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12/09/2002 - 04h10

Companhia de dança Montalvo-Hervieu vislumbra um mundo mestiço

ANA FRANCISCA PONZIO
free-lance para a Folha de S.Paulo

O sucesso da companhia de dança Montalvo-Hervieu no Brasil vem rendendo sucessivas temporadas desde a primeira vez que esse grupo francês se apresentou no país, em 1999. De volta com seu novo espetáculo, "Babelle Heureuse", o elenco multirracial formado por José Montalvo em 1985 apresenta-se de hoje a sábado no teatro Alfa, seguindo depois para Salvador (teatro Castro Alves, dia 17) e Rio de Janeiro (Teatro Municipal, de 19 a 21).

O fato de as platéias brasileiras já terem visto espetáculos anteriores como "Paradis" e "Le Jardin de Io Io Ito Ito" permite apreciar uma trilogia que se completa com "Babelle Heureuse", segundo Montalvo. "Meu trabalho é um work in progress. Apesar da autosuficiência de cada criação, uma ressoa na outra, compondo um encadeamento", disse Montalvo à Folha de sua casa em Paris.

Formado em arquitetura e artes plásticas, Montalvo assumiu a dança na idade adulta. A construção de um repertório e a formação de seu grupo começaram quando ele se associou a Dominique Hervieu, a bailarina e assistente de coreografia que manteve-se como sua parceira artística.

Foi com "Paradis", de 1997, que Montalvo consagrou-se com uma linguagem marcada pelas colagens visuais que ele promove em cena, somadas a um elenco que mistura bailarinos de diversas técnicas, raças e tipos físicos. Com Montalvo, manifestações urbanas como a dança hip hop ganharam status nobre, passando a conviver, em igualdade de condições, com o balé clássico que também integra suas coreografias juntamente com a capoeira, absorvida recentemente.

Embora refletindo o mundo globalizado e transcultural, tal proposta se choca com a onda de populismo e exclusão de estrangeiros, que se evidenciou neste ano depois que o ultra-conservador Jean-Marie Le Pen chegou ao segundo turno das eleições presidenciais na França. Sobre a possível resistência que seu trabalho poderia enfrentar, diante dessa realidade, Montalvo esclarece que hoje sua companhia já possui reconhecimento suficiente para se manter livre de possíveis assédios moralistas.

"Mais do que nunca é preciso criar espaços que façam nascer as pequenas utopias. Por meio do meu trabalho, procuro mostrar que é possível criar um novo imaginário, feito da mestiçagem, do encontro de culturas e de sistemas de pensamentos diversos. É preciso reinventar o que vivenciamos no século 20 para chegar a uma cultura capaz de celebrar a diversidade", diz Montalvo.

Em "Babelle Heureuse", o coreógrafo procura vislumbrar um mundo novo, nascido da mestiçagem. "O espetáculo é um piscar de olhos à cidade de hoje, às capitais cosmopolitas como Paris, onde várias culturas se cruzam."

Com música tocada ao vivo pelos iranianos Saeid Shanbehzadeh e Ab Meftahboushehri, "Babelle Heureuse" também faz tributo à história da arte por meio de danças que se contrapõem a imagens virtuais do quadro "Banho Turco", de Ingres.

BABELLE HEUREUSE. Com a Companhia Montalvo-Hervieu. Quando: de hoje a sáb., às 21h. Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722; tel. 0/xx/11/5693-4000). Quanto: de R$ 45 a R$ 110. Patrocinadores: Oracle, Embraer e BNP Paribas.
 

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