade?
Stephen Frears
- Evidentemente, vê-se o tempo todo nos jornais ingleses. Na semana passada, um médico que fazia transplantes ilícitos foi pego pela polícia. Alguém diz: "Você me vende seu rim e eu te dou dinheiro e passaporte". As pessoas aceitam negociar com seus órgãos, na esperança de ter uma vida melhor.

Folha - Por que os EUA representam uma sociedade melhor para os seus personagens?
Frears
- Porque a América é mais rica. É para onde todo mundo quer ir. É uma espécie de paraíso.

Folha - É um paraíso também para a imigração, ao contrário da Europa?
Frears
- É o que as pessoas vêem na televisão: uma vida melhor, com mais prazeres, mais conforto, mais riqueza, um clima bom em qualquer parte.

Folha - "Dirty Pretty Things" é um filme político?
Frears
- Claro. Mas é também um filme romântico, de horror, um thriller. Você pode encarar o filme seriamente ou como um entretenimento. O que eu gosto nele é que tudo é contado de maneira pop.

Folha - Se ele é político, é a respeito do quê?
Frears
- É sobre uma uma sociedade em que o nível de desigualdade é tão grande que você acaba tendo muitos problemas, como crimes e tráfico de órgãos. Essa é a lógica da economia de mercado. Meu filme é também sobre economia política.
 

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