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27/10/2002 - 14h24

Racionais levam 10 mil a show morno que dará origem a DVD

De ISRAEL DO VALE
da Folha de S.Paulo

Cerca de dez mil pessoas atravessaram a madrugada de sábado
para domingo no galpão Casaluce, no Brás, para conferir a
aguardada volta dos Racionais MCs aos palcos.

Marcado por uma produção incomum para os padrões do rap
nacional, com cenografia que reproduzia uma vila de favela, o
show dará origem ao DVD de "Nada Como um Dia Após o Outro
Dia", disco mais recente do grupo, lançado na primeira
quinzena de julho.

Já eram 3h30 da manhã quando os Racionais subiram ao palco,
depois de oito outras atrações _entre elas, nomes de peso do
rap paulista como RZO e Sabotage. O repertório do show, como
a Folha adiantou em sua edição da última sexta-feira, centrou-
se exclusivamente nas músicas do novo disco, descartando
clássicos do grupo como "O Homem na Estrada" e "Fim de Semana
no Parque", que deram visibilidade ao grupo.

A falta de hits e a preocupação com o roteiro do DVD não
ajudaram a show a decolar. Isso somado ao cansaço pelo
acúmulo de horas em que as pessoas estavam em pé, se refletiu
numa receptividade apenas morna da platéia em parte do show
_ao contrário do que se insinou na abertura, quando o público
recebeu o grupo aos urros, com socos no ar. Os momentos de
pico se deram com "Negro Drama" e, principalmente, "Vida Loka
1".

Filas de meio quilômetro
A infra-estrutura para receber "os manos" foi insuficiente.
Por precaução, a organização optou por não vender bebida
alcoólica no galpão. Os estandes de alimentação subestimaram
o volume de público e, antes mesmo de iniciar-se o show
principal, eram raros os que tinham algo para vender.

Às três da manhã, apenas uma barraca de cigarros e outra de cachorro
quente funcionavam _esta última, já sem pão para o sanduíche,
liquidava o estoque vendendo duas salsichas por R$ 1,00.

A maratona transcorreu sem incidentes graves e só terminou
com o dia claro. O único momento tenso se deu por volta de
meia-noite, quando as filas para entrar chegavam a alcançar
500 metros e houve um princípio de tumulto, contornado com
ajuda da Polícia Militar.

Aproveitando a preocupação dos seguranças com o funil de
entrada, algumas pessoas conseguiram levantar parte de uma
das portas de aço do galpão sem ser notadas e um grande
número de "manos" entrou sem pagar. A falta de sinalização
não permitiu que as pessoas soubessem que havia uma segunda
fila, embora ela desembocasse na mesma entrada.

A entrada vip, localizada na rua de trás à da oficial, também
deu trabalho aos 200 seguranças contratados pela organização.
A cada vez que um convidado de carro chegava e a porta era
levantada para que o veículo fosse estacionado, uma nova leva
de pessoas tentava se infiltrar.

Foi assim na chegada do roqueiro Supla, por exemplo _que
aproveitou a ida ao show para entregar a Mano Brown, no
camarim, um exemplar do livro "Renda Mínima", carta de
intenções de ação social de seu pai, o senador petista
Eduardo Suplicy. O presente foi enviado pelo senador, que já
recitou uma música do grupo no Congresso.

A proximidade dos Racionais com o PT, que em eleições
anteriores os levou ao palco de inúmeros showmícios, desta
vez não rendeu menções às eleições. Não havia faixas ou
cartazes de qualquer dos candidatos que disputam o segundo
turno hoje.

Mano Brown não se manifestou em nenhum momento
sobre política. Num dos poucos momentos em que saiu do
roteiro para se dirigir à platéia, queixou-se da passividade
dos jovens de hoje e recriminou o consumo de maconha.
 

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