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05/08/2000 - 04h47

Ney Latorraca reincorpora os clássicos

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VALMIR SANTOS, da Folha de S.Paulo

Os quase 12 anos de "O Mistério de Irma Vap" (1986-1998), fenômeno de bilheteria (2,5 milhões de espectadores) em dobradinha com Marco Nanini, fizeram muito bem a Ney Latorraca, 56. Mas também fizeram mal.

Correspondem ao período em que, nos seus 36 anos de carreira, ele se distanciou dos grandes dramaturgos, como William Shakespeare, Federico García Lorca e Jean Genet.

Em "3 x Teatro", que vem de uma temporada no Rio e estréia hoje para o público de São Paulo, no teatro Alfa, ele encena Tchecov, Pirandello e Cocteau, como a recuperar o fôlego perdido.

"Hoje tenho mais humildade para deixar os personagens aparecerem. Já passei da fase de olhar para o próprio umbigo, o ego está mais bem alimentado", diz. "Não aguento esse poder das grandes estrelas. Lugar de monstros sagrados é no parque de diversão."

O Latorraca que lava a alma ao telefone tem muito a ver com o protagonista de "Fumar Faz Mal à Saúde", do russo Anton Tchecov (1860-1904), mais conhecida como "Os Malefícios do Tabaco".

Ivanovich Nyukhin é um administrador de empresas que passa a limpo sua relação com a família. "Ele se abre, expõe suas mazelas, suas angústias", diz Latorraca. O personagem só reclama, principalmente da mulher, mas não age. "Pode ser um medíocre, mas é um medíocre genial."

Em "O Homem com a Flor na Boca", do italiano Luigi Pirandello (1867-1936), o ator é um homem que, após um diagnóstico de câncer, passa a dar mais atenção às pequenas coisas.

"Ele fala de uma forma forte e delicada sobre a morte, sempre um tema tabu", afirma o ator santista. Para encerrar, Latorraca apresenta "O Mentiroso", monólogo curto do francês Jean Cocteau (1880-1963).

"Cocteau faz um jogo de palavras sobre os vários sentidos do que podem significar verdade e mentira quando elas se encontram ou se separam", diz.

"3 x Teatro" não dissimula na transição dos três monólogos. Latorraca fica o tempo todo no palco. Em sua primeira direção, Edi Botelho concentra tudo no trabalho de ator (no cenário, apenas duas mesas e duas cadeiras).

O diretor contracenou com Latorraca nas suas montagens mais recentes, como "Quartett", de Heiner Müller, em 96, e "O Martelo" (99), de Renato Modesto.

Foi Botelho quem convenceu Latorraca a interpretar seu primeiro monólogo. "É bom quando se trata de um diretor que o conhece como ator no palco", afirma. No momento, ele também está "em cartaz" na televisão: é o Cornélio da novela "O Cravo e a Rosa", da TV Globo.

Peça: 3 x Teatro
Texto: Anton Tchecov, Luigi Pirandello e Jean Cocteau
Direção: Edi Botelho
Com: Ney Latorraca
Quando: sex. e sáb., às 21h; dom., às 19h. Até 24/9
Onde: teatro Alfa - sala B (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, SP, tel. 0/xx/11/5693-4000)
Quanto: R$ 25 e R$ 30 (sáb.)

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