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19/10/2002 - 03h23

Autor holandês é sucesso na 54ª Feira de Livros de Frankfurt

da Folha de S.Paulo

Mal dava dez passos por um dos corredores da Feira de Livros de Frankfurt e já aparecia um leitor, com alguma de suas obras, pedindo autógrafo. Não era Paulo Coelho, Danielle Steel ou Sidney Sheldon. Um dos grandes sucessos do megaevento editorial alemão se chama Cees Nooteboom.

Por trás desse nome cheio de vogais, pouco consoantes no Brasil, não está nenhum best-seller, mas um dos escritores mais prestigiados (e também versáteis) atuantes na Europa.

Aos 69 anos, o poeta, ensaísta e romancista holandês visitou a 54ª edição da Feira de Frankfurt, que terminou na segunda-feira, para lançar um volume de crônicas. "A Ilha, o País", meditações sobre a ilhota espanhola Menorca, onde vive parte do ano, era atração no estande da Suhrkamp, tida como a melhor editora alemã.

Foi lá que o autor de mais de 20 livros recebeu a Folha para conversar, um dia após o anúncio do Nobel de Literatura. Sempre cotado para ganhar o prêmio da Academia Sueca, ele diz que "escritores não deveriam nem pensar nisso. Deveriam simplesmente ganhar o Nobel".

Pouco conhecido no Brasil, apesar dos quatro títulos lançados aqui ("Caminho para Santiago", "História Seguinte" e "Rituais", pela Nova Fronteira, e "Dia de Finados", pela Companhia das Letras), ele disse à Folha: "Ah, um jornal brasileiro? Ótimo, adoraria contar um pouco sobre mim para os brasileiros". Leia a seguir trechos do "cartão de visitas" de Cees Nooteboom. (CASSIANO ELEK MACHADO)

Folha - O sr. escreve romances, poemas, ensaios. O que há em comum no seu modo de trabalhar gêneros tão diferentes?
Cees Nooteboom -
Eu me considero dividido em três partes. Em ficção não sou, claro, um realista clássico. Sou só um ilusionista. Escrevo fantasias, mentiras, brincadeiras. Em segundo lugar, sou um cronista de viagens. Já andei por todas as partes do globo, inclusive pelo Brasil, nos anos 80. Por fim há a poesia, que é como comecei, em 1955.

Folha - O sr. é sempre chamado de "o Italo Calvino da Holanda". O que o sr. pensa da comparação com o autor italiano?
Nooteboom -
Prefiro ser o Cees Nooteboom da Itália que um Italo Calvino da Holanda. Admiro Calvino, sem dúvida, mas a mania de comparar autores para explicar o que é um escritor não me cai bem. Uma vez me apresentaram um senhor da Islândia e disseram: "Este é o Cees Nooteboom da Islândia". Foi a única vez que uma comparação me pareceu boa.

Folha - Todos os anos o nome do sr. é lembrado para o Nobel. Como o sr. se relaciona com a possibilidade de ganhar o prêmio?
Nooteboom -
Escritores não deveriam nem pensar nisso. Deveriam simplesmente ganhar o Nobel. Não dá para dizer que não se deve nem ligar para o prêmio, mas, se você fica pensando nisso todos os anos, enlouquece. Ontem eu administrei bem em conseguir não pensar no Nobel. E fiz bem. Imre Kertész é um grande escritor e merecia o prêmio.

Folha - Qual livro os brasileiros devem conhecer de sua obra?
Nooteboom -
Além de títulos como "Rituais", lançado no Brasil, recomendaria "Nas Montanhas Holandesas", que mostra meu lado ilusionista. Todos sabem: não há montanhas na Holanda.
 

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