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10/10/2002 - 03h30

Festival do Rio BR confirma atual boa safra de documentários

PEDRO BUTCHER
Crítico da Folha de S.Paulo

Sobe o documentário, desce o cinema independente americano. A produção oriental perde fôlego, a latino-americana dá sinais de vida. Filmes políticos e sobre grandes tragédias tomam o espaço de exercícios de gênero (comédias, policiais etc.). Basicamente, é essa a situação do cinema no mundo, segundo o panorama oferecido pelo Festival do Rio BR, que termina hoje.

Depois de um princípio tumultuado, com filas e irritação, o festival se aprumou. Em 14 dias, refletiu tendências mundiais, exibiu os dois melhores filmes de 2002 ("Fale com Ela", de Pedro Almodóvar, e "Tiros em Columbine", de Michael Moore) e promoveu sessões antológicas, como as que contaram com as presenças de Costa-Gavras ("Amen") e Roman Polanski ("O Pianista").

As baixas, se comparadas com outros anos, foram poucas, mas fizeram falta. Os anunciados "O Filho", de Luc e Jean-Pierre Dardenne, "Intervenção Divina", de Elia Suleiman, e "Dez", de Abbas Kiarostami, três destaques de Cannes, não chegaram.

Os documentários roubaram a cena. Dois deles em especial, com suas reflexões agudas sobre violência. "Tiros em Columbine" mostrou por que foi o primeiro do gênero aceito na competição de Cannes em quase 50 anos: é o filme americano mais importante do ano e a primeira visão contundente -pós-11 de setembro- sobre a cultura bélica dos EUA.

Na Première Brasil, "Ônibus 174", de José Padilha, se tornou um inesperado filme-evento. Houve um momento em que só se falava nisso. Padilha faz uma contundente investigação em torno do sequestro que, em junho de 2000, mobilizou o Rio e o país. Seu maior mérito está em contar uma história que a TV não contou: quem era o sequestrador. Para além dos fatos, o documentário revela muito da "vontade de extermínio" que assola o Brasil.

Outros documentários confirmaram a boa saúde do gênero: um Eduardo Coutinho em seu ápice ("Edifício Master"), o cômico retrato das origens de Andy Warhol ("Warhol Total") e o sensacional "Dogtown e Z-Boys", um trabalho de arqueologia urbana sobre a trajetória do grupo de amigos que revolucionou o skate nos EUA.

Enquanto o cinema independente americano apresentou dois desastres completos ("Full Frontal", de Steven Soderbergh, e "Meu Primeiro Homem", de Christine Lahti, inacreditável filme de abertura de Sundance), bons ventos sopraram da América Latina. Principalmente da Argentina, que trouxe "Bonaerense", de Pablo Trapero, "Um Urso Vermelho", de Adrian Caetano, e "O Filho da Noiva", de Juan José Campanella. Ainda é cedo, porém, para falar de uma "buena onda", principalmente agora que a crise econômica pode ter adiado o futuro dessa geração.

Por fim, uma revelação do Foco Alemanha, que apresentou dois ótimos filmes de Christian Petzold. Assistir a "Homem Morto" (2001) e "O Estado em que me Encontro" (2000) deu ao festival aquele sabor especial da descoberta, a sensação de que havia, ali, um talento emergente, ainda com muito a dizer. A ser confirmado, ou não, nos próximos festivais.

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