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01/10/2002 - 11h36

Christine Röhrig lança seu "teatro de bolsa" com dois monólogos

VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo

Atuando há anos como editora e tradutora de Bertolt Brecht, Heiner Müller, Johann Wolfgang Goethe e Georg Büchner, para citar alguns dramaturgos da língua alemã, era natural que Christine Röhrig se inclinasse para o ofício.

Dois monólogos curtos que estréiam hoje em São Paulo, dentro da programação do projeto "Marlene Dietrich, Leni Riefenstahl: Duas Estrelas Alemãs", na sala Cinemateca, sinalizam os primeiros passos de Christine na criação de textos para teatro.

De tom intimista (solidão, falta de amor próprio), "Marlene e o Sapo" e "Via de Regra" são duas performances encaixadas no que a autora define como "teatro de bolsa", com franca inclinação para a abordagem do universo feminino, mas esquivo à pecha feminista. Seu "teatro de bolsa" é concebido para refletir a auto-suficiência da pequena sacola que a mulher carrega nos ombros e na qual, tal coração de mãe, cabe tudo. "Leva a vida e o futuro. Quanto maior a bolsa da mulher, mais longe ela alcança", diz Röhrig.

O "teatro de bolsa" é alternativo também à falta de recursos. Além dos adereços e objetos cênicos caberem dentro de uma bolsa, o monólogo deve ser apresentado aonde puder, "até num metro quadrado", diz a autora.

Em "Marlene e o Sapo", uma atriz (Cristina Bonna) está em crise de auto-estima porque perdeu a aura de diva. "Ela sempre representou uma estrela, no caso, Marlene Dietrich, e a decadência a coloca em conflito, a questão da representante e da representada diante do público que começa a cair", afirma Röhrig, 43.

O ciclo menstrual, um dos tabus do corpo da mulher ao longo da história da humanidade, ganha relevo em "Via de Regra". A personagem interpretada por Rachel Brumara viaja em um ônibus com destino a Aparecida quando menstrua e lida com situações cômicas, em sua maioria, que a levam a refletir sobre si. "É uma mulher mais recatada que menstrua, como todas as outras."

"Marlene e o Sapo" já estava escrita quando o diretor Maurício Paroni de Castro convenceu Christine a escrever o outro monólogo, "Via de Regra", e apresentá-los no mesmo projeto ao Instituto Goethe. "A Lena e a Marlene foram mulheres, foram cineastas e menstruaram", brinca Röhrig, sobre as interseções entre as duas personalidades.

Paroni de Castro dirige "Marlene e o Sapo", enquanto o italiano Alvise Camozzi, com quem trabalhou em Milão, assina "Via de Regra". As duas performances duram em média 20 minutos e serão apresentadas nos intervalos dos filmes programados para a sala Cinemateca, até domingo. O projeto configura o surgimento da cia. Os Suspeitos.

MARLENE E O SAPO / VIA DE REGRA
De: Christine Röhrig
Direção: Maurício Paroni de Castro
Onde: Sala Cinemateca (lgo. Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, te. 5084-2318)
Quando: hoje e amanhã, às 20h20; sex., às 20h30; sáb., às 19h; dom., às 20h15
Quanto: entrada franca
Patrocinadores: Instituto Goethe, Cinemateca Brasileira e Associação Cultural Babushka
 

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