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29/10/2002 - 03h14

Aleksandr Sokúrov critica o cinema e os cineastas

NEUSA BARBOSA
free-lance para a Folha

Convidado de honra e homenageado com retrospectiva na 26ª Mostra BR de Cinema, o cineasta russo Aleksandr Sokúrov manifestou ontem uma surpreendente decepção com sua própria arte. "Nunca considerei o cinema uma grande arte, e sim a música, a literatura, as artes plásticas. Meus mestres estão nos museus e nas galerias", disse, em entrevista coletiva, em São Paulo.

"Se Deus um dia decidir investigar por que as pessoas hoje estão cada vez piores, serão os cineastas os primeiros a ter que prestar contas", prosseguiu, recusando, porém, qualquer hipótese de abandonar o cinema. Seu desencanto, disse, vem do que identifica como "falta de espaço artístico" ao redor do cinema.

Demonstrando preocupação ética em relação à atitude do cineasta diante de seus espectadores, Sokúrov destacou conhecer bem o preço que o público paga para ver os filmes -e que isso não se referia ao dinheiro e sim ao "tempo que os espectadores gastam numa sessão e que nunca voltará às suas vidas".

Lamentou o que chamou de "ato de violência" que o cineasta exerce sobre os espectadores. "Eles quase não têm escolhas. Imponho a eles meus personagens, meus atores, música, e os manipulo pela montagem. E eles, por alguma razão, têm que permanecer na sala. Não é justo."

Ao optar pelo plano-sequência único de seu filme mais recente, "Arca Russa", o diretor entende que, de alguma forma, aliviou essa manipulação inerente ao trabalho. Ao colocar o público diante de um filme como esse, sem cortes, ele considera que os espectadores poderão sentir mais o fluxo do tempo e colocar-se na pele dos visitantes do Museu Hermitage, em São Petersburgo, o local das filmagens.

Leia mais sobre a 26ª Mostra BR de Cinema
 

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