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05/08/2000
-
04h19
CELSO FIORAVANTE, da Folha de S.Paulo
Em um forno, doces e biscoitos. No outro, bonecas de barro. Para as mulheres do vale do Jequitinhonha (Minas Gerais), a produção artística é isso: uma atitude que se mistura, interage e se confunde com os mais prosaicos atos do cotidiano.
Algumas dessas artesãs estarão em São Paulo a partir de amanhã, quando o Sesc Belenzinho inaugura o evento Mestres-Artesãos, uma série de oficinas com 47 artesãos de vários Estados do Brasil. Vem gente da Bahia, Minas Gerais, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Ceará e Sergipe (leia quadro nesta página). Todos são provenientes de comunidades onde a Comunidade Solidária desenvolve programas de geração de renda a partir de atividades típicas de cada região.
Durante sete dias, eles estarão instalados em um galpão de 400 m2 totalmente aparelhado para a confecção de seus objetos de arte popular, produzidos em diversos materiais, como barro, madeira, objetos reciclados e caule e folhas de buriti. Essa palmeira se tornou uma espécie de símbolo do projeto, pois dela se aproveita tudo: o caule, os braços das palmas, as folhas (verdes ou secas), a polpa e a noz de seus frutos.
Os 47 artesãos serão acompanhados por outros quatro artesãos-urbanos: o tecelão Renato Imbroisi, a ceramista Megumi Yuasa, o marceneiro Hugo Scigliano e Lavy Cardoso, um especialista em pigmentos naturais.
"As oficinas vão se pautar em um processo de disseminação da cultura por meio de discussões com esses artistas-artesãos. Eles transmitirão os conhecimentos adquiridos aqui em suas comunidades e locais de origem.
Esperamos que esse conhecimento seja transmitido para outros, que cresça e se reproduza espontaneamente, assim como o buriti que se reproduz com as sementes que caem nos rios", disse Rubens Matuck, que coordena as oficinas com Rosely Nakagawa.
"Os 47 artesãos discutirão a relação com o meio ambiente, como transmitem esses conhecimentos para as novas gerações, como assimilam novas informações", complementou Matuck.
A produção de arte popular sempre esteve relacionada a termos como folclore e artesanato, mas atualmente essas palavras são execradas, pois representam pontos de vista da alta cultura, usadas para diferenciar produções artísticas urbanas daquelas populares.
Parafraseando o título de uma série de trabalhos de Cildo Meireles, a arte popular pode ser vista como uma "inserção em circuitos ideológicos", pois trata-se de uma manifestação política de resistência cultural e de luta por igualdade social. O regime militar percebeu isso e, em 1964, extinguiu o Museu de Arte Popular da Bahia, criado por Lina Bo Bardi, e cancelou a exposição "Nordeste do Brasil", que deveria ser inaugurada em Roma em 1965.
As oficinas Mestres-Artesãos fazem parte de um projeto maior, que se desenrolará no mês que vem com uma exposição de arte popular produzida nas regiões contempladas a partir do dia 21 de setembro. No mesmo dia, estreará o novo espetáculo do coreógrafo Ivaldo Bertazzo (leia texto nesta página) e será lançado um vídeo e um livro sobre o projeto, com fotografias de Eder Chiodetto, editor-adjunto de Fotografia da Folha, e textos de Alvaro Machado, colaborador do jornal.
Evento: oficinas Mestres-Artesãos
Onde: Sesc Belenzinho (av. Álvaro Ramos, 991, região sudeste de São Paulo, tel. 0/xx/11/6096-8143)
Quando: de amanhã ao dia 12 Quanto: o evento não é aberto ao público
Patrocínio: Petrobras e Sesc
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Arte popular conquista a cidade grande
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Em um forno, doces e biscoitos. No outro, bonecas de barro. Para as mulheres do vale do Jequitinhonha (Minas Gerais), a produção artística é isso: uma atitude que se mistura, interage e se confunde com os mais prosaicos atos do cotidiano.
Algumas dessas artesãs estarão em São Paulo a partir de amanhã, quando o Sesc Belenzinho inaugura o evento Mestres-Artesãos, uma série de oficinas com 47 artesãos de vários Estados do Brasil. Vem gente da Bahia, Minas Gerais, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Ceará e Sergipe (leia quadro nesta página). Todos são provenientes de comunidades onde a Comunidade Solidária desenvolve programas de geração de renda a partir de atividades típicas de cada região.
Durante sete dias, eles estarão instalados em um galpão de 400 m2 totalmente aparelhado para a confecção de seus objetos de arte popular, produzidos em diversos materiais, como barro, madeira, objetos reciclados e caule e folhas de buriti. Essa palmeira se tornou uma espécie de símbolo do projeto, pois dela se aproveita tudo: o caule, os braços das palmas, as folhas (verdes ou secas), a polpa e a noz de seus frutos.
Os 47 artesãos serão acompanhados por outros quatro artesãos-urbanos: o tecelão Renato Imbroisi, a ceramista Megumi Yuasa, o marceneiro Hugo Scigliano e Lavy Cardoso, um especialista em pigmentos naturais.
"As oficinas vão se pautar em um processo de disseminação da cultura por meio de discussões com esses artistas-artesãos. Eles transmitirão os conhecimentos adquiridos aqui em suas comunidades e locais de origem.
Esperamos que esse conhecimento seja transmitido para outros, que cresça e se reproduza espontaneamente, assim como o buriti que se reproduz com as sementes que caem nos rios", disse Rubens Matuck, que coordena as oficinas com Rosely Nakagawa.
"Os 47 artesãos discutirão a relação com o meio ambiente, como transmitem esses conhecimentos para as novas gerações, como assimilam novas informações", complementou Matuck.
A produção de arte popular sempre esteve relacionada a termos como folclore e artesanato, mas atualmente essas palavras são execradas, pois representam pontos de vista da alta cultura, usadas para diferenciar produções artísticas urbanas daquelas populares.
Parafraseando o título de uma série de trabalhos de Cildo Meireles, a arte popular pode ser vista como uma "inserção em circuitos ideológicos", pois trata-se de uma manifestação política de resistência cultural e de luta por igualdade social. O regime militar percebeu isso e, em 1964, extinguiu o Museu de Arte Popular da Bahia, criado por Lina Bo Bardi, e cancelou a exposição "Nordeste do Brasil", que deveria ser inaugurada em Roma em 1965.
As oficinas Mestres-Artesãos fazem parte de um projeto maior, que se desenrolará no mês que vem com uma exposição de arte popular produzida nas regiões contempladas a partir do dia 21 de setembro. No mesmo dia, estreará o novo espetáculo do coreógrafo Ivaldo Bertazzo (leia texto nesta página) e será lançado um vídeo e um livro sobre o projeto, com fotografias de Eder Chiodetto, editor-adjunto de Fotografia da Folha, e textos de Alvaro Machado, colaborador do jornal.
Evento: oficinas Mestres-Artesãos
Onde: Sesc Belenzinho (av. Álvaro Ramos, 991, região sudeste de São Paulo, tel. 0/xx/11/6096-8143)
Quando: de amanhã ao dia 12 Quanto: o evento não é aberto ao público
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