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10/09/2002 - 16h20

Netinho estréia seriado com protagonistas negros em outubro na Record

AUGUSTO PINHEIRO
free-lance para a Folha Online

"O negro merece um espaço melhor na mídia." Com essa frase, Netinho de Paula (pagodeiro e apresentador do "Domingo da Gente", da Record) resumiu o que pretende com o programa "Turma do Gueto", um seriado que mostra o cotidiano de jovens da periferia, com protagonistas negros. A produção independente deve estrear no dia 31 de outubro.

Projeto idealizado pelo próprio Netinho, que também atua no seriado, o programa será exibido às quintas-feiras, provavelmente às 22h. Cada episódio tem uma hora de duração.

"Turma do Gueto" é uma parceria entre a Rede Record e a produtora Casablanca Service Provider, com direção de Pedro Siaretta e Cláudio Callao e roteiro de Laura Malin, que já colaborou com séries norte-americanas como "Os Simpsons" e "Will & Grace".

"O negro no Brasil só ascende socialmente por meio da música, do esporte ou do tráfico de drogas. Queremos abrir uma porta para que ele possa sonhar em ser ator também", disse Netinho, em entrevista coletiva, ressaltando que este é o primeiro seriado produzido no Brasil com a maior parte do elenco formado por atores negros.

"Minha principal intenção é inserir o negro na mídia, já que os grandes veículos sempre se negaram a dar esse espaço, sempre tratando o negro de maneira pejorativa e sem representatividade."

Apesar de ter protagonistas negros, o programa também tem personagens brancos, pois, segundo o apresentador, "hoje em dia, a periferia tem 50% de negros e 50% de brancos, vindos de uma classe média falida". "Eles interagem de uma maneira natural."

O apresentador faz questão de afirmar que o seriado não é panfletário, que a periferia é apenas o pano de fundo para as tramas, que terão romance, disputas, violência e amizade.

História

Netinho interpreta um negro de classe média. "Ele era professor universitário em Porto Alegre e, depois que sai da universidade por conta de um corte, ele volta para a periferia, de onde saiu, para saldar uma dívida com o povo dele", explica.

Diferentemente do apresentador, que, na vida real, também saiu da periferia, a roteirista Laura Malin fez uma espécie de laboratório nos bairros pobres. "Estive na periferia. O Netinho me introduziu a esse universo, que é conhecido de todo mundo, mas do qual estamos muito distantes. Fui ao Capão Redondo (periferia sul de São Paulo), mas também me inspiro em notícias de jornais e TV", diz Laura.

Laura define o programa como "uma ficção 100% real". Ela diz que os roteiros tiveram respaldo dos atores, cuja maior parte saiu da periferia, que disseram que já haviam visto ou vivido situações parecidas.

Além do elenco fixo, com 29 atores, a maioria iniciantes, há participações especiais de Simony, seu marido, o rapper Afro X, Cumpadre Washington (do É o Tchan), e o rapper Big Richard.

"Eles aparecem como personagens, não como artistas", diz Laura. "O único que tem um papel parecido com a vida real é o Afro X, que interpreta o rapper Talento, que quer despontar para o estrelato."

Apoio e estrutura

O projeto já conta com o aval de Pelé, que gravou uma mensagem para ser exibida no início do programa e chamadas de 30 segundos. "Fui um negro pioneiro no futebol. Espero que esse programa possa fazer o mesmo pelos artistas negros", diz no vídeo. Amigo de Netinho, ele não cobrou cachê e pode vir a participar de um episódio.

O programa também teve a colaboração de Mano Brown, do Racionais MC's, "que fechou a favela do Fundão, em São Paulo, para que pudéssemos filmar", diz Netinho, sobre uma das poucas gravações externas.

O rapper paulistano e seu grupo também compuseram uma trilha instrumental para o seriado. Além desse som, haverá música negra brasileira e internacional, que virarão CD. O programa também lançará novos talentos da música.

Para as gravações internas, há um estúdio, de 4.000 metros, com os cenários da Escola Municipal Quilombo, onde se passa grande parte das histórias, e do interior de casas, além de uma vila cenográfica, com 3.000 metros construídos.

Netinho soltou durante a entrevista que o programa seria "uma versão brasileira" do seriado norte-americano "Boston Public" (da Fox) e que os programas norte-americanos seriam uma grande inspiração. Mas a roteirista fez questão de refutar as comparações e afirmar que o programa é totalmente original.

O site do programa já está no ar: www.turmadogueto.com.br.

 

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