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27/09/2002 - 02h57

"A Festa Nunca Termina" conta histórias da cena musical de Manchester

THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

Entre fatos e mitos, a história de "A Festa Nunca Termina" (ou "24 Hour Party People") ficou com os mitos. Ainda bem, segundo aquele que é o fio condutor do filme, Anthony "Tony" Wilson, 52.

O diretor inglês Michael Winterbottom ("Bem-vindo a Sarajevo") escolheu para este "A Festa Nunca Termina" _que estréia hoje no Festival do Rio BR_ um dos temas mais universais do pop: a cena musical de Manchester entre 76 e 92 _entre o primeiro show dos Sex Pistols na cidade, testemunhado por 42 pessoas, e a morte da acid house, o gênero que aproximou o psicodelismo rock com a house music.

Universal? Não fosse por Joy Division, New Order, Happy Mondays e pela revolução implementada involuntariamente pelo superclube Haçienda, Moby não teria vendido as faixas de "Play" para anúncios publicitários; ou iria demorar pelo menos mais uns dez anos para uma cidade como São Paulo receber um festival eletrônico de porte mundial.

Tony Wilson parou no meio disso tudo, como protagonista do filme, porque esteve envolvido diretamente: apresentava um programa de TV, estava no histórico show dos Pistols, fundou a gravadora Factory, "descobriu" Joy Division/New Order/Happy Mondays e criou o Haçienda.

Extremamente falante e orgulhoso de seu papel, Tony Wilson se mostra entusiasta de "A Festa". "O filme é maravilhoso e esperto, mas há coisas que eu acho que não deveriam estar ali. E não é verdadeiro. É uma completa coleção de mentiras", disse à Folha. Por quê? "Porque entre a verdade e o mito, fique com o mito. O irônico é que esse monte de mentiras acabou contando a verdade."

Wilson é defensor ferrenho das bandas retratadas no filme e da influência exercida por elas: "Joy Division foi quem deu complexidade ao punk, New Order mudou tudo com "Blue Monday", e os Happy Mondays foram os Sex Pistols de sua época, representavam a classe trabalhadora no poder". (O Joy Division acabou com o suicídio de seu líder, Ian Curtis, em 80; o New Order está por aí, e os Happy Mondays já se foram.)
Sobre o Haçienda (1982-1997): "Naquela época, os garotos queriam sair para dançar, mas não tinham onde. Os clubes só tocavam música comercial, ruim. De repente, aparecemos com aquela house music esquisita [acid]".

Um episódio resume o clima do finado selo Factory e do filme. No começo dos 90, foi achado um pedaço de papel que literalmente salvou o New Order da falência com direitos autorais. Era um "contrato" com a gravadora que dizia: "Nós não somos donos de nada; a banda detém tudo".

A FESTA NUNCA TERMINA. 24 Hour Party People. Produção: Inglaterra, 2002. De: Michael Winterbottom. Com: Steve Coogan, Paddy Considine. Onde: no Festival do Rio BR, hoje, domingo e quarta (www.festivaldoriobr.com.br). Quanto: R$ 10.
 

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