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22/09/2002 - 18h55

"A Sete Palmos" deve ser o grande premiado da noite do Emmy

SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online

O seriado "A Sete Palmos" [Six Feet Under], da HBO, deve ser o grande premiado na entrega do Emmy, o Oscar da TV americana, em sua 54ª edição, que acontece hoje às 21h, com transmissão no Brasil pelo canal Sony.

Com 23 indicações, "A Sete Palmos", criação do roteirista do premiado "Beleza Americana", Alan Ball, vai merecer todos os prêmios que ganhar esta noite.

Com um visual caprichado e um roteiro original, o seriado dispensa as fórmulas batidas e idiotizantes de alguns sitcoms americanos e explora com inteligência e humor negro os dramas da vida e da morte, sem resvalar para chatice ou mau gosto.

Divulgação
Federico restaura cadáver; ele é o "gancho" da série para os dramas latinos na América

A estrutura dos episódios é simples: alguém sempre morre no início. Pode ser uma atriz pornô decadente ou uma criança recém-nascida.

A causa mortis também é variada: doença, assassinato [exemplo: mulher mata o marido chato com uma panelada na cabeça], por acidente [bolada de golfe na cabeça] e outros.

No momento seguinte, o elenco fixo de "A Sete Palmos" entra em cena. O defundo vai parar na casa da família Fischer, onde funciona uma funerária. Após a morte do pai, os irmãos Nate e David cuidam dos negócios. A irmã Claire ainda estuda. A mãe Ruth é dona de casa.

Ao longo dos episódios, cada personagem vai revelando seus desajustes. No fundo, sofrem o preconceito social de viverem do mórbido, de ganharem dinheiro com a morte. Na escola, Claire é chamada de Mortícia Adams. Mas na verdade são pessoas muito frágeis, sensíveis pelo contato diário com as histórias trágicas dos outros. Acabam se envolvendo nos dramas dos desconhecidos.

Divulgação
David sofre por ser gay, namorar um negro e ser diácono de uma igreja conservadora

O que torna ainda "A Sete Palmos" interessante é a abordagem, sem moralismo ou apologia, de assuntos delicados como drogas, homossexualismo, preconceito racial e sanidade mental.

David [ator Michael Hall, indicado para melhor ator de série dramática] é gay. Namora o policial negro Keith. No início, ele esconde da família e da igreja que frequenta. Atormentado pela vida dupla, "conversa" com os defundos na mesa de "maquiagem".

Seu irmão Nat [ator Peter Krause, indicado para melhor ator de série dramática] namora Brenda [atriz Rachel Griffiths, indicada para melhora triz de série dramática], cujo irmão Billy morre de ciúmes e dá sinais de ser psicótico. Já Claire fuma maconha, prefere se isolar, despreza os valores burgueses das outras colegas da escola.

Divulgação
Claire é a garota "desajustada"; despreza o "script social", fuma maconha e esconde a perna de cadáver

Já Federico trabalha na funerária como restaurador de cadáveres. É o elemento latino da história, que serve de "gancho" para o roteiro abordar o tratamento dos brancos americanos e o povo moreno de Miami e abaixo.

Ruth [atriz Frances Conroy, indicada para melhora triz de série dramática]é a viúva. No início, é vista como durona, conservadora. Ao longo dos primeiros episódios, vai redescobrindo a vida. Envolve-se sexualmente com dois homens. Vira florista. Diz ao filho que não se importa com sua homossexualidade. A casa dos Fisher volta a respirar com a primeira reviravolta dos personagens.

Divulgação
Após perder o marido, dono da funerária, Ruth "renasce", descobre o prazer e o sexo e vira florista

Paralelamente, a série vai introduzindo novas histórias, como a concorrência entre as funerárias pequenas, de gestão familiar como a dos Fisher, e as grandes corporações, onde o defundo é só um reles corpo que precisa ser enterrado logo, de preferência, no caixão mais caro ou cremado no forno.

A família Fisher tenta resistir às inovações da "indústria da morte", enquanto desenrola seus próprios dramas pessoais. Nos EUA, "A Sete Palmos" já está na segunda temporada.

Como um crítico disse ao comentar a vitória de "Beleza Americana" na noite do Oscar, chegou a hora de os EUA ganharem dinheiro embalando a miséria de sua cultura após décadas vendendo a imagem do sucesso e do glamour.

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