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05/08/2000
-
04h55
FABIO CYPRIANO, da Folha de S.Paulo
O teatro é espaço mágico, onde tudo é possível. Ele é representação, portanto não é realidade, e a Cia. do Latão sabe disso muito bem. Em "A Comédia do Trabalho", irmãos gêmeos univitelinos são completamente diferentes, homens interpretam mulheres e muito mais.
A companhia usa e abusa de ironias e brincadeiras com os elementos teatrais. Nada de novo. Afinal, sabe-se que a fonte é Brecht. Mas, na encenação de Sérgio de Carvalho e Márcio Marciano, há frescor, essencial para o sucesso de um espetáculo.
A história gira em torno do desempregado Núlio (Ney Piacentini), que deseja se atirar do alto do edifício da empresa onde trabalhava, dirigida pelos gêmeos Créo e Leo (o mesmo Piacentini e Heitor Goldflus).
Há uma intelectual estrangeira, Liu Liu (Maria Tendlau), que acaba se envolvendo no drama.
Dessa forma, instaura-se o conflito capital x trabalho. Um tema bastante retratado no teatro brasileiro (vide Guarnieri). A singularidade está em elementos como o desempregado no centro da cena e a presença míope do intelectual na cultura.
Há um certo maniqueísmo no tratamento desses temas: os patrões, que apenas se preocupam em explorar cada vez mais, e os intelectuais envolvidos em seu próprio mundo, sem conseguir ver a realidade. Os dois se encontram em festas e coquetéis. Tudo bem que no Brasil exemplos desse tipo não faltem e estejam bastante visíveis por aí, mas às vezes essas imagens parecem um pouco ingênuas ou didáticas demais.
A compensação acontece com a encenação e as ótimas atuações. Todos têm grandes momentos, especialmente Piacentini. Ele fala de si próprio no intervalo de maneira hilária, mas que retrata bem a penúria dos atores, atualmente.
O espetáculo é repleto de canções -à Brecht, mais uma vez. Elas ajudam no clima anos 60 que a peça transmite, de teatro de estudantes, de novas utopias. Estava precisando.
A Comédia do Trabalho
Texto: Companhia do Latão
Direção: Sérgio de Carvalho e Márcio Marciano
Com: Maria Tendlau, Heitor Goldflus, Ney Piacentini e outros Quando: de qui. a sáb., às 21h; dom., às 19h. Até 1º/10
Onde: teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 0/xx/11/256-2281)
Quanto: R$ 15
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Crítica: Utopias retornam com Latão
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O teatro é espaço mágico, onde tudo é possível. Ele é representação, portanto não é realidade, e a Cia. do Latão sabe disso muito bem. Em "A Comédia do Trabalho", irmãos gêmeos univitelinos são completamente diferentes, homens interpretam mulheres e muito mais.
A companhia usa e abusa de ironias e brincadeiras com os elementos teatrais. Nada de novo. Afinal, sabe-se que a fonte é Brecht. Mas, na encenação de Sérgio de Carvalho e Márcio Marciano, há frescor, essencial para o sucesso de um espetáculo.
A história gira em torno do desempregado Núlio (Ney Piacentini), que deseja se atirar do alto do edifício da empresa onde trabalhava, dirigida pelos gêmeos Créo e Leo (o mesmo Piacentini e Heitor Goldflus).
Há uma intelectual estrangeira, Liu Liu (Maria Tendlau), que acaba se envolvendo no drama.
Dessa forma, instaura-se o conflito capital x trabalho. Um tema bastante retratado no teatro brasileiro (vide Guarnieri). A singularidade está em elementos como o desempregado no centro da cena e a presença míope do intelectual na cultura.
Há um certo maniqueísmo no tratamento desses temas: os patrões, que apenas se preocupam em explorar cada vez mais, e os intelectuais envolvidos em seu próprio mundo, sem conseguir ver a realidade. Os dois se encontram em festas e coquetéis. Tudo bem que no Brasil exemplos desse tipo não faltem e estejam bastante visíveis por aí, mas às vezes essas imagens parecem um pouco ingênuas ou didáticas demais.
A compensação acontece com a encenação e as ótimas atuações. Todos têm grandes momentos, especialmente Piacentini. Ele fala de si próprio no intervalo de maneira hilária, mas que retrata bem a penúria dos atores, atualmente.
O espetáculo é repleto de canções -à Brecht, mais uma vez. Elas ajudam no clima anos 60 que a peça transmite, de teatro de estudantes, de novas utopias. Estava precisando.
A Comédia do Trabalho
Texto: Companhia do Latão
Direção: Sérgio de Carvalho e Márcio Marciano
Com: Maria Tendlau, Heitor Goldflus, Ney Piacentini e outros Quando: de qui. a sáb., às 21h; dom., às 19h. Até 1º/10
Onde: teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 0/xx/11/256-2281)
Quanto: R$ 15
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