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24/09/2002
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04h45
Ao promover um encontro raro entre grupos da América Latina, a Bienal da Dança de Lyon deste ano revela o trabalho de resistência empreendido por bailarinos e coreógrafos para sobreviver às dificuldades típicas do continente.
Ana Maria Stickelman, renomada coreógrafa da Argentina, assegura que a produção cultural não foi interrompida pela crise econômica do país. "Com dinheiro ou sem dinheiro, companhias de teatro e de dança continuam trabalhando. Parece que as dificuldades estão estimulando a criação artística", diz Stickelman, que dirige o grupo Tangokinesis, uma das atrações da Bienal.
"Nós vamos sobreviver. Como as aranhas, que sobreviveram ao dilúvio", acrescenta a coreógrafa, sem dissimular tristeza. Como Stickelman, também a venezuelana Luz Urdaneta resiste às instabilidades de seu país à frente do Danzahoy, grupo residente do principal teatro de Caracas, o Teresa Carreño.
Junto com a irmã, Adriana Urdaneta, e o francês Jacques Broquet, que se considera um latino-americano e também participa da direção do Danzahoy, ela não abandona a perspectiva de realizar projetos ousados, como a formação de uma escola capaz de congregar criadores de toda a América Latina. "O problema é que estamos vivendo sob a personalidade ególatra do presidente Hugo Chávez, que acha a cultura elitista e não permite fazer nada sem a sua autorização."
Luz Urdaneta ironiza, afirmando que neste ano o Danzahoy está vivendo de pagamentos virtuais.
"Ainda não recebemos um bolívar do governo."
A saída para bailarinos e coreógrafos, segundo ela, tem sido trabalhar em publicidade.
Na Colômbia, em meio a dificuldades ainda maiores, o coreógrafo Álvaro Restrepo renunciou à carreira na Europa, onde viveu e conquistou reconhecimento, para dirigir na cidade de Cartagena o grupo El Colegio del Cuerpo, cuja maior missão é proporcionar perspectivas para crianças e adolescentes da população pobre. "Num país em guerra, creio que estamos plantando uma proposta de paz e ética do corpo", afirma Restrepo.
Companhias latinas lutam para sobreviver à crise
da Folha de S.Paulo, em LyonAo promover um encontro raro entre grupos da América Latina, a Bienal da Dança de Lyon deste ano revela o trabalho de resistência empreendido por bailarinos e coreógrafos para sobreviver às dificuldades típicas do continente.
Ana Maria Stickelman, renomada coreógrafa da Argentina, assegura que a produção cultural não foi interrompida pela crise econômica do país. "Com dinheiro ou sem dinheiro, companhias de teatro e de dança continuam trabalhando. Parece que as dificuldades estão estimulando a criação artística", diz Stickelman, que dirige o grupo Tangokinesis, uma das atrações da Bienal.
"Nós vamos sobreviver. Como as aranhas, que sobreviveram ao dilúvio", acrescenta a coreógrafa, sem dissimular tristeza. Como Stickelman, também a venezuelana Luz Urdaneta resiste às instabilidades de seu país à frente do Danzahoy, grupo residente do principal teatro de Caracas, o Teresa Carreño.
Junto com a irmã, Adriana Urdaneta, e o francês Jacques Broquet, que se considera um latino-americano e também participa da direção do Danzahoy, ela não abandona a perspectiva de realizar projetos ousados, como a formação de uma escola capaz de congregar criadores de toda a América Latina. "O problema é que estamos vivendo sob a personalidade ególatra do presidente Hugo Chávez, que acha a cultura elitista e não permite fazer nada sem a sua autorização."
Luz Urdaneta ironiza, afirmando que neste ano o Danzahoy está vivendo de pagamentos virtuais.
"Ainda não recebemos um bolívar do governo."
A saída para bailarinos e coreógrafos, segundo ela, tem sido trabalhar em publicidade.
Na Colômbia, em meio a dificuldades ainda maiores, o coreógrafo Álvaro Restrepo renunciou à carreira na Europa, onde viveu e conquistou reconhecimento, para dirigir na cidade de Cartagena o grupo El Colegio del Cuerpo, cuja maior missão é proporcionar perspectivas para crianças e adolescentes da população pobre. "Num país em guerra, creio que estamos plantando uma proposta de paz e ética do corpo", afirma Restrepo.
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