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04/08/2000 - 03h36

Rap enfrenta assédio das gravadoras e ganha espaço nas rádios e TVs

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MARCELO VALLETTA, da Folha de S.Paulo

Cerca de 15 anos depois de surgir no país, o rap vai se espalhando além das periferias. Grandes gravadoras contratam e lançam grupos representativos do gênero, enquanto programas de rádio e de TV angariam espectadores, explorando uma das novas preferências dos fãs de música popular.

Em São Paulo, um programa de rádio dedicado exclusivamente ao rap tem sido um dos líderes de audiência entre 18h e 22h. Gravadoras "majors" como WEA e BMG investem em rappers recém-contratados, com alta expectativa de vendas. E o selo Cosa Nostra, dos Racionais MCs, o grupo de rap mais importante do país -que, com quatro discos lançados, vendeu cerca de 1 milhão de cópias, sem contar as piratas-, será distribuído nacionalmente pela Sony Music. O próximo disco do grupo já tem músicas prontas e sai no início de 2001.

"A indústria está reconhecendo a existência do rap. Está começando uma corrida das gravadoras atrás dos artistas", afirma João Marcello Bôscoli, presidente da Trama, que distribui quatro selos do gênero e deve lançar mais de dez CDs de rap até o final deste ano, incluindo o novo trabalho dos pioneiros Thaíde e DJ Hum.

Em pouco tempo de existência -menos de dois anos-, a Trama, pertencente ao grupo VR, recebeu investimento de cerca de R$ 12 milhões. Destes, R$ 1,5 milhão -mais de 10% do total- foi aplicado no rap, segundo Bôscoli. "Vamos mandar brasa na promoção do disco do Thaíde & DJ Hum. Se rolar, os níveis de investimento aumentam", disse.

A WEA começa a apostar no filão, lançando, neste mês, o brasiliense Jamaica e, em outubro, o quarto disco do grupo paulista Pavilhão 9. "Nosso objetivo é dobrar o número de discos que esses artistas vendiam quando eram independentes", diz Marcelo Maia, gerente de marketing do segmento nacional da WEA.

O Pavilhão 9, tradicional grupo de São Paulo, receberá investimento semelhante ao de bandas como Raimundos e O Rappa, segundo Maia. "Vamos explorar a retirada da máscara do vocalista Rho$$i, e nossa meta de vendas é de 250 mil", afirmou.

Mas o ano da virada é 2001, segundo profissionais da indústria fonográfica. "Há uma boa chance de que aconteça uma explosão do rap no ano que vem", diz Dudu Marote, produtor do novo disco do grupo Doctor MCs, que sai pela BMG ainda neste ano -é o primeiro lançamento do gênero pela gravadora. "Sinto um clima parecido ao de 1982, quando havia uma pressão popular em favor do rock, que estourou assim que surgiu o primeiro hit."

Apesar de concordar que o número de fãs de rap aumenta a cada ano, é justamente Thaíde, um dos rappers mais consagrados do Brasil, que vê o fenômeno com cautela. "A cada ano as pessoas dizem que o rap vai estourar "no ano que vem". Acho que vai haver uma fabricação de ídolos do rap sem nada a ver com o estilo", diz.

Muitos rappers bem-sucedidos ignoram a indústria para exercer maior controle sobre suas próprias carreiras. "Prefiro vender 40 mil discos de modo independente do que vender 100 mil por uma "major" e só receber 6%", afirma o rapper paulista Xis, cuja interpretação da música "A Fuga", do traficante carioca Escadinha, é a segunda mais pedida de toda a programação da rádio 105 FM.

A 105 FM é apontada pelos rappers como a única grande emissora -foi a sétima rádio mais ouvida em São Paulo em junho, à frente da Jovem Pan e da Transamérica, por exemplo- a fornecer um panorama do rap nacional.

O programa "Espaço Rap", que vai ao ar diariamente entre 18h e 22h, tem comandado a audiência no horário em São Paulo. "O rap é responsável por cerca de 40% da programação da 105", diz Nuno Mendes, um dos apresentadores.

Na TV, dão espaço constante para o rap o semanal "Yo!", da MTV, com KL Jay, DJ dos Racionais MCs, e o "Clipper", apresentado diariamente por Drica Lopes, na Gazeta. "Sempre há uma música de rap entre as cinco mais pedidas", diz Drica. "O gosto das pessoas está mudando."

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